Gosto de como Shedd coloca ao afirmar que a queda do homem é considerada como um acontecimento real da história, e Gênesis 2 e 3 testificam a respeito do significado desse trágico momento. A árvore do conhecimento era a cultura que o homem podia adquirir por si mesmo, sem fé em Deus. Embora Adão e Eva sejam, na verdade, nossos ancestrais (é-nos informada, em 5:5, a idade de Adão quando morreu), a descrição deles é colorida pelo conhecimento do escritor da maneira como os homens e as mulheres agiam em sua época.
Os olhos dos dois se abriram; isso foi exatamente o que a serpente havia prometido, e ao mesmo tempo não foi. A promessa era que ambos passariam a conhecer o “bem e o mal”, e, de certa forma, isso ocorreu. Contudo, quando seus olhos inocentes foram abertos, houve uma transformação na maneira como enxergavam o mundo.
Eles passaram a não perceber as coisas por meio das lentes de um relacionamento fiel com o Deus que amavam, e em cujas instruções confiavam. Agora, enxergariam “por meio da lente de seus próprios olhos” (Fretheim, 1994, p. 361). Veja outra colocação aqui:
Esse novo “conhecimento do bem e do mal” é descrito pelo autor na frase: eles perceberam que estavam nus.
Usaram folhas de figueira porque elas eram provavelmente maiores e ainda assim maleáveis. Essa espécie de avental de folhas pode até ter coberto seus corpos, confortavelmente, mas o esplendor e a beleza desinibidos de outrora haviam desaparecido.
Um fato prático e teológico nessa história nos faz pensar que, em um curto período, eles precisariam confeccionar novas vestimentas de folhas; ou seja, a “solução” para o problema nunca poderia ser permanente. Outra reflexão teológica igualmente importante é saber que a “solução” que encontravam provinha de suas próprias mentes.
A narrativa subsequente se esforça para demonstrar que o único remédio só poderia vir da parte de Deus (v. 21). Além do mais, mesmo encoberto com folhas de figueiras, o casal recém-envergonhado vivia agora em medo e tentava esconder-se de Deus (v. 8,10).