8 Ao ouvirem a voz do SENHOR Deus, que andava pelo jardim no final da tarde, o homem e sua mulher esconderam-se da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.

Sem preocupar-se com o período de tempo entre as sucessivas ocorrências, o autor já descreve, de maneira bem direta, a nova cena, afirmando que o homem e a mulher ouviram os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim...

אֶת- קוֹל

A VOZ

Embora o termo hebraico qôl geralmente seja traduzido por “voz”, ele às vezes se refere a outros sons, como por exemplo trovão ou o barulho de movimento na superfície do chão (veja, ex., 2 Sm 5.24; 1 Rs 14.6; 2 Rs 6.32). A leitura aqui não é “o som dos passos de Deus”, mas, sim, o som de Yahweh Elohim [o Senhor Deus], caminhando.

Cassuto comentou que o autor, de maneira sutil, estava evitando uma descrição excessivamente antropomórfica de Deus e, por isso, não empregou a expressão os pés "de Deus” (1961, p. 151). Quando traduzimos a partícula reflexiva mithallék (Hitbpael de hãlak, que significa “caminhar”) por: caminhava em um vaivém.

מִתְהַלֵּךְ

MITËHALEKH

A forma desse verbo hebraico pode (e nesse caso parece) enfatizar tanto o aspecto interativo (habitual e repetitivo) da ação como a ação feita por e para alguém. Em outras palavras, Deus tinha o hábito de caminhar no jardim, sugerindo um relacionamento contínuo e periódico entre Ele e o casal de humanos.

É possível que na “sabedoria” que o casal pensava haver adquirido, eles imaginaram que poderiam esconder-se da averiguação divina? O leitor entende por que eles estavam agora apreensivos em encontrar Deus; do mesmo modo, nós também experimentamos vergonha e o consequente medo de sermos descobertos.

O autor descreveu esse sentimento quando surgiu uma expectativa pela resposta do homem à primeira pergunta de Deus (v. 10). Que coisa! As árvores que outrora haviam abrigado, alimentado e trazido alegria ao casal não podiam agora escondê-los de Deus, assim como as vestimentas de folhas de figo não podiam cobrir suas vergonhas.