Éden significa lugar agradável. Mais tarde, a LXX traduziu esta palavra hebraica, que significa jardim, com uma palavra emprestada do persa: paradeisos, paraíso. Algumas árvores foram colocadas no jardim para propiciar comida, mas outras ali foram colocadas apenas para torná-lo mais bonito. Ê claro que Deus queria que a vida de Adão fosse de prazer e felicidade.
Os versículos 10-14 são uma perícope independente, que revela a localização geográfica do Jardim do Éden. Dois dos rios, Tigre e o Eufrates, são facilmente identificáveis, mas os outros dois têm desafiado todas as tentativas de localização específica. O Pisom, embora identificado como o Indo, mais provavelmente devia encontrar-se na Arábia. Se o Giom é o Nilo, como muitos crêem, por que o escritor não usa o nome comumente dado ao Nilo, como faz com o Tigre e o Eufrates? Não existe região que satisfaça à descrição de um rio se abrindo em quatro braços, dois dos quais são o Tigre e o Eufrates. Sobre esses rios, gosto da proposta concisa de Claus Westermann:
Os quatro rios. Em conexão com o jardim no qual Deus colocou o ser humano, é introduzido, com os v. 10-14, um trecho antigo de geografia, de ciência da terra. É uma tentativa de ligar a “ciência” que se tinha do jardim de Deus com a ciência da terra. Do rio que atravessa o jardim provêm os rios que trazem fecundidade ao mundo. Dois deles têm os nomes Euffates e Tigre, os outros dois são desconhecidos. O número quatro é referência aos quadrantes do mundo, como em Zc 1.8,11 (Claus Westermann P. 36, 1986).
O Dr Shedd mostra que à luz destes problemas, há três explicações primárias possíveis desta passagem:
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- O escritor, que não é estudante de geografia, está dizendo que todos os rios da terra vieram de uma só fonte primeva (von Rad).
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- Esta passagem está considerando estes rios do ponto de vista de um marinheiro, sendo a fonte dos rios o Golfo Pérsico, e a foz dos quatro rios encontra-se nele (Kidner).
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- Os quatro rios expressam tradições a respeito das grandes civilizações do mundo antigo: Extremo Oriente (Indo), Egito (Nilo) e Mesopotâmia (Tigre e Eufrates). Essas civilizações tiveram a sua fonte em uma cultura original, o Jardim do Éden ideal.
A responsabilidade de Adão era lavrar o solo do jardim. Desta forma, Gênesis ensina a dignidade do trabalho na cria ção original. O resultado da queda não foi o trabalho, mas a labuta em face de forças intoleráveis. A tarefa de Adão era simples e agradável, sem espinhos, car dos ou ervas daninhas para tomá-lo frus trado. Sem um trabalho construtivo, o homem não pode obter da vida uma verdadeira satisfação. Ócio não era o modo de vida no Éden.