3 E Deus abençoou e santificou o sétimo dia, porque nele descansou de toda a obra que havia criado e feito.

Abençoou o dia sétimo. Ele é infuso com o poder procriador. A bênção e a santidade do dia sétimo são singulares ao relato bíblico da criação. Deus ter abençoado o sétimo dia (v. 3); trata-se da terceira vez que a narrativa declara que Deus abençoou algo.

Ele havia abençoado a primeira vida animada, nos oceanos e nos céus (1.22) e, por consequência, as criaturas da terra que vieram logo em seguida; o estabelecimento da vida animada representa um grande passo para a constituição da vida em si no planeta.

Deus havia abençoado os homens (1.28), que caracterizam a grande relevância dessa vida animada, uma vez que foram criados à imagem de Deus. E então, Deus abençoou o dia, o sétimo dia, quando cessou a criação de sua grande obra, para o estabelecimento da terra e de seus habitantes, cada qual em suas respectivas funções.

A conclusão de uma obra caracteriza também um grande passo em todo o seu processo de criação. Além do mais, assim como em toda tríplice repetição, as três bênçãos nesse relato simbolizam um grande destaque da graça divina.

A bênção de Deus retratou sua intenção positiva em relação ao objeto abençoado, edificando-o em shalom, ou seja, em plenitude e bem-estar completo. Em relação ao Sábado, tal bênção celebrou primeiro a conclusão de sua grande obra criativa sobre a terra, além de estabelecer o início da ocupação de Deus sobre aquele local especial, preparando-o para seu próprio prazer; ali ocorrería sua constante comunhão com o homem (3.8).

Em relação às reflexões contemporâneas a respeito da teologia do Sábado, podemos também inferir que a bênção de Deus sobre esse dia antecipou a providência divina para um tempo incessante de encontros positivos, rumo à redenção e restauração, mesmo após a queda, com suas inúmeras consequências transformadoras no Jardim do Éden.

E o santificou. O sétimo dia é a primeira coisa na Tora à qual Deus comunica sua santidade, e assim o separa para si (Êx 20.11). A expressão lida como shevi'ah, possui sua forma quadratica שְׁבִיעָה que literalmente significa: saciedade, fartura. A mesa expressão lida shevi'i e escrita já traz especificamente a Tradução: sétimo. Já a palavra que conhecemos descanso, essa sim é a que relacionamos com a Palavra Sábado. Descanço para nós é o שָׁבַת, ou seja, é o:

SHÅVAT

  1. observância do sábado, sabatismo 1a) referindo-se ao sábado semanal 1b) dia de expiação 1c) ano sabático 1d) referindo-se à Festa das Trombetas 1e) referindo-se ao 1o. e último dia da Festa dos Tabernáculos

Vemos comumentemente que outros deuses criadores construíram templos como sinal de sua vitória sobre as forças selvagens do caos; Deus, porém, em vez disso institui o repouso sabático. Este será o santuário temporal no qual o povo de Israel pode descansar de seus labores, a cada semana, com seu Deus.

Deus santificou (yiqadês, derivado de qãdas, que significa “consagrar” “separar”, “santificar”, etc.) o sétimo dia, ou seja, separou-o para representar um memorial repleto de alegria, uma recordação do término do processo de criação inicial, a ser celebrado cada semana pelos homens.

Contudo, o significado do Sábado é bem mais abrangente no texto bíblico, uma vez que Deus o estabeleceu como o Quarto Mandamento do Decálogo, entregue a Moisés no monte Sinai (Êx 20.8-11). A divisão contemporânea da semana em sete dias e o hábito de guardar o Sábado pelos judeus e por muitos cristãos, têm suas raízes nesse relato do descanso do próprio Deus no sétimo dia, após sua obra de criação do mundo naquela semana.