4 São essas as origens dos céus e da terra, na ocasião em que foram criados.

Sobre isso Claus Westermann desperta ao para fato da inversão:

A perspectiva agora muda de Deus como único ator para a humanidade como reagente. A mudança sutil de “os céus e a terra” (1.1) para “a terra e os céus” (2.4b) poderia apontar para a mudança em perspectiva.

Como o relato da criação, o relato dos céus e da terra tem solidez histórica. A história tem por base eventos no tempo e no espaço, um Adão e Eva reais.2 Mas ela não é meramente um relato histórico. O estilo é artístico e figurativo, mais que científico e literal.3 As cenas da criação são pintadas como se um artista as visualizasse: Deus, como o oleiro, formando o homem; como jardineiro, designando um jardim de beleza e abundância; e como um edificador de templo, tomando a mulher da costela do homem.

A dimensão supra-histórica é também essencial à teologia deste relato. Sobre este registro, Adão e Eva representam cada homem e cada mulher (Gn 3.16-19; 2.24; Mt 19.4-6; Rm 5.12).4 Representam nossa própria rebelião, fracassos e necessidade da graciosa redenção de Deus. Esta é tão importante quanto a dimensão histórica. Portanto, tanto o histórico quanto o supra-histórico devem ser mantidos em tensão própria.

Walton retrata a terra como residência e templo de Deus:

No cenário "após" a criação, o cosmo, além de representar a obra das mãos do próprio Deus, torna-se também sua residência, o local escolhido e preparado para o seu descanso. As pessoas foram form adas à im agem de Deus, e agora o servem , e atuam com o vice-regentes no m undo estabelecido para eles. Pode-se elaborar uma analogia instrutiva do templo antes e após sua inauguração. Após a nomeação de sacerdotes e a entrada de Deus no templo, ele se torna um local completam ente funcional, existindo som ente por meio da virtude desses aspectos (2009, p. 98).