0 terceiro e quarto rios, o Tigre e o Eufrates, possuem os mesmos nomes atualmente. Nascem nas montanhas da Armênia, acima das fronteiras nórdicas da Mesopotamia. O nome Tigre translitera o grego Tigris, derivado do hebraico hiddeqel, e esse mesmo provindo do termo babilônico (acádio) Idaglat.
A partir de sua nascente ao sudoeste do Monte Ararate, o Tigre percorre aproximadamente 1.850 quilômetros em um curso bem reto, sentido sudeste, até se encontrar com o rio Eufrates, abaixo de onde se encontrava a antiga Babilônia.
A junção de ambos os rios, hoje conhecido por Xatalárabe ou Chata Alárabe, percorre outros 161 quilômetros sentido sudeste, até desembocar no Golfo Pérsico. Na afirmação de que o rio corre para o leste da Assíria, a referência podería ser a cidade de Assur, oeste do Tigre, já que esse rio não fazia parte da fronteira leste da antiga Assíria. O nome do povo, terras e do império assírio deriva do termo Assur.
A nascente do rio Eufrates localiza-se a nordeste da nascente do Tigre, entre o monte Ararate e o Mar Negro. Contudo, ele corre sentido oeste, depois sudoeste, e finalmente sul, permeando as regiões da nascente do rio Tigre, chegando a aproximadamente 145 quilômetros distante do Mediterrâneo.
Então, segue sentido sudeste, completando sua Grande Curvatura, e percorrendo praticamente todo o oeste da Mesopotâmia; a extensão total do Euffates compreende aproximadamente 2.735 quilômetros. Nos tempos sumérios, e talvez por todo o período do Antigo Testamento, o Tigre e Eufrates desaguavam no Golfo Pérsico separadamente; porém, em tempos mais recentes, conforme evidências geológicas, suas fozes se juntaram em uma parte do Golfo Pérsico, e deságuam no rio Xatalárabe ou Chata Alárabe.
Se essa descrição dos rios do Éden reflete uma geologia anterior ao período inicial da Suméria, a confluência edênica dos quatro rios foi de algum modo interrompida, após a expulsão do primeiro casal do jardim, mas anteriormente à edificação das cidades sumérias de Ur, Uruk, Nipur e todas as outras. Uma resposta precisa para essa questão provavelmente jamais será encontrada.
Os Pais da Igreja sobre o Eufrates e Tigre
Uma das sugestões dos rabinos e dos pais da igreja é que eles representam os quatro rios clássicos da civilização do Antigo Oriente Médio/Norte da África, ou seja, os rios Nilo, Eufrates, Tigre e Indo. O rio Indo está situado a sudeste da antiga região conhecida como Antigo Oriente Médio (AOM), mas a parte norte do rio Nilo também se encontra ao sul desse local. Algumas pessoas cogitavam a existência de um único rio no Éden, subterrâneo, que emergia como esses rios principais.
Albright sugeriu que o Pisom e Giom caracterizavam o Nilo Azul e o Nilo Branco, cuja confluência se encontra em Cartum, no Sudão. Logo, tanto o Egito, a sudoeste de Israel, como a Mesopotâmia, a leste e nordeste, estariam representados na descrição dos rios do Éden (1922, p. 15-31).
Muitos estudiosos contemporâneos acreditam que, mesmo que os próprios rios Tigre e Eufrates fossem mencionados nesse texto, tal relato não seria considerado um documento histórico e fonte de estudos para a geografia antiga ou atual da Mesopotamia.
Cassuto afirma objetivamente:
“o nosso texto... descreve um cenário não mais existente... o Jardim do Éden, de acordo com a Torá, não estava situado em nosso mundo” (1961, p. 118).
Se acreditarmos que o atual formato do relevo da terra foi transformado com o dilúvio, não podemos esperar encontrar o Éden na Baixa Mesopotâmia ou em qualquer outro local do planeta, embora muitos ainda tentem.