17 E disse para o homem: Porque deste ouvidos à voz da tua mulher e comeste da árvore da qual te ordenei: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; com sofrimento comerás dela todos os dias da tua vida.

Nesse versículo, Deus empregou o verbo “comer” por três vezes, e uma vez mais no v. 18 e depois no v. 19: porque... você comeu ... lhe ordenara para não comer... você comerá (v. 17)... você comerá (v. 18)... você comeraá (v. 19).

A grande transgressão era o ato de comer; tal ação refletiria, a partir de então, uma perturbação da ordem natural de tudo. Diferentemente do que havia feito com a serpente e a mulher, quando Deus abordou o homem, dirigiu suas palavras à terra: Maldita é a terra por sua causa (v. 17). O termo maldita אֲרוּרָה (ãrar) é o mesmo empregado por Deus para abordar a serpente, e denota o mesmo sentido básico.

O português geralmente iguala “maldita” com “desgraçada”; podemos assumir que a pessoa ou coisa “maldita” está fadada à destruição (se a maldição for suficientemente poderosa). Embora a raiz hebraica ãrar seja geralmente traduzida por “maldito” ou “amaldiçoado”, isso não representa seu significado. Na verdade, Deus estava informando que a terra não estaria mais em harmonia (por sua causa) para produzir alimento abundante e perfeitamente nutritivo para o casal, com o mínimo (mas prazeroso) trabalho da parte deles. A partir daquele momento, a relação entre a terra e a família humana seria para sempre diferente do que havia sido no jardim.

Essa relação ofuscada entre a terra e os homens resultaria em um trabalho árduo para eles. Tanto o homem pra saciar-se, como a terra pra dar o alimento necessário, gemeriam, em ambos os casos. O penoso trabalho do homem se concentraria na grande dificuldade de tirar o sustento do solo. Nenhum deles estaria livre das consequências, e essa nova ordem de recompensas diminuídas para um trabalho muito mais intenso não seria temporária. Seria assim por todos os dias de sua vida.