A primeira reação do ser humano quando escuta a aproximação de Deus é a de se esconder; ele tem medo. Isso também é humano. O ser humano é de tal natureza que, após o malfeito, procura escapar às consequências, escondendo-se; o impulso de autopreservação é muito forte.
O normal justamente não é ele admitir imediatamente um pecado e enfrentar as consequências; o normal é ele se esconder; isso sempre será assim. Porém, quando é confrontado e interrogado, ele tenta se defender.
Fiquei com medo representa a primeira ocorrência bíblica da expressão “ficar com medo”. Anteriormente, alegria, prazer e esperança caracterizavam os diálogos corriqueiros com Deus, mas agora, pela primeira vez, o casal vivenciou medo e pavor por estarem na presença divina.
Aquele temor covarde estava longe de ser a igualdade com Deus que haviam imaginado adquirir se comessem o fruto proibido. A ironia dos fatos acometeu o casal infame. O homem prontamente justificou seu medo com sua recém-descoberta: porque estava nu. No texto em hebraico, bem como em português, não é necessária a presença do pronome de primeira pessoa “eu”; no original, ele estava presente apenas para ênfase.
Tendo em mente as folhas de figo, o leitor pode entender que tal afirmação enfática serviu para mostrar que o homem, agora confrontado pelo Todo-poderoso, percebeu que aquela vestimenta não havia resolvido seu problema.