1 Fiz o primeiro relato, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar,

PORQUE ESTUDAR O LIVRO DE ATOS?

Essa é uma boa pergunta, e quanto melhor ou mais acertada for a resposta, maior será nosso temor, intensidade e desejo de encontrar com o Espírito Santo e seu “modus operandi”.

  Para valer nosso estudo, precisamos fazer uma viagem ao passado até ao ponto dessa história. Será uma das mais significativas viagens já existidas na terra. Devemos nos fazer presente como um sujeito secundário, sem nenhuma ação que interfira nos fatos, porém, devamos olhar, observar e viver como quem está presente em todas as cenas. Se conseguirmos (e é possível), então terá sido um grande salto em nossa edificação por meio das sagradas letras. Retomando a pergunta: Porque estudar o livro de Atos?

I. Pela Chegada do Consolador Nosso primeiro motivo é que em Atos, o propósito eterno do Eterno, ocupa uma nova e importante fase no espaço/tempo na história – O Espírito Santo inaugura seu ministério. É a Eternidade convergindo no tempo para mostrar o caminho e evoluir a revelação que segue para os séculos dos séculos. O profeta Isaías deu ao Espírito Santo “Sete Nomes”: 1. Espírito do Senhor, 2. De Sabedoria, 3. De Entendimento, 4. De Conselho, 5. De Poder, 6. De conhecimento, e 7. De Temor do Senhor (Is 11.2). Destes setes nomes, seis deles devem ser personificados e dissolvidos na vida do crente. Ele veio realmente para habitar em nós e interferir em nossa natureza. Não é espantoso observar que Jesus preferia chama-lo de “Consolador”. No livro de Atos inicia-se seu ministério e essa é a primeira razão para mergulharmos nessas sagradas letras.

II. Porque Atos Retoma Gênesis Quando olhamos para o início de tudo, nos deparamos com o “Primeiro Adão”, feito à imagem e semelhança do Criador, protegido em seu Éden pronto para cumprir a ordem: Então Deus abençoa o casal e diz para: “crescer, multiplicar, encher, sujeitar e dominar a terra”, ou seja, Deus os abençoou (Adão e Eva) com Graça e Poder (capacidade) para que o domínio fosse estendido como era no Éden para toda a terra. A gente já sabe que algo saiu dos trilhos: A mulher caiu porque foi enganada (1Tm 2.14), mas Adão caiu porque desobedeceu (Rm 5.19-21), “preferiu a criatura antes do Criador” (Rm 1.25). Adão escolheu ficar com Eva (a criatura) sabendo que iria morrer espiritualmente. O Primeiro Adão então: 1- Perdeu a imagem do Criador, 2- Falhou em executar o seu propósito, 3- Trouxe para dentro de si uma natureza caída. Foi então que Deus trouxe o “Segundo Adão – Cristo”, também chamado de “Último Adão” (1Co 15.45-49) porque não haverá outro, e este Último é “Espírito Vivificante” para continuar o Propósito Eterno do Criador quebrado lá em Gênesis, vem Jesus e ordena o “Ide por todo mundo”

Paralelismo em Gênesis e Atos:

Gênesis Atos
1. A primeira criação A nova criação
2. Primeiro Adão Segundo/último Adão
3. Primeira Eva Segunda Eva (igreja)
4. Deve dominar a terra Jesus ordena o “Ide”
5. Adão pecou Jesus não pecou
6. Eva foi enganada A igreja não pode ser
7. Adão perde a imagem Jesus é a imagem do Pai
8. É dada a 1ª Profecia Cumpre-se a 1ª profecia

III. Porque Atos Liga os Evangelho Com as Cartas do NT - Atos é a ligação das biografias de Cristo nos Evangelhos com os ensinamentos dos Apóstolos nas epístolas.

IV. Porque Atos Registra o Primeiro Capítulo da Igreja Atos é o primeiro capítulo da história da igreja e abrange um período estimado em 33 anos: De Jerusalém, a capital do mundo judaico à Roma, a capital do mundo gentio; Da ressurreição até a prisão de Paulo em Roma. Nesse ponto, podemos dizer que a igreja primitiva cumpriu toda a grade comissão de levar o Evangelho até aos confins da terra – para os judeus, Roma era os confins.

V. Porque Atos Revela os Métodos de Cumprir a Missão Atos nos revela o método missionário inspirado pelo Espírito Santo e praticado pelos apóstolos. O método Evangelístico foi agir debaixo da orientação do Espírito Santo e jamais poderá ser abandonado como parâmetro para a obra missionária.

VI. Porque Atos Não Foi Concluído O livro de Atos acaba de modo repentino: não há despedidas, não há fechamento como nas cartas e podemos dizer que, mesmo sendo o motivo desconhecido, devemos atribuir que seja pelo fato de que cada um deverá continuar a história, fazendo a história como igreja corpo vivo de Cristo que somos e continuar a grande comissão.

VII. Pela Importância Geral e Doutrinária Podemos comparar o livro de Atos com a Nascente de Águas formando um grande rio que verteu em outros 21 rios (livros de Romanos a Judas). Atos dos Apóstolos faz a ligação dos Evangelhos a todas as Cartas Doutrinárias. Embora seja um livro histórico, ele contém os germes doutrinais que se desdobram nas epístolas

VIII. Duas Citações Sobre o Livro:

O valor de um livro pode, às vezes, ser melhor calculado se considerarmos qual seria a nossa perda se não o possuíssemos. Se é assim, dificilmente teremos condição de avaliar muito o livro de Atos dos Apóstolos. Se ele não tivesse chegado até nós, haveria um espaço em branco em nosso conhecimento que nada mais poderia preencher. (Farrar Howson)

Se o livro de Atos desaparecesse, nada poderia substituí-lo; e, avançando um pouco mais, as Escrituras cristãs ficariam então diante de nós como dois fragmentos separados (os Evangelhos e as cartas), sem que o arco pudesse ser completado.

INTRODUÇÃO AO LIVRO

I. O AUTOR DE ATOS Lucas, “o médico amado”: Quem era Lucas, o médico amado? A tradição mantida por Eusébio e pelo prólogo antimarcionista dos meados do segundo século, Lucas era da Síria (Antioquia).

AS FONTES DE LUCAS: Foi lá (em Antioquia) que ele teria conhecido Barnabé que havia sido enviado pelos apóstolos para ajudar a neófita igreja com seus problemas (At 11.22). Lucas falava das pessoas como se realmente as conhecesse e de Barnabé, ele relatou que era “um homem de fé, cheio do Espírito Santo” (At 11.24). Pelos detalhes que ele descreve dos profetas antioquenses: Simeão chamado Níger, Barnabé, Manaém (o que fora criado por Herodes, o tetrarca), e também Saulo (At 13.1), e até Nicolau o convertido ao judaísmo, mostra sua familiaridade com o local. Lá também ele esteve com Judas, o Barsabás como também Silas, mas este, ele o conheceu em Filipos (At 16.19-40) e neste mesmo local, conheceu a vendedora de púrpura, Lídia de Tiatira (At 16.14). Hospedou em Cesaréia, na casa do evangelista Filipe (At 21.8 e 6.5) que conhecia muito bem as empreitadas evangélicas de Samaria (At8.5-25), soube também da conversão do etíope eunuco (At 8.26-40), dos fatos de Cornélio à igreja em Cesaréia (At 10.1-11,18). Também delongou em Jerusalém na casa espaçosa da mãe de João Marcos, do qual manteve boa comunhão e deve ter sido onde conheceu a “serva Rode” (At 12.13). É impressionante Lucas citar mais de cem nomes de pessoas em seu livro e alguns com títulos. Exemplos? Sérgio Paulo era procônsul em Chipre (13.7); Gálio era procônsul em Acaia (18.12); ambos validados pelas descobertas arqueológicas com exatidão. Impressionante também, observar a meticulosidade de Lucas em detalhes, tais quais lugares de moradia de determinadas pessoas: Áquila, natural do Ponto com sua mulher Priscila, que foram expulsos de Roma e residiam em Corinto (18.1,2). A sinagoga de Corinto, era ao lado da casa de Tício Justo (18.7), cujo principal da mesma sinagoga era Crispo (18.8 conf com 1Co 1.14), mas quando Crispo deixou o cargo, foi Sóstenes que se tornou seu sucessor (At 18.17; 1Co 1.1). Sobre Apolo, Lucas relata minuciosamente que era de naturalidade de Alexandria e bastante culto (18.24-26). Mas Sópatro, o filho de Pirro, da Beréia foi em Trôade que eles se encontraram, e também sabia que da província da Ásia, eram Gaio, Timóteo de Derbe, Tíquico e Trófimo e Aristarco. Ainda impressionante, Lucas deixar os rastros geográficos, fornecendo uma vasta visão panorâmica, principalmente nas viagens de Paulo. Não bastasse os mais de cem nomes de pessoas, também cita tamanha quantidade de lugares. Presente na terceira viagem de Paulo, ele segue citando a rota da Grécia até Jerusalém, e ainda notificando a duração de tempo em cada um desses lugares: Foram três meses de Paulo na Grécia (20.3), depois ficou sete dias em Trôade (20.6), mas levou cinco dias para chegar a este local. Foi no primeiro dia da semana (20.7) em Trôade que celebraram culto. Enquanto os companheiros de Paulo arrumaram um barco para irem até Assôs, ele foi a pé mesmo. Nós encontramos a descrição diária da viagem pela costa oeste da Ásia Menor aos portos de Tiro, Ptolemaida e Cesaréia (20.15,16; 21.1-8) – também com as marcas de tempo em cada lugar inclusive o quanto Paulo ficou preso em Jerusalém, sua ida para Cesaréia durante a noite e seu aprisionamento ali (21-26). Os termos geográficos, climáticos e náuticos, faz de Lucas um exímio historiador (27-28). Ora, os primeiros a receberem o livro de Atos já tinham em mente que vinha de Paulo e seu colaborador Lucas (Cl 4.14; 2Tm 4.11; Fm 24). Tais cristãos conheciam muito bem a região, os termos usado no livro e o rejeitariam caso não fossem verdadeiros.

  • Quase a metade do livro, Lucas apenas narra o que outras pessoas disseram diretamente e não o que ele achava ou pensava – são discursos diretos de cristãos e não cristãos, sem nenhuma intenção de “ajudar a Jesus” a completar a sua obra como se Ele precisasse. Relatando ama sequência, ficaria assim:
  1. Discursos de Pedro (1.16-22; 2.14-36,38 – 39; 3.12-26; 4.8-12,19,20; 5.29-32; 10.34-43; 11.5-17; 15.7-11);
  2. De Estêvão perante o Sinédrio (17.2.53);
  3. A Explanação de Cornélio (10.30-33);
  4. De Tiago no Concílio de Jerusalém (15.13-21);
  5. De Tiago e dos anciões a Paulo (21.20-25);
  6. Os nove sermões de Paulo (13.16-41; 14.15-17; 17.22-31; 20.18-35; 22.1-21; 24.10-21; 26.2-23, 25-27; 27.21- 26; 28.17-20);
  7. De Gamaliel, o fariseu (5.35-39);
  8. De Demétrio, o ourives (19.25-27);
  9. O escrivão de Éfeso (19.35-40);
  10. De Tértulo, o advogado (24.2-8);
  11. De Festo, o governador (25.24-27).

Lucas ainda coloca o texto completo de duas cartas: 1. Escrita no Concílio de Jerusalém para todas igrejas gentílicas (15.23-29); 2. Carta escrita por Cláudio Lísias ao governador Félix (23.27-30).

Lucas, além de ser testemunha ocular de muitos fatos, teve muito material escrito, juntou com centenas de fontes das quais conviveu com elas e que foram testemunhas oculares dos fatos, somou a isso, os tempos em cada lugar, descreveu características geográficas, narrou cartas, citou mais de cem lugares, num livro que quase a metade são discursos de terceiros...

Fazer o que? Correr para onde? Para infelicidade dos contraditórios que querem negar os acontecimentos e o livro de Atos, não restam senão a humilhação.

Os pais da igreja já citavam Lucas como o autor do livro e quase a totalidade dos estudiosos seguiram o mesmo parecer. Cabe agora, anotar algumas descrições sobre ele:

  1. Único gentio a escrever dois livros da Bíblia;
  2. Lucas não conheceu Jesus pessoalmente;
  3. Era um gentio (Col 4.10-14);
  4. Era médico (Col 4.14);
  5. Era muito amado (Col.4.14);
  6. Companheiro de Paulo (At 16.10-17; 20.5-21);
  7. Permaneceu com Paulo até sua execução;
  8. Autor do Evangelho de Lucas e Atos.

II. O DESTINATÁRIO DO LIVRO DE ATOS Lc 1.3 relata-se o seguinte: "Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo”. A colocação de Lucas se referindo a Teófilo como excelentíssimo, refuta qualquer indagação ao contrário de que seria uma pessoa a ocupar uma posição respeitável. Há informações de cunho responsável, que ele seria um cristão recém convertido ou em processo de conversão, que ficara maravilhado com as boas novas sobre um homem chamado Jesus de Nazaré que chegara até ele. Fica também claro, que Lucas agia, pelo menos a princípio, a pedido de seu amigo Teófilo. Foi para este mesmo Teófilo (At 1.1) que o livro de Atos dos Apóstolos foi enviado relatando o impacto que gerou a vida, morte e ressurreição de Jesus

III. LUGAR E DATA DO LIVRO É mais certo que o lugar em que o livro fora escrito seja em Roma. Podemos também afirmar que o livro foi escrito depois da Primavera do ano 63dc e antes de outubro de 64dc. Ambas informações são questionadas, porém, as que apresento possuem algumas referências plausíveis. São elas:

  • Julho de 64dc aconteceu o incêndio de Roma afetando 10 das 14 zonas da antiga cidade das quais 3 delas foram totalmente destruídas;
  • Em 66dc Jerusalém foi sitiada por Roma onde muitas pessoas morreram, embora a destruição arrasadora viria mais tarde. Esse acontecimento era apenas uma parte do sinal que Jesus havia dado (Mt 24.15-28) e que resultaria em uma grande saída dos cristãos que moravam em Jerusalém, o que de fato aconteceu.
  • Em 70dc Jerusalém foi sitiada e destruída juntamente com o templo trazendo uma grande repercussão entre judeus e judeus cristãos do local e do mundo todo.

A conclusão é que se Atos dos Apóstolos tivesse sido escrito depois dessas datas, Lucas como um excelente historiador, detalhista que era, e como ele próprio havia dito no seu evangelho (Lc 1.3) que seu relato seria de forma ordenada ou cronológica, com certeza ele teria mencionado tais acontecimentos pela importância em relação à igreja de Jesus. Também, se o julgamento de Paulo diante de Nero e sua absolvição e o seu segundo julgamento e execução tivessem ocorridos, por sua vez teriam sido relatados, assim como relatou a morte o primeiro mártir – Estevão, mas ao contrário a narrativa do livro é interrompida abruptamente. Mesmo assim, é grato saber que este “médico amado”, conforme 2 Timóteo 4.6,11 permaneceu com Paulo até o fim.

IV. O NOME DO LIVRO (O Segundo Tratado)? Atos dos Apóstolos foi o nome grego dado ao livro. É interessante notar que o livro se concentrar apenas em dois apóstolos: Pedro e Paulo. Muitas sugestões de estudiosos são dadas ao livro e poderíamos aqui também sugerir outros nomes apenas como um meio de reflexão:

  • Atos do Cristo Ressuscitado;
  • Atos do Espírito Santo Que Desceu;
  • Atos Missionários de Pedro e Paulo;
  • A Inauguração da Igreja;

Porém, o nome de “Atos dos Apóstolos” é um bom nome. Devemos observar nessa altura quatro fatores importante relacionados ao nome Apóstolos:

  1. Apesar de focar apenas em dois dos apóstolos (Pedro e Paulo), o capítulo primeiro cita o nome dos 12 apóstolos.
  2. O cuidado de substituir o lugar de Judas Iscariotes;
  3. Além dos 12 apóstolos específicos, o título foi usado para se referir a Barnabé e para outros que não estavam inclusos na narração do primeiro capítulo;
  4. Paulo enfrentou sérios problemas em ser reconhecido apóstolo (veremos posteriormente). OBS.: Nos parece que Lucas deu o nome de “O Segundo Tratado” para separar do “Primeiro Tratado” conforme Lucas escreve (At 1.1 conf. Lc 1.3)

IV. O NOME DO LIVRO (O Segundo Tratado)? Atos dos Apóstolos foi o nome grego dado ao livro. É interessante notar que o livro se concentra apenas em dois apóstolos: Pedro e Paulo. Muitas sugestões de estudiosos são dadas ao livro e poderíamos aqui também sugerir outros nomes apenas como um objetivo de reflexão: • Atos do Cristo Ressuscitado; • Atos do Espírito Santo Que Desceu; • Atos Missionários de Pedro e Paulo; • A Inauguração da Igreja;

Porém, o nome de “Atos dos Apóstolos” é um bom nome. Devemos observar nessa altura quatro fatores importante relacionados ao nome de Atos dos Apóstolos:

  1. Apesar de focar apenas em dois dos apóstolos (Pedro e Paulo), o capítulo primeiro cita o nome dos 12 apóstolos.
  2. O cuidado em substituir o lugar de Judas Iscariotes;
  3. Além dos 12 apóstolos específicos, o título foi usado para se referir a Barnabé e para outros que não estavam inclusos na lista do primeiro capítulo;
  4. Paulo enfrentou sérios problemas em ser reconhecido apóstolo (veremos posteriormente).
  5. Apesar de abordar praticamente sobre Pedro e Paulo, ele faz várias referências de concordância usando o termo “os apóstolos” dando a entender que estava tudo sendo validado por todos eles o que legitima o nome dado.

OBS.: Nos parece que Lucas deu o nome de “O Segundo Tratado” para separar do “Primeiro Tratado” conforme Lucas escreve (At 1.1 conf. Lc 1.3).

V. CLASSIFICAÇÃO DO LIVRO O Novo Testamento é composto por 27 livros sendo o livro de Atos o quinto livro na ordem de colocação e está classificado como histórico:

  • 05 livros históricos = As biografias de Jesus e o livro de Atos;
  • 21 livros doutrinários = Romanos até Judas;
  • Um livro profético = Apocalipse

VI. O TEXTO CHAVE DO LIVRO O versículo-chave do livro é Atos 1.8 “Contudo, recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra!”. O mandamento foi observado geograficamente como veremos.

VII. CARACTERÍSTICAS DO LIVRO

  • Histórica: Por que registra fatos. Lucas relata no seu Evangelho que Jesus iniciou seu ministério com 30 anos de idade e teve 3 anos de ação que somados atinge um período de 33 anos. Se colocarmos a prisão domiciliar de Paulo como sendo em 63dc como é a data mais aceita, o Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolo cobrem o dobro da idade de Jesus – 66 anos;
  • História apostólica: Apesar de contar a história de Pedro e Paulo, Lucas registra o nome de todos os apóstolos no primeiro capítulo e isso deixa claro a quem Lucas se referia quando usa a expressão “os apóstolos”. A expressão “os apóstolos”, foi citada ao longo do livro não menos que 23 vezes mostrando um corpo de líderes unânimes.
  • Fragmentária: Por que não registra “atos” de todos os apóstolos, mas apenas de dois: Pedro e Paulo; Cronológica: O livro é apresentado de forma rigorosamente cronológica.
  • Apologética: Lucas tem o cuidado de relatar os ataques que a igreja vinha sofrendo tais como: a)- acusação romana de que o cristianismo era perturbador, b)- Lucas denuncia que os judeus incrédulos eram responsáveis por motins, além de apontar outros problemas sem parcialidade;
  • Interessante: Lucas sabe contar história, pois o livro não é maçante, pelo contrário, São 28 capítulos emocionantes;
  • Seletividade: Devemos lembrar que Lucas não cobre a história da igreja, mas sim, o faz apenas em parte. Os longos 33 anos de história da igreja que ele relata, não pode ser fechada como sendo os únicos fatos que aconteceram. Vamos dar uma olhadinha na tabela de nações apresentada por ele mesmo que estavam presentes e foram tocadas pela inauguração do ministério do Espírito Santo: “Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus! (At 2.9-11)” Cerca de 17 regiões diferentes, das quais Lucas narra o desenvolvimento da igreja apenas das localizadas ao norte e oeste de Jerusalém, não conseguindo cobrir as regiões ao sul e leste de Israel – tais quais: Palestina, Síria, Ásia Menor, Macedônia, Grécia e Roma. Nenhum escritor conseguiria cobrir tudo devido ao vasto e rico material disponível, porém, separados pela distância.
  • Final do Livro: Lucas faz um término cortante no livro, como se ainda teria algo a ser escrito e que por motivos desconhecidos não aconteceu. Fica a ideia de que dali em diante dependeria de cada um de nós o que aconteceria.

VIII. CONTEÚDO SIMPLIFICADO Para um vislumbre de antemão podemos listar o seguinte:

  • Quarenta dias com Jesus ressuscitado (At 1.1-11);
  • A substituição de Judas por Matias;
  • A descida do Espírito Santo;
  • A primeira pregação por Pedro;
  • A grande aceitação à nova fé;
  • A cura do coxo que abala Jerusalém;
  • Primeiros sintomas de oposição judaica;
  • Os primeiros sinais de corrupção na igreja;
  • Os primeiros murmúrios dos cristãos;
  • A instituição do diaconato;
  • A primeira perseguição real da igreja;
  • O Evangelho é pregado em Samaria;
  • O Evangelho é pregado em Cesaréia;
  • O Evangelho estabelecido em Antioquia;
  • De Antioquia Paulo e Barnabé 1ª viagem;
  • De Antioquia Paulo e Silas na 2ª viagem;
  • De Antioquia Paulo e Timóteo na 3ª viagem
  • Com a prisão de Paulo o Evangelho vai para Roma

OBS.: Roma era considerada os confins da terra.

IX. DIVISÃO DE ATOS Uma das melhores dicas para quem vai estudar um livro completo da Bíblia e fazer uma boa divisão. Deve ser um dos primeiros passos a ser definido, por que isso te dá controle maior e ajuda no entendimento de todo o texto.

Opção 1: DIVIDIDO PELA SEQUÊNCIA DO IDE

  1. O Testemunho em Jerusalém - Caps 1 a 5
  2. O Testemunho na Judéia e Samaria - Caps 6 a 9.31
  3. O Testemunho em Roma - Caps 9.32 a 28

Opção 2: DIVIDINDO EM TRÊS PARTES:

  1. Os apóstolos em Jerusalém - Caps 1 a 6
  2. Os diáconos - Caps 6 a 11
  3. A história de Paulo - Caps 13 a 28

Opção 3: DIVIDINDO PELA LIDERANÇA

  1. Liderança de Pedro - 1 a 12
  2. Liderança de Paulo - 13 a 28

X. CREDIBILIDADE Foram muitos sépticos que tentaram desqualificar e chamar de mentiroso e contos de fadas o livro de Atos dos Apóstolos, mas tais argumentos não puderam ser sustentados pelos seguintes fatos: a). Milagres: Existe um poema que diz: “Mil palavras o vento leva! Dez mil palavras o vento leva e a gente esquece! Mas os “atos” se eternizam. Os milagres e ações que aconteceram nesses 33 anos não podem ser apagados da história. Os milagres ocorridos obrigam o leitor aceitar o registro como verdadeiro por causa dos sinais; b). Filosofia: (João 12.20-36 os gregos queriam ver a Jesus por que seu conhecimento já estava chegando aos grandes centros. Confere com Paulo em Atenas “Ao Deus Desconhecido” At 17.22-23) - Cerca de 500 anos antes de Cristo começou a “Era dos Filósofos” na Grécia Antiga que essa ciência surgiu e tomou as primeiras proporções. Tales, Xenófanes, Pitágoras, Heráclito e Protágoras, SOCRATES: Eles tentaram responder, racionalmente, questões acerca da realidade última das coisas, das origens e características do verdadeiro. Quando Roma derruba a Grécia, ela adota como se a sabedoria e o conhecimento fossem deles.

XI. PARALELOS ENTRE PEDRO E PAULO Encontramos muita similaridade entre os dois apóstolos que mais se destacaram na obra missionária em cumprimento à “Grande Comissão” de Cristo

PARALELOS DE PEDRO E PAULO

PEDRO PAULO
1ª Pregação de Pedro (2) 1ª Pregação de Paulo (13)
Curou um coxo (3) Curou um coxo (14)
Simão o mágico (8) Elimás o mágico (13)
A sombra de Pedro (5) O lenço de Paulo (19)
Imposição das mãos (8) Imposição das mãos (19)
Pedro é adorado (10) Paulo é adorado (14)
Ressurreição de Tabita (9) Ressurreição de Êutico (20)
Temido por demônios (5) Temido por demônios (16;19)
Anjos liberta Pedro (12) Anjos liberta Paulo (16)
Prisão de Pedro (12) Prisão de Paulo (28)

I. A PREPARAÇÃO PARA ESCREVER (1.1-5)

At 1.1: Aqui Lucas retoma os últimos acontecimentos que ele já havia narrado no Evangelho que leva o seu nome no mesmo instante que prepara sua nova obra literária - "O Segundo Tratado" (Atos 1.1-14 com Lc 24.36-53).

Isso não era visto como uma repetição descuidada, ao contrário, dava legibilidade aos seus leitores. Assim, atualizava Teófilo os últimos eventos para continuar sua narração. Grande parte dos estudiosos vê na pessoa de Teófilo, um homem que ocupava uma posição de destaque, convertido ao cristianismo e patrocinador das viagens e pesquisas de Lucas.