O capítulo 3 de Atos fala mais do ministério de Pedro Jerusalém e os acontecimentos que motivou o primeiro conflito com as autoridades judaicas - (Atos 3:1-26)
Essa pregação do apóstolo Pedro foi provocativa e junto a isso o fato da cura do aleijado, desencadeou o primeiro choque entre a nova comunidade de cristãos e as autoridades eclesiásticas dos judeus narrada do capítulo 4
O mesmo já havia acontecido com o Mestre conforme registra Lucas:
“crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça diante de Deus e dos homens...” (Lc 3), assim como Jesus teve o seu período de crescimento, no tempo certo veio seus embates. Agora, a história se repete com a igreja recém estabelecida ao mundo que “crescia na simpatia do povo...” (At 2.47), mas logo começa a ter sua popularidade em declínio devido a campanha dos inimigos do reino. Assim como houve oposição ao ministério de Jesus, o choque das autoridades contra a Sua igreja seria inevitável - a luta, a perseguição sempre esteve e estarão presentes para aqueles que querem agradar a Deus. O idealismo das autoridades judaicas batia de frente com os ensinamentos dos apóstolos.
Podemos dizer apenas para “jogar” com as palavras, que Deus criou o povo judeu, porém os judeus criaram o judaísmo e este se opõe ao seu Criador pensando estar agradando a Ele. E isso, eles faziam com autoridade porque eles tinham a Letras Sagradas inspiradas por Deus de maneira extraordinária. Tinham todas as palavras que Deus lhes ordenara nas Escrituras, porém, não conseguiam entender a mensagem que estas Escrituras traziam. A principal missão da igreja era essa - a de revelar a mensagem escondida no texto sagrado, mostrando que o homem rejeitado e crucificado pela nação judaica, era o Messias prometido e claramente anunciado através da Lei e dos profetas que os judeus eclesiásticos (os perseguidores) tinham em suas mãos.
Ao pregar sobre o caráter e divindade de Jesus O Cristo com certeza produziria a perseguição pelas autoridades. Assim como aconteceu com nosso Senhor, e posteriormente com a sua igreja em Jerusalém, o mesmo fato se repete em todas as nações onde a mensagem de Deus é pregada - é apenas uma questão de tempo.
É verdade que a igreja de Jerusalém já nascera sob os olhares atentos das autoridades tanto judaicas quanto romanas devido aos acontecimentos anteriores: Para eclesiásticos, era a ameaça de terem seus “reinos” destruídos, uma vez que não se adoraria mais no Templo e sim em espirito e em verdade, ou que não ficaria pedra sobre pedra que não seria derrubada. Para os romanos, a denuncia de que Jesus era o Rei dos Judeus e isso se mostrava uma afronta ao imperador Cesar. Por isso o sepulcro de Jesus foi guardado por soldados, mas tudo era uma questão de tempo, no tempo oportuno, no momento certo, a perseguição viria.
As mesmas pessoas envolvidas na condenação de Jesus que aguardavam o tempo oportuno para um novo ataque - não é isto que mostra as Lucas 4.14 “...tendo Satanás terminado toda sua tentação, ausentou-se até ao tempo oportuno”?
Certamente ainda pensavam: “se vencemos a Jesus, venceremos seus discípulos”. Ainda mais que Pedro, no dia de Pentecoste, publicamente em seu discurso admoestava seus ouvintes “...salvai-vos desta geração perversa”.
Os milagres escritos por Lucas têm o objetivo didático de provar que Deus estava com a igreja e que a operação do Espirito Santo estava ativa, já que Seu Filho havia subido aos céus (Jo 14). Lucas realmente dizia que se Pedro, Paulo ou os apóstolos em geral realizavam as mesmas obras que Jesus havia feito, era porque foram aprovados por Deus. Era o primeiro milagre registrado depois da partida do Messias e esse milagre foi seguido de um novo discurso de Pedro - o terceiro (1o Sermão: Atos 1.15-23; 2o Sermão: 2.14-40 e 3o Sermão: 3.11-26). No versículo 6 (v.6) Pedro faz o milagre no nome de Jesus de Nazaré - O Ungido. Era importante usar o nome “Nazaré” uma vez que a ideia de uma pessoa que esteve no meio deles e fora crucificado não estava mais morto.
Pedro simplesmente estava indo para a oração da tarde, e aproveitando a oportunidade do milagre que Jesus fez, fez uma pregação focada na ressurreição de Jesus. O próprio Jesus havia prometido a continuação de suas obras poderosas através dos seus discípulos, prometendo-lhes obras ainda mais poderosas como resultado direto de sua ida para o Pai.
Sobre os Milagres Podemos Explicar:
- I. Manifestação da Fé no Beneficiado: lendo os quatro evangelhos e o livro de Atos percebermos que para que haja um milagre, deve haver a presença da fé́ por parte da pessoa que receberá o benefício, embora haja exceções conforme abaixo.
- II. Sem a Fé do Beneficiado: Quando os mortos foram ressuscitados, não podemos dizer que estes estavam ali crendo para receber a ressurreição, e nem dizer que eles de fato criam antes de serem mortos. Neste caso, apenas a pessoa que está ministrando deverá ter tamanha fé́ que para nós humanos são coisas impossíveis.
- III. Manifestação da Fé do Orador: Podemos dizer também, que certas pessoas tenham uma fé tão aperfeiçoada, que sua própria oração é sufi ciente para produzir os milagres sem a fé́ do doente.
- IV. A Detecção Cientifica da Fé: Hoje, já se pode detectar cientificamente através de aparelhos a presença da fé́ agindo no cérebro das pessoas produzindo um fluxo de energia registrada em raio-x. -V. Aumentar a Fé: Os milagres também possuem um poder didático muito grande. O milagre intensifica e aumentam a fé́ das pessoas envolvidas ou da comunidade cristã presente (At 2.43; At 4.16,21,22). -VI. Milagres Hoje: Devemos lembrar que hoje esse poder não é comum entre os cristãos devido a algumas dificuldades: a)- Esse poder não é buscado; b)- Nem sempre sabemos quais os meios que devemos usar para buscar esse poder, e c)- Pelo interesse financeiro que alguns homens operam em milagres se revelam avarentos.
Por outro lado, existem pessoas que operam neste poder espiritual sem nenhuma orientação espiritual satisfatória e ainda outros que operam com a ajuda de espíritos malignos e não com o Espirito Santo. A forma mais simples de perceber isso, é que o poder que operava nos apóstolos era suficiente para também mudar-lhes a vida, ao passo que numa maioria esmagadora de operadores de milagres do nosso século, fica evidente que o poder que opera milagres não é poder suficiente para mudar-lhes a vida.
Os Três Sermões de Pedro:
- Sermão: Atos 1.15-23;
- Sermão: 2.14-40 e
- Sermão: 3.11-26
O primeiro sermão, Pedro mostra que os acontecimentos extraordinários presentes eram cumprimento das profecias, pois nenhum judeu aceitaria qualquer coisa que fosse se esta não estivesse prevista na Lei e nos profetas. O segundo e terceiro sermões são bem parecidos e foi a base de muito sermões que os discípulos pregaram posteriormente:
- a)- São perfeitamente messiânicos;
- b)- Falam da rejeição de Jesus pelos judeus;
- c)- Destacam a ressurreição de Jesus Cristo provando que a vida eterna vinha dEle;
- d)- Mostra que aos ouvintes só́ lhe restam arrependimento e por ultimo, e)- Ambos sermões mostram que tudo estava registrado na Lei e nos profetas.
v.1 “subiam juntos ao templo à hora da oração...” Eles iam não apenas para orar, mas também para manter a tradição judaica de orarem por três vezes ao dia (Dan 6.10, Sal 55.17), mesmo não fazendo parte da Lei de Moisés, mas se tornou um costume entre os judeus conforme referencias (ver Maimonides, Hilch. Tephilis, cap. 1 e secções 1 a 4; e Talmude Babilônico Beracot, foi. 26:2).
A prática da oração e as festas não foram abandonadas pelos apóstolos, portanto nenhum judeu ortodoxo poderia apontar-lhes o abandono das tradições. Com o passar do tempo, as diferenças entre os cristãos e o judaísmo se tornaram mais evidentes, o templo foi destruído nos anos 70 e já não havia nem mesmo sacrifícios. Os apóstolos nunca negaram a observância da Lei, apenas explicavam seu verdadeiro significado.
At 18.18 Como podemos ver, Paulo faz voto e raspa a cabeça como era de costume judaico; At 21.23-26: Paulo faz parte de um sacrifício judaico onde tinha que lavar as vestes, raspar os pelos, banhar-se e ainda ficar impuro por sete dias quando no oitavo dia trazia um sacrifício ao sacerdote e pagava um valor (Lv 14-1-9; cf. Nm 19.1-10,17-22). Ao contrário, a igreja cristã continuava se reunindo em casa, partindo o pão e exigia o batismo em água para serem participantes da mesma - Ao longo do livro de Atos, vamos vendo as diferenças do judaísmo para o cristianismo.