O enganador sendo enganado (Gn 29:21-27)
Jacó trabalhou sete anos como se fossem alguns dias. Seu amor por Raquel era demasiado forte. No dia do matrimonio, Jacó que trabalha por Raquel, recebe Lia. O enganador é pela primeira vez enganado, e não ficará só nisso, Labão o enganará mais vezes.
Imaginar isso fica fácil quando se entende um pouco dessa cultura. Naquela época, as noivas permaneciam cobertas durante todo o casamento com o uso de um véu. O gesto ultrapassava qualquer compreensão que venhamos ter atualmente. Muito mais que um aparato estético desenvolvido por um estilista, os véus separam fisicamente aqueles espaços considerados particularmente sagrado de outros espaços (essa é a ideia do véu do Templo), e limitam o acesso a esses espaços.
Sendo assim, ao ver Raquel, Jacó está limitado a ter o acesso que deseja; pelo menos ali, diante de seus parentes, servos, e convidados. O véu seria mais tarde retirado pelo próprio jacó, mas em um ambiente, onde pela primeira vez, só ele poderia contemplar a beleza de sua esposa, claro, se não tivesse sido embriagado de vinho. Quando ele percebe toda a trama era tarde demais. Jacó, acostumado enganar, foi enganado.
Imediatamente ele vai à traz de seu tio Labão que prontamente tem na cultura, a resposta que aplacaria a fúria de Jacó: “Não se faz assim em nossa terra; não se dá a mais nova antes da primogênita.”(Vs26). Não sabemos ao certo o que Labão queria, se realmente cumprir o que disse ou Jacó trabalhando por mais sete anos; penso ser as duas coisas. Jacó tem que aguardar mais uma semana, esse era o tempo da primeira. Pelo menos aqui, Labão confia Raquel adiantando-a para depois ser pago o dote com o tempo, mas sete anos de trabalho. Por Lia e Raquel, Jacó trabalha quatorze anos.