=====CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO I. Um Procbsso Histórico. Como estudante diplomado do Novo Testamento, fiz um curso de um trimestre, na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos da América do Norte, limitado ao cânon do Novo Testamento. Fiquei impressionado diante do fato de que o processo de canonização, de qualquer coleção de Livros Sagrados, é um processo histórico que precisa de séculos para ser completado. As evidências em favor disso são esmagadoras e irrefutáveis. Contudo, podemos assumir vários pontos de vista sobre a natureza desse processo. Alguns liberais supõem que a canonização é apenas uma atividade humana, e que o resultado é apenas uma espécie de seleção de livros religiosos. O extremo oposto dessa suposição é a posição dos estudiosos extremamente conservadores, os quais pensam que esse processo histórico foi tão perfeito e exatamente guiado e inspirado pelo Espírito Santo que os livros que, finalmente, foram canonizados, foram precisamente aqueles que o Espírito de Deus queria que fizessem parte do cânon, e que os livros rejeitados foram repelidos não somente pelos homens, mas também pelo Espírito Santo. Em outras palavras, estes últimos não admitem qualquer possibilidade de erro ou de inferioridade na seleção. Entre essas duas opiniões extremas, temos a posição dos muitos eruditos conservadores que supõem que o processo de canonização foi divinamente guiado, embora também tenha havido o concurso decisivo do elemento humano. Para exemplificar, temos o caso da inclusão da epístola de Tiago, um livro especificamente escrito com o propósito de atacar a ideia paulina da justificação pela fé, refletindo, historicamente, o legalismo cristão (vide). Que esse legalismo foi uma realidade, vê-se obviamente no décimo quinto capítulo do livro de Atos. Diversos dos pais da igreja e dos reformadores protestantes rejeitaram a epístola de Tiago, julgando que a mesma não merecia lugar no cânon neotestamentário, exatamente por essa razão. Alguns também rejeitaram a epístola de Judas, por citar uma obra pseudepígrafa do Antigo Testamento (ver Jd 14, e o comentário no NTI, nesse versículo). Houve oito livros disputados que só foram aceitos no cânon já no século IV d.C.; mas, em algumas porções da igreja, nem mesmo então. Precisamos reconhecer esse fatos, percebendo que o processo de canonização envolveu grandemente a história e as opiniões humanas sobre o valor dos livros. O Espírito Santo não impulsionou os corações dos homens, de modo a concordarem completamente, e desde o início, sobre quais livros deveriam ser incluídos no cânon do Novo Testamento. No caso do Antigo Testamento, devemos considerar o problema inteiro dos livros apócrifos, os quais, a começar pelos judeus da dispersão, foram aceitos ou rejeitados, dependendo, essencialmente, apenas de questões geográficas. Essa disputa prolongou-se até aos dias neotesta- mentários, tendo sido resolvida somente na época da Reforma Protestante (embora de diferentes maneiras). O Espírito Santo nunca reuniu os homens a fim de informá-los acerca do que deveriam fazer com os livros apócrifos. Homens tomaram decisões racionais a respeito deles, e diferentes segmentos da igreja chegaram a diferentes decisões. Que os livros apócrifos revestem-se de grande valor, especialmente do ponto de vista histórico, é inegável. Mas, seriam suficientemente valiosos e dignos de serem incluídos no cânon? Os católicos romanos dizem “sim"; os protestantes dizem “não”; e os anglicanos hesitaram, antes de chegarem a qualquer decisão. II. O Salto da Fb. Os livros apócrifos devem ser incluídos no cânon do Antigo Testamento? Indagações como essa não podem ser decididas apenas sobre bases dogmáticas, porquanto, com base em considerações dogmáticas já há preferências doutrinárias a serem levadas em conta. Ninguém pode dizer: “Este ou aquele livro é canônico, pois concorda com minha interpretação de quais doutrinas deveriam ser ensinadas”. Se alguém fizer isso, já estará partindo de um pressuposto. Em outras palavras, já sabe de antemão onde quer chegar, dirigindo seus argumentos para esse ponto, desrespeitando qualquer argumentação em contrário. Por isso, o que alguém disser sobre o cânon terá de depender, parcialmente, de um salto de fé. Os estudiosos extremamente conservadores dão seu salto de fé na dependência de sua convicção de que não pode ter havido erro ou inferioridade envolvidos na seleção canônica final. Esses acreditam que o resultado final do processo foi predestinado de modo absoluto, desde o começo, apesar do fato de que foram necessários séculos para que esse resultado fosse obtido. Por sua vez, os intérpretes liberais cm extremo partem, em seu salto de fé, da ideia de que o Espírito (se é que o Espírito existe, conforme eles pensam) não estava interessado em tal resultado, e que foram homens, usando todo o bom senso de que eram capazes, que fizeram uma seleção razoável de material, provendo-nos uma visão respeitável das origens judaico-cristàs de nossas crenças. Não obstante, esses extremamente liberais lamentam o que pode ter sido deixado de lado, pensando que o material rejeitado poderia fornecer-nos também uma compreensão útil sobre essas questões. Então os extremamente conservadores voltam à carga, injetando em seu princípio de canonização a noção dê que os livros, tão exatamente selecionados, não podem envolver qualquer erro, sendo absolutamente autoritários, ou mesmo autoridades absolutas, conforme dizem alguns deles. Mas os extremamente liberais pensam que isso não passa de uma racionalização dogmática, partindo do pressuposto de que a seleção feita, apesar de útil, tem seus pontos positivos e negativos, suas verdades e erros, e que, em nenhum sentido pode ser considerada absoluta ou exclusivamente autoritária. Prezados leitores, sou forçado a dizer essas coisas. Em parte alguma das próprias Escrituras encontramos qualquer declaração acerca de qualquer seleção canônica final. Os próprios autores sagrados não tinham consciência de que os livros que estavam produzindo algum dia seriam parte de uma coletânea reverenciada como sagrada e canônica. Isso não significa que eles não tinham consciência da inspiração divina de suas obras. Mas isso já é coisa bem diferente da formação de uma coleção de livros divinamente inspirados. Somente o autor do Apocalipse, em todo o Novo Testamento, antecipou uma espécie de uso canônico de seu livro (ver Ap 22.18,19). Mas, ironicamente, foi exatamente esse o livro que exigiu mais tempo para ser aprovado como canônico pela igreja universal. É uma interpretação descabida aquela que faz o trecho de Apocalipse 22.18,19 aplicar-se à inteireza do Novo Testamento, e não somente àquele livro profético, pois trata-se de uma referência específica ao próprio livro de Apocalipse, e não à coletânea inteira que, quando essa declaração joanina foi escrita, nem existia ainda. Portanto, voltamos a dizer que qualquer afirmação a respeito da natureza do cânon é um dogma humano, e não uma afirmação feita pela própria Bíblia Sagrada. No entanto, os homens fazem de seus dogmas uma parte necessária do ortodoxia, procurando assustar aos que se consideram hereges, por não concordarem com eles, acusando-os de manipularem a palavra de Deus. Naturalmente, o ponto de vista dos liberais também constitui o seu dogma, havendo certos fatores da verdade que eles perdem de vista, em seu salto de fé. II. BUSCANDO UMA POSIÇÃO INTBRMBDIÁRIA. Usualmente, a verdade sobre as questões debatidas jaz em algum ponto entre suas interpretações exageradas. Não afirmo que isso sempre ocorre, mas tal princípio com frequência funciona, exigindo de nós a devida atenção. Portanto, quero aplicá-lo aqui:

  1. Contra os liberais extremados. Quero salientar que o curso do liberalismo está calcado sobre o ceticismo (vide). Quem é liberal aborda todos os problemas com certa falta de fé. Também sente-se muita insatisfeito com os muitos dogmas que estão mesclados a tantas questões religiosas, e anela por desfazer os dogmas. Ele se sente como um cruzado. Mas, idêntico sentimento é compartilhado pelos extremamente conservadores. Assim, há um inevitável choque de radicais. O extremamente liberal observa que o processo de canonização precisou de séculos para completar-se; percebe como vários livros foram disputados; nota como vários segmentos da igreja chegaram a conclusões diferentes; toma consciência de que algum bom material não chegou a fazer parte do cânon; e também sabe que certas obras de Paulo se perderam, e que ele supõe que eram tào boas como aquelas que foram preservadas; e, finalmente, especula que, provavelmente, havia muitos livros úteis, nos dias do Novo Testamento, que deveriam ter sido incluídos no cânon. Ele pode usar o prólogo do Evangelho de Lucas, baseando-se num argumento em prol de suas suposições e usando esse prólogo como texto de prova. Ele reúne todos esses fatores e conclui que o que sucedeu foi apenas um processo humano de seleção, e que se o fator divino estivesse envolvido na questão, não teria havido tanta contorção. Como um toque final, o extremamente liberal salienta que certos livros que finalmente entraram no cânon (como a epístola de Tiago) deixaram insatisfeitos alguns dos estudiosos mais conservadores (como Lutero). Sua fórmula está preparada. Segundo ele, o cânon foi produzido pela atividade humana, e a própria natureza dessa atividade obtém sucessos e sofre derrotas. Isso não significa que ele nâo veja valor naquilo que foi produzido. Ali há grandiosas idéias; ali há espiritualidade e instrução; ali há contribuições valiosas à literatura e à história. Deus talvez se mova em meio a tudo aquilo, e isso contribui para o bem. Mas, a última coisa que o extremamente liberal quer ser é culpado de bibliolatria (vide). Minha Avaliação. Penso que os estudiosos extremamente liberais, apesar de toda boa intenção que possam ter, nos oferecem pouco demais. O que eles oferecem náo é bastante para mim. Em primeiro lugar, quero destacar que podemos criar um bom argumento sobre como a vontade de Deus opera no e através do processo histórico. Que um processo qualquer precise de muito tempo em nada detrata da orientação divina, dentro desse processo. De fato, a própria inquirição espiritual está ín- timamente envolvida no processo histórico, sem importar se da igreja, como uma organização (com base, desde o começo na evolução espiritual judaica), ou se de indivíduos isolados. Todas as coisas de valor precisam de tempo para concretizar- se. Em segundo lugar, no tocante aos valores espirituais, não precisamos de perfeição. É como alguém já disse: “Não se joga fora o bebê, juntamente com a água de seu banho”. Os liberais, em seu intuito de desfazer os dogmas, podem jogar fora o bebê espiritual, juntamente com a água das manipulações humanas. Eles podem aplicar um exagerado ceticismo, deixando- nos ao léu, naquele mar onde o Espírito de Deus não se move. E esse mar é totalmente estéril. Em terceiro lugar, é razoável supormos que visto que a literatura é a maneira mais eficaz de comunicação, Deus, ao querer comunicar-se com os homens, poderia ter usado esse método, entre outros. Penso que isso não é esperar demais. De fato, temos essa coleção de 39 livros do Antigo Testamento e 27 livros do Novo Testamento. E, se alguns segmentos da igreja querem um maior número de livros, que os obtenham. Neles, poderão buscar a comunicação divina; não havendo necessidade de serem livros perfeitos, hermeticamente selados, para transmitirem esse recado. Em quarto lugar, o fato de que outras sociedades têm suas coletâneas sagradas, nada diz contra a coletânea judaico-cristà. Por enquanto, que outros decidam quanto ao valor que nela encontram, porque, agora, estamos preocupados somente com o cânon da Bíblia Sagrada.
  2. Contra os conservadores extremados. Em primeiro lugar, eles ignoram o elemento humano que, inevitavelmente, deve atuar sobre a formação de qualquer coletânea de livros sagrados. Em segundo lugar, sempre precisam aplicar sua fé de modo que não pode haver qualquer erro, quer na coletânea como um todo, quer em qualquer livro isolado dessa coletânea. Tudo isso faz parte de seu salto de fé, tornando-se um dogma duro como o diamante. É um dogma, porque as Escrituras nâo contêm tal ensino. Em terceiro lugar, mediante um raciocínio a priori, eles ignoram quaisquer problemas que encontrem no caminho, porquanto partem de um pressuposto. Em quarto lugar, eles equiparam o que chamam de ortodoxia à verdade. Mas as duas coisas nem sempre são a mesma coisa. Ademais, eles preferem sua ortodoxia particular à verdade, mesmo quando as evidências lhes são esmagadora- mente contrárias. Isso é brincar com a verdade, e não inquirir pela mesma. Em quinto lugar, eles demonstram grande dose de imaturidade em sua maneira de pensar, porquanto nâo podem tratar das questões espirituais exceto com base em livros presumivelmente perfeitos em todos os aspectos. Lamento ter de usar aqui uma antiga ilustração liberal, mas é que nela há uma certa verdade. Os extremamente conservadores defendem uma teoria que se assemelha a um balão. Se alguém perfurar o balão em qualquer lugar, todo o ar ali contido escapará inevitavelmente. A verdade, porém, não se assemelha a um balão, que qualquer indivíduo ou sistema possa perfurar. A verdade nunca sofre coisas desse jaez. Em sexto lugar, embora professando-se reverenciadores do Livro Sacro, eles criam um dogma a respeito do mesmo que chega a ter aspectos irracionais. Finalmente, tal como o ceticismo é a maldição do liberalismo, assim também o espirito contencioso é a maldição do conservatismo extremado. Este promove campanhas em favor de dogmas sobre as Escrituras, de uma maneira quase belicosa, utilizando-se da palavra “herege” de modo ridículo e contra quem não a merece.
  3. O Meio-termo. Até esse ponto de minha exposição, tenho falado sobre as filosofias que circundam o problema do cânon. Tendo dito o que penso que deve ser dito sobre isso, abordarei o aspecto histórico do processo. Primeiro a filosofia e depois a história. Portanto, quais bases filosóficas sâs devemos utilizar em nosso estudo sobre o cânon? Alisto algumas bases filosóficas óbvias: a. De modo geral, evitemos os dois extremos que acabamos de discutir, b. Tenhamos a confiança de que Deus falou através da literatura, e que os nossos Antigo e Novo Testamentos representam essa comunicação, c. Não façamos uma parte necessária da nossa fé que o cânon tem de incluir exatamente aqueles livros que possuímos na Bíblia, e que não pode incluir outros. Estou convicto de que a epístola a Tiago foi escrita para combater idéias de Paulo; mas ali há coisas boas que precisam ser ditas. Tenho ensinado sobre a epístola de Tiago, versículo após versículo, mas nunca deixei de ressaltar que existem considerações históricas que deveriam ser levadas em conta. O judaísmo antigo não desistiu facilmente de seu sistema de mérito através das obras, e essa ideia penetrou no cristianismo primitivo, conforme se vé em Atos 15, e conforme a história eclesiástica subsequente demonstra amplamente. Portanto, ensino a epístola de Tiago com essas qualificações, e não preciso encontrar uma perfeita harmonia entre todos os livros da Bíblia, para encontrar neles coisas boas e úteis. Se eu tivesse de escolher entre Tiago e Efésios, este último livro ganharia quilômetros à frente. Não é mister contemplarmos o Novo Testamento como se cada um de seus livros tivesse igual valor: há livros mais profundos do que outros, d. E de bom alvitre respeitar o que os pais da igreja e os concílios antigos disseram sobre o cânon das Escrituras. O que eles fizeram produziu um bom resultado. No entanto, eles poderiam ter chegado a outras decisões, resultando em um Novo Testamento levemente diferente, sem que isso prejudicasse em nada qualquer questão de fé e práticas cristãs, e. Acima de tudo, respeitemos a autoridade das Escrituras, mas não dogmatizemos a questão da autoridade (vide), afirmando que não existem outras autoridades que também deveriam influenciar naquilo em que cremos e praticamos, f. Finalmente, em todas as coisas, apliquemos a lei do amor naquilo que dizemos e fazemos. Palavras ásperas originam-se no ódio; e é um erro ferir a outrem em defesa de pontos de vista teológicos. IV. BREVE DECLARAÇÃO DO PROCBSSO HISTÓRICO DO CANON DO ANTIGO TBSTAMBNTO
  4. A Lei. A piedade judaica supunha que Moisés era autor dos livros da lei, com a exceção única de algumas poucas passagens; e também julgava que, desde o começo, seus escritos foram respeitados como comunicações divinas. Isso nos daria uma data bem remota para a canonização da lei, isto é, cerca de 1500 a.C. Os eruditos liberais pensam que não houve qualquer processo real de canonização senão quando foi reencontrado o livro de Deuteronômio — no templo de Jerusalém, que aconteceu durante a reforma encabeçada por Josias, em 621 a.C. Esse livro ter-se-ia tornado o texto base das reformas, e, subsequentemente, o núcleo da lei judaica, de Gênesis a Deuteronômio, que atingiu seu total desenvolvimento no começo do século IV a.C. Foi por essa altura que essa coletânea foi considerada a plena expressão da vontade divina. Quando examinamos os livros do Pentateuco, no tocante à sua autoria, observamos que o livro de Gênesis, que aborda ocorrências anteriores a Moisés, não traz qualquer informação sobre seu autor. Mas os incidentes historiados em Gênesis exibem um conhecimento de causa muito grande, devendo estar baseados em documentos escritos e cuidadosamente preparados. Portanto, embora esse livro possa ter sido escrito por Moisés, pode ter sido muito mais uma compilação de obras escritas anteriormente. Os demais livros do Pentateuco também não mostram qualquer indicação quanto ao seu autor, mas a principal personagem e autoridade é Moisés. Por mais de 75 vezes, somente no livro de Êxodo, é dito que “disse o Senhor a Moisés”, o que mostra a consciência de que esses documentos estão alicerçados sobre a vontade revelada de Deus, sem importar quem tenha registrado em forma escrita as suas palavras. Além disso, foi Deus quem revelou essa vontade a Moisés. E o mesmo modo de expressão prossegue nos demais livros do Pentateuco. Poderíamos perguntar, com toda a razão, se foi Moisés quem escreveu diretamente esses livros, por qual motivo não se lê ali: “disse-me o Senhor”, em vez de "disse o Senhor a Moisés”? Certamente os profetas escreveram na primeira pessoa do singular. Não obstante, duas coisas devem ser ditas por esta altura: a. A canonicidade não depende do autor envolvido; depende de quão digno de confiança é o registro e o propósito espirituais, b. Mesmo que Moisés não tenha escrito esses livros, na forma como eles se acham, eles se parecem com narrativas de alguma testemunha ocular da vida e da época de Moisés. Se esses livros refletem uma revelação espiritual genuína, sobre os tempos de Moisés, é totalmente imaterial se Moisés agiu como autor, compilador ou recebe- dor da mensagem, ou se isso foi feito por algum outro autor. A questão da autoria, com os devidos detalhes, é abordada nos artigos sobre cada livro em particular; é ali que o leitor poderá encontrar os argumentos acerca da questão. O resto do Antigo Testamento, bem como o Novo Testamento, consideram que o Pentateuco teve Moisés como autor. Moisés é mencionado por 56 vezes no livro de Josué, e sua lei escrita é ali referida por quatro vezes, segundo se vê em Josué
  5. 7; 8.31,32 e 23.6. Essas alusões quase certamente garantem que o próprio Moisés escreveu ao menos o núcleo do que se encontra no Pentateuco, e que, pelo menos, ele foi o compilador de certas porções, e escritor original de outras porções. Expressões similares encontram-se em Juizes 3.4; IReis 2.3; 8.9; 2Reis 18.6. Naturalmente, em livros posteriores, como os de Crônicas, Esdras e Neemias, é simplesmente declarado que Moisés escreveu a lei. (Ver Ne 9.14; Ed 7.6,14 etc). O trecho de João 5.46 registra que Jesus meramente declarou que Moisés escreveu a seu respeito, e isso reflete a comum tradição, da época de Jesus, de que Moisés foi o autor do Pentateuco. Ver a seguir as referências neotestamentárias sobre essa questão. A questão da autoria mosaica do Pentateuco é importante por ter sido ele uma grande e bem reconhecida figura espiritual, pelo que, o que ele escreveu, deve ser respeitado como divinamente inspirado. É nesse ponto que encontramos a primeira comprovação de canonicidade. Porém, essa verdade em nada se alteraria, ainda que alguma outra pessoa ou pessoas tivessem escrito o material, incorporando as experiências e revelações feitas a Moisés.
  6. Os Profetas, os Anteriores e os Posteriores. As evidências históricas demonstram que os profetas anteriores, como Josué, Juizes, Samuel e Reis, bem como os profetas posteriores, como Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores, eram considerados Escritores Sagrados pelo menos desde 250 a 175 a.C. Naturalmente, os eruditos conservadores supõem que os escritos dos profetas, desde perto da data de escrita de cada um deles, foram reconhecidos como mensagens espirituais, como se desde quase imediatamente tivessem recebido uma posição canônica. O raciocínio a priori, por detrás dessa suposição, é que um profeta distinguia-se de tal modo que os seus escritos não demoravam a assumir uma função autoritária. Os eruditos liberais, por sua parte, supõem que os livros dos profetas não foram aceitos prontamente por causa da mensagem geralmente negativa, e porque havia resistência a qualquer coisa, excetuando a autoridade de Moisés. Historicamente, não contamos, praticamente, com qualquer evidência sobre a qual podemos basear discussões a esse respeito. Mas a experiência humana mostra que uma figura profética sempre é impressionante, e que ela logo consegue um bom grupo de seguidores. Além disso, um profeta sofre oposição daqueles que preferem o status quo. Portanto, se a experiência nos serve de guia sobre a questão, então podemos afirmar que, desde o começo, os profetas do Antigo Testamento tinham seguidores que os aceitavam como autoridades espirituais, ao passo que o clero de sua própria geração, mui provavelmente não deu valor aos escritos deles. No caso do Novo 'Testamento, sabemos que, desde o começo, várias das epístolas de Paulo tiveram uma virtual autoridade canônica, e que, no começo do segundo século d.C., havia um pequeno Novo Testamento, em nada considerado inferior ao Antigo Testamento. No caso de Maomé, para ilustrar o ponto, em seu próprio período de vida, seus escritos já eram considerados autoritários, pelos discípulos por ele reunidos. Não há nenhuma razão suficiente para supormos que outro tanto não sucedeu aos profetas do Antigo Testamento. Pelo menos, é verdade que suas mensagens foram transmitidas como inspiradas por Deus. Há numerosas referências como “disse o Senhor”, ou como Eis que ponho na tua boca as minhas palavras (Jr 1.5-9). Também existem visões extáticas como as de Isaías (6.6-9), ou as de Ezequiel (3.3,4), um fenômeno comum entre os profetas, evidenciando que a tradição profética operava desde o começo.
  7. Os Escritos. Essa é a terceira porção do cânon hebraico, constituída por certa variedade de livros. Esses livros são os Salmos, Provérbios, Jó e os cinco rolos: Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester, cada um dos quais era lido em uma das cinco grandes festas, da Páscoa à festa de Purim. Além desses, há os livros de Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas e Eclesiastes. Dentre esses livros todos, o Cântico dos Cânticos e o Eclesiastes foram os últimos a serem aceitos como canônicos. As datas marcadas pelos estudiosos liberais ficam entre 160 e 105 a.C. Também havia livros disputados do Antigo Testamento, o que é discutido, com a ajuda de um gráfico, no quinto ponto. Os liberais argumentam que nenhum passo consciente foi dado com vistas à formação de uma terceira divisão, até que se encerrou a segunda divisão (os profetas). Uma vez fechado o cânon, as pessoas relutariam em reabrir suas mentes à possibilidade do aparecimento de outras Escrituras. A ordem dos livros em questão é salientada como prova disso. Esdras, Neemias e Crônicas, se tivessem sido aceitos desde o começo, conforme prossegue esse raciocínio, teriam sido colocados juntamente com outros livros históricos. Antes, ficaram juntos, e isso mostra que, como uma espécie de unidade, eles apareceram posteriormente. Entretanto, não sabemos as razões da ordem dos livros do Antigo Testamento, uma vez que a cronologia histórica foi perturbada por eles, a menos que o prestígio pessoal dos autores tenha exercido algum efeito sobre esse arranjo. Alguns eruditos têm argumentado que a tradução desses livros, do hebraico para o grego, uma tradução de qualidade inferior à tradução dos livros anteriores, mostra-nos que eles eram considerados menos dignos de respeito. Porém, é possível que esses livros apenas tenham sido entregues a tradutores menos habilidosos. A maneira vaga como esse grupo de livros é referido no livro de Eclesiástico, “o resto dos livros”, presumivelmente diz-nos que eles tinham menor prestígio. Contudo, isso não é mais vago do que as referências gerais que dizem “a lei e os profetas”, por exemplo. É possível que Josefo tenha refletido uma antiga opinião, ao informar- nos que o cânon foi essencialmente fechado nos dias de Arta- xerxes (465-425 a.C.), e que “desde aquele tempo, nenhuma alma aventurou-se a alterar uma sílaba”. Ver Contra Apionem
    1. No mesmo contexto, Josefo menciona que alguns livros merecem menos confiança do que outros, e que a sucessão dos profetas não foi fixada com exatidão, isso permite-nos ver que havia dúvidas e livros disputados, embora o sentido exato dessa citação seja incerto. Se pudermos tomar como padrão aquilo que sucedeu aos livros do Novo Testamento, então podemos asseverar que, excetuando o caso dos livros disputados, o poder de algum líder espiritual ou profeta já servia de garantia de que, pouco depois de seu tempo (quando a oposição à sua pessoa, por parte das autoridades religiosas, que procuravam manter o status quo, já havia passado), os seus escritos eram considerados autoritários. Em certos sentidos, a discussão em nada redunda. Eu gostaria de salientar que os argumentos pró e contra não são tudo quanto importa. Os escritos que encerram alguma mensagem espiritual para nós, podem ser rejeitados e desprezados sem qualquer motivo real. Assim, Jesus e a sua mensagem foram francamente rejeitados pela maioria dos judeus de sua época. Isso é um fato histórico. As autoridades eclesiásticas anela- vam por declarar que os escritos a seu respeito não tinham qualquer valor. Todavia, isso não correspondia à realidade do caso. Por conseguinte, um profeta do Antigo Testamento e a sua mensagem podem ter sido rejeitados injustamente. A data ou antiguidade não é a única consideração que se deve levar em conta aqui. De fato, o poder e a utilidade da própria mensagem são mais importantes do que a data em que uma mensagem passou a ser aceita. Não obstante, o peso da evidência, bem como a razão, parecem favorecer a aceitação do Antigo Testamento desde os primeiros tempos, em todas as suas divisões, excetuando os livros disputados. Nosso principal problema com os Escritos Sagrados é o seu valor intrínseco, e não a época em que os homens resolveram aceitá-los. V. 0$ LIVROS DISPUTADOS. EVIDENCIAS COLHIDAS NOS CATÁLOGOS CRISTÃOS. A citação extraída acima, dos escritos de Josefo, mostra que, no tempo de Artaxerxes (465-425 a. C.), na cpoca de Esdras, havia livros disputados do Antigo Testamento, e as pessoas não sabiam onde traçar a linha divisória no tocante à tradição profética autêntica. Com a tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego, e com a inclusão dos livros apócrifos naquela obra (285-246 a.C.), outros livros duvidosos foram acrescentados à lista. Os livros que eram respeitados, embora não reputados tão valiosos quanto outros, eram Lamentações, Baruque, Ester, Eclesiástico, Sabedoria, Tobias, Judite ele 2Macabeus. Naturalmente, as dúvidas incluíam outros livros, em menor grau, e a outros livros apócrifos, em grau maior. Se excluirmos os livros apócrifos, os livros de Cantares e Eclesiastes foram os que permaneceram na dúvida por mais tempo. Mesmo após o sínodo de Jamnia, no ano 90 d.C., alguns rabinos não queriam aceitar o livro de Ester como parte das Escrituras Sagradas, talvez porque ali não é mencionado o nome de Deus nem uma vez sequer. Ver o gráfico ilustrativo sob o ponto 12, que ilustra este problema. VI. Os Livros Apócrifos. O cânon palestino e o cânon alexandrino. Existiam, realmente, estes dois cânones do AT nos tempos helenistas? Alguns eruditos negam, absolutamente, que isto seja a verdade. A argumentação deles se baseia essencialmente sobre a falta de qualquer indicação clara sobre dois cânones diferentes, em citações de pessoas daquele tempo, ou depois. Contra isto, devemos observar que a própria existência da Septuaginta, com seus livros extras, é prova absoluta de um cânon além daquele da Bíblia hebraica da Palestina. O Antigo Testamento foi traduzido para o grego no reinado de Ptolomeu Filadclfo (285-246 a.C.). Ver o artigo sobre a Septuaginta, ou LXX, quanto a detalhes mais completos a respeito. Essa obra continha os catorze livros apócrifos do Antigo Testamento; mas, pelo menos para os judeus da dispersão, esses livros eram considerados Escrituras Sagradas. Quase a coleção inteira, através da decisão do Concilio de Trento (vide), ao tempo da Reforma Protestante, foi adotada pela igreja Católica Romana, ao passo que o cânon protestante manteve-se idêntico ao cânon palestino (ou hebraico), que consiste nos nossos 39 livros do Antigo Testamento, posto que arrumados de maneira um tanto diferente. Torna-se óbvio, pois, que, nos tempos de Jesus, havia um cânon mais amplo, aceito por muitos, que ultrapassava aos nossos 39 livros veterotestamentários. Ver o artigo geral sobre os Livros Apócrifos, quanto a detalhes sobre a questão, bem como quanto a uma descrição sobre a natureza dessa obra. O segundo ponto desse artigo ilustra o uso dos livros apócrifos no Novo Testamento. O terceiro ponto encerra uma discussão sobre o cânon, no que tange a essa obra. VII. O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO NO NOVO TESTAM BNTO. As muitas citações do Antigo Testamento no Novo mostram a estatura canônica daquela coletânea, nas mentes daqueles que escreveram o Novo Testamento. Há um artigo separado, intitulado Citações no Novo Testamento, que ilustra amplamente a questão. Vários livros do antigo pacto, a saber, Ester, Eclesiastes, Can tares de Salomão, Esdras, Nee- mias, Obadias, Naum e Sofonias não são citados diretamente no Novo Testamento, mas é provável que isso apenas ilustre a questão da seleção de passagens a serem usadas, nada significando contra a posição canônica dos livros assim omitidos. O termo “Escrituras" é frequentemente usado no Novo Testamento, apontando para o Antigo Testamento. (Ver Mt 26.54; Jo 5.39; At 17.2). Além disso, temos 2Timóteo 3.16, que reivindica inspiração divina para esses livros; e também 2Pedro 1.21 reflete isso. Jesus referiu-se à lei e ao fato de que Moisés escreveu a seu respeito. Aludiu aos profetas, como quem escrevera acerca dele. De fato, começando por Moisés, passou por todos os profetas, encontrando referências que prediziam o seu ministério (Lc 25.27). O trecho de Lucas 24.44 conta que quando os discípulos relataram o diálogo que tinham tido com Jesus, a caminho da aldeia de Emaús, eles incluíram Moisés, os Salmos e os Profetas como aquelas porções bíblicas que Jesus usara para mostrar-lhes o que fora previsto sobre sua pessoa. Admite-se universalmente que o cânon de 39 livros do Antigo Testamento hebraico era universalmente aceito nos dias do Novo Testamento. As únicas exceções a essa aceitação eram os saduceus, os quais, provavelmente, aceitavam somente Moisés (a lei), e os céticos, que nem ao menos se deixavam impressionar pela autoridade de Moisés. Em caso contrário, por qual razão negavam até mesmo a existência dos anjos, seres comumente mencionados no Pentateuco? (Ver Gn 16.7,9,10; 19.1; Êx 3.2; 14.19; Nm 20.16; 22.22), o que é apenas uma seleção representativa de referências aos anjos no Pentateuco. O trecho de Atos 23.8 revela-nos o que os saduceus criam quanto a certos particulares, mostrando o quão céticos eles eram. É difícil perceber como eles poderiam ter usado os Salmos e os Profetas como livros canônicos, incluindo os ensinos dos mesmos em suas doutrinas. Os cânones dos dias de Jesus. É evidente, pois, que nos dias de Jesus, havia três cânones: 1.0 cânon dos judeus palestinos, de tendências farisaicas, seguidos pelas massas populares: os tradicionais 39 livros do Antigo Testamento hebraico. 2. O cânon da Septuaginta (chamado “alexandrino"), que incluía os livros apócrifos, aceito pelos judeus da dispersão, isto é, judeus que falavam o grego. 3. O cânon abreviado dos saduceus (a cujo partido pertenciam muitas autoridades judaicas, que dominavam a política da nação), que incluía somente o Pentateuco, com exclusão de todos os demais livros do Antigo Testamento. Levanta-se, portanto, a indagação: os cristãos primitivos aceitavam o cânon ampliado da Septuaginta? Ver o oitavo ponto, abaixo. VIII. OS LIVROS APÓCRIFOS B OS CRISTÃOS PRIMITIVOS. Quando era estudante em seminário teológico, foi-me ensinado que o Novo Testamento nunca cita os livros apócrifos do Antigo Testamento. Porém, quando escrevi o Novo Testamento Interpretado, e tive de repassar versículo após versículo, através de todos os capítulos do Novo Testamento, fiquei surpreso ao descobrir as muitas vezes em que ali há reverberações verbais ou mesmo citações diretas dos livros apócrifos. Visto que se sabe de modo absoluto que os escritores do Novo Testamento, como um todo, usavam a versão Septuaginta em suas citações, esse fato deixa de ser surpreendente. Se alguém não aceita os livros apócrifos do Antigo Testamento como canônicos, também inclina-se a afirmar que os escritores do Novo Testamento, iguaimente, não aceitavam esses livros como inspirados. É possível que alguns dos autores do Novo Testamento tivessem os livros apócrifos em menor estima, e, de fato, eles merecem menor estima. Mas o uso que deles se faz, no Novo Testamento, quase certamente indica que os autores sagrados do Novo Testamento os respeitavam, considerando-os Escrituras. As poucas vezes, falando relativamente, em que são citados podem indicar que eram menos favorecidos, sendo provável que o prestígio desses livros variasse de indivíduo para indivíduo, pelo que nào podemos fazer qualquer declaração geral sobre essa questão, sem a devida qualificação. Também reconhecemos que os escritores do Novo Testamento citaram livros históricos e poetas seculares; e isso nào faz desses livros obras inspiradas. Porém, fica de pé o fato de que os escritores do Novo Testamento citaram os livros apócrifos. Ver o artigo sobre os Livros Apócrifos, segundo ponto, quanto a ilustrações de citações dessas obras, nas páginas do Novo Testamento. IX. CITAÇÕES DOS LIVROS APÓCRIFOS DO ANTIGO TES- TAMBNTO PELOS PRIMEIROS PAIS DA IGREJA. Ver O gráfico sob ponto 12, que ilustra esta informação. Também tem sido erroneamente afirmado que os primeiros pais da igreja não citaram os livros apócrifos como Escritura. Porém, as evidências rebatem essa afirmação. Como é óbvio, a questão era debatida, e o prestígio desses livros variava de pessoa para pessoa. Alguns (como Jerônimo) rejeitavam-nos abertamente; mas outros os aceitavam. Alguns estudiosos recentes negam que houve um cânon alexandrino (dos judeus da dispersão), presumindo que até mesmo os judeus que viviam fora da Palestina aceitavam o cânon palestino em hebraico. Mas, as citações existentes no Novo Testamento e nos escritos dos pais da igreja, refletindo a Septuaginta, mostram que tal assertiva não concorda com os fatos. O dogma mostra-se tão renitente, quanto a essa questão que, a fim dos homens livrarem-se dos livros apócrifos, alguns chegam a afirmar que a Septuaginta, em seu estado primitivo, não continha esses livros, que só mais tarde teriam sido adicionados. Mas, mesmo que isso fosse verdade, finalmente a Septuaginta chegou a incluir os livros apócrifos, e, na época de Jesus, eles se encontravam ali, sendo aceitos como parte integrante das Escrituras, o que é demonstrado pelo fato de que os escritores do Novo Testamento não titubearam em citá-los. Ver uma discussão sobre as datas dos livros apócrifos, o que dá alguma ideia acerca de quando esses livros começaram a penetrar no cânon usado pelos judeus da dispersão. Naturalmente, pode-se demonstrar facilmente que vários dos pais da igreja desprezaram ou mesmo rejeitaram os livros apócrifos. Além de Jerônimo, podemos mencionar Tertuliano e Orígenes. Mas meu gráfico, que vem abaixo, mostra que eles também citaram os livros apócrifos. Até mesmo os conservadores mais radicais admitem que esses pais citaram esses livros de vey. em quando, e que a questão inteira está eivada de dúvidas, devido à ausência de evidências mais sólidas e definitivas. Quando imperam tais condições, os homens sempre procuram distorcer as evidências em apoio àquilo em que querem acreditar, ignorando as evidências em contrário. Uma vez mais, cumpre-me afirmar que a questão do cânon pode ser melhor examinada sob o ponto de vista do valor intrínseco de cada livro, e, apenas secundariamente, com base em datas e aceitação histórica. Seguindo-se o correto padrão, penso que é evidente que os livros apócrifos (como um todo), não merecem a mesma aceitação que os tradicionais 39 livros canônicos do Antigo Testamento hebraico têm alcançado. possível que a igreja Anglicana tenha tomado a posição correta sobre a questão, ao afirmar que esses livros canônicos são bons para servir de exemplo à vida e para instruir sobre as maneiras, mas não servem de base para nossas doutrinas. A isso podemos acrescentar a grande valia histórica de alguns dos livros apócrifos, que iluminam o período intermediário entre o Antigo e o Novo Testamentos.