Qual o significado de Aborto na Bíblia? Conceito.

Frequentemente a expressão aborto na Bíblia é associado a um nascimento prematuro, espontâneo, da natureza e sobre qualquer hipótese, no AT ou no NT o ato é poupado. O aborto é um crime aos olhos de Deus. Nós sabemos inclusive que no antigo mundo greco-romano, o aborto não era considerado crime, nem delito. Inclusive, as mulheres dispensavam seus filhos nas ruas nesse período.

O aborto foi defendido por homens importantes na cultura grego-romana, tais como Sócrates e Epicteto; ambos a seus modos, contrariavam o imdicativo do juramento de Hipócrates que dizia: “a ninguém darei uma droga mortal ainda quando me seja solicitada, nem darei conselho com este fim. Da mesma maneira, não darei a nenhuma mulher supositórios destrutivos: manterei minha vida e minha arte distante da culpa.”

Os cristãos dos primeiros séculos passaram ser conhecido pelos profundos atos de caridade ao adotar várias e várias crianças jogadas sobre a vala; isto é, as que sobreviviam aos mais severos atentados a vida intrauterina. Epicteto, no século II diz que “é equivocado comparar uma estátua ao cobre em estado de fusão e homem ao feto”.

Claro que o Aborto não esta ligado apenas aos elementos escriturísticos, as mais diversas culturas da antiguidade, tais como por meios de descobrimentos arqueológicos em lugares remotos como na China, Pérsia e Índia isso era bastante comum entre as mulheres. Enquanto no antigo Egito o papiro Ebers cuja origen se remonta a 1500 a.n.e – antes da nossa era – no reinado de Amenhotep I, da dinastia XVIII, se encontrava receitas para a interrupção da gravidez.

O aborto sempre foi condenado

As alternativas para interromper a gestação, embora praticadas pelos paízes mencionados, não era uma prática permitida livremente, tanto na Bíblia como no Código de Hamurabi, codigo que regia o mundo nos dias dos patriarcas, preocupavam-se também com o ressarcimento ou compensação do dano por este causado. Mas nesse sentido, era tido vida por vida, tanto a vida adulta, como a prejudicada intrauterina.

O Egito antigo também buscava uma solução pertinente em relação ao aborto. Contudo, posteriormente, no Código de Manu, aplicado também na Índia, foi cogitada a prática do aborto como sendo um ato de cunho ilícito. Os Assírios puniam severamente a prática do aborto, aplicando pena de morte a quem o praticasse em mulher que ainda não tivesse filhos.

Estes ainda puniam também as mulheres que se submetessem as manobras abortivas, sem o consentimento de seus maridos, consistindo a referida punição na empalação, a qual resultava sempre em morte, como foi apresentado por (Matielo, 1996, pg. 13).

Na Pérsia o código de conduta da população encarava a questão do aborto do seguinte modo: se a jovem, por vergonha do mundo, destrói seu gérmen, pai e mãe são culpados; ambos partilharam do delito e serão punidos com morte infamante (Matielo, 1996, pg. 13).

Os persas adotavam um sistema de repressão familiar, onde não só a jovem era punida, mas também seus pais eram igualmente responsabilizados. Aqui pai, mãe e filha eram submetidos à execração pública e, por fim, eram executados (Matielo, 1996, pg. 13).

Aborto, sentido da palavra

A expressão aborto na bíblia deriva de shakol שכל uma raiz primitiva...

1 estar enlutado, ficar sem filhos, abortar 1a) (Qal) estar enlutado 1b) (Piel) 1b1) levar a ficar sem filhos 1b2) causar esterelidade, apresentar esterelidade ou aborto 1b3) abortar 1c) (Hifil) aborto (particípio)

Sabemos que não estamos debaixo da lei do Antigo Testamento (Romanos 7:6; Gálatas 3:23-25). Entendemos, porém, que as coisas escritas no passado ajudam para compreender a vontade de Deus (Romanos 15:4; 1 Coríntios 10:6-14). Portanto, consideramos o ensinamento do Velho Testamento em relação ao aborto, um assunto atualmente polêmico.

Primeiro, vamos examinar dois argumentos usados, às vezes, para defender o aborto:

Exemplo I: A vida começa com a respiração. Algumas pessoas usam Gênesis 2:7 para ""provar"" que a vida começa quando a pessoa respira pela primeira vez, assim sugerindo que o embrião, feto ou nascituro não tem vida. Os problemas com tal argumento são dois: (a) Adão não nasceu e, por isso, o caso dele não é comparável ao parto, e (b) Outras passagens (que veremos logo) mostram a importância da vida desde a concepção.

Exemplo II: Êxodo 21:22 trata o aborto natural como coisa de mínima importância, assim mostrando que não há proteção especial para a vida antes do nascimento. O problema com este argumento é questão de uma tradução inadequada em muitas bíblias, interpretando o texto para dizer que uma briga de dois homens causa a mulher grávida a perder seu filho por aborto acidental, e que tal perda não envolve morte. Mas, a palavra hebraica neste versículo tem o sentido da criança sair (entrando no mundo), e não diz que morreu ou nasceu morto.

Estudiosos da língua hebraica, Keil e Delitzsch, explicam bem esta diferença no comentário deles sobre o text: "Êxodo 21:22 trata de nascimento prematuro como conseqüência de uma briga, e não justifica a decisão de abortar um filho. Se a criança morresse, daria vida por vida (21:23)."

A vida humana começa no ventre

Agora, vamos abordar o assunto do lado positivo. O Velho Testamento valoriza a vida humana, desde a concepção. Considere alguns exemplos:

  1. A vida humana é santificada porque o homem foi feito à imagem de Deus (Gênesis 1:27).
  2. Os seres humanos foram especificamente postos acima de todas as plantas e todos os animais (Gênesis 1:28-29). Podemos matar e comer animais, mas é expressamente proibido cometer homicídio (Gênesis 9:3-6).
  3. A vida está no sangue (Gênesis 9:4). O sangue do embrião, diferente do sangue da mãe, circula bem cedo, freqüentemente antes da mãe confirmar a gravidez.
  4. Os seres humanos têm lugar especial no plano de Deus desde a concepção. Cada pessoa tem sua própria identidade antes de nascer (veja Salmo 139:13-16; Isaías 49:1,5; Jeremias 1:5; Gálatas 1:5). O Velho Testamento não defende o aborto."

Compreendendo as Alterações Verbais no Hebraico

São sete os בִּנְיָנִים (binyânîm), formações, construções ou derivações do verbo hebraico:

פָּעַל (קַל) – pā‘al ou qal – em geral, ativo simples, o sujeito executa a ação simples do verbo.

נִפְעַל – nif‘al – em geral, passivo simples, o sujeito sofre a ação simples do verbo.

פִּעֵל – pi‘êl – em geral, ativo intensivo, o sujeito executa a ação do verbo de forma intensiva.

פֻּעַל – pu‘al – em geral, passivo intensivo, o sujeito sofre a ação do verbo de forma intensiva.

הִתְפַּעֵל – hitpa‘êl – em geral, reflexivo ou recíproco, o sujeito executa e sofre a ação do verbo ao mesmo tempo.

הִפְעִיל – hif‘îl – em geral, ativo causativo, o sujeito causa a ação do verbo.

הֻפְעַל – huf‘al – em geral, passivo causativo, o sujeito sofre a causa da ação do verbo.