As três festas do ano Êx 23: 14-19
As festas em Israel tinham relação com o ciclo agrícola da nação. Assim que era colhida a primeira remeça da cevada no mês de abibe (março-abril) e foi substituída pela páscoa e a festa dos pães asmos. Depois, sete semanas após, ocorria a outra colheita, quando realizadas a festa da “sega ou colheita”, a festa de “pentecoste”, cinquenta dias depois. A festa que marcava tudo era a Páscoa.
Todo homem comparecerá diante do SENHOR Deus três vezes no ano. Êx 23:17
Enquanto a Páscoa era uma festa caseira, Colheita ou Semanas ou Pentecostes era uma celebração agrícola, originalmente, realizada no campo, no lugar onde se cultivava o trigo e a cevada. Posteriormente, essa celebração foi levada para os lugares de culto, particularmente, o Templo de Jerusalém onde eram oferecidos os produtos da terra.
A Festa das Colheitas também conhecida como a Festa do Tabernáculo não era uma cerimônia neutra, isto é, os celebrantes não se reuniam para um simples lazer ou diversão. Toda a cerimônia buscava reafirmar e aprofundar o sentido da fé em Javé, o Deus Criador e Libertador.
Eles, os filhos de Israel, deveriam viver em cabanas ou abrigos temporários por alguns dias. Essa festa era realizada no final do ano agrícola, quando eram concluídas a produção, como recordação do tempo vivido em cabanas no Deserto.
A dificuldade de compreender as festas
Conforme os israelitas, o calendário judaico terminava o ano no outono. Anos mais tarde, por influência dos babilônios isso foi mudado, onde passou a começar na primavera. Estudiosos sugerem haver dois calendários, um civil e outro religioso.
Antes de entrarmos a fundo nas ocasiões onde os filhos de Israel deveriam subir a Jerusalém, precisamos compreender que não é de todo simples entender corretamente essas datas e comemorações, por algunas razões:
1 - Muitas festas têm vários nomes (Tendas ou Tabernáculos) ou (Colheitas, também Semanas);
2 - O resumo trazido por Moisés em Deuteronômio apresenta essas variações nominais;
3 - O calendário dos israelitas (ainda do Egito) difere do calendário após o cativeiro babilônico;
4 - Elementos ocorridos por influência do cativeiro babilônico e por causa deste interferiram sistematicamente na programação;
5 - Muitos sugerem haver dois calendários, um Civil e outro Religioso.
Primeira vem em Jerusalém
Todo homem comparecerá diante do SENHOR Deus três vezes no ano. Êx 23:17
Na primeira vez em Jerusalém Primeiro Mês (Abibe-Nisã – Março/Abril até Sivã (Maio-Junho)) se comemorava a três festas: Páscoa, Pentecoste (Colheita) e Tenda (Sucot). A páscoa era uma festa pastoril onde se imolava o cordeiro no 14º dia de abibe (Nisã) seguindo até o dia 21º com a Festa dos pães Azímos (asmos) até a festa agrícola da colheita, onde se iniciava a colheita dos grãos e oferta dos primeiros frutos. Esta era uma festa religiosa de caráter politico e social representando a Libertação do Egito.
A páscoa é a primeira das três festas de peregrinação. ( Ex 12,1 – 15,21; Lv 23,5-8; Sl 113 – 117; 136) Imolação do cordeiro, consumido com ázimos e ervas amargas, eliminação de toda levedura antiga. Celebra-se no 15 (logo, entardecer do 14) de Nisan, março- abril. Foi aqui onde a morte dos primogênitos do Egito ocorre quando nas casas hebreias, marcadas pelo sangue do cordeiro, o Exterminador “saltou/passou” (Pesáh) e os filhos foram salvos.
A festa do Pentecoste comemorada sete semanas depois da Páscoa como o próprio nome quer dizer: “quinquangésimo dia”, portanto, celebrada nos dias 6 e 7 de Sivan, correspondente a maio ou junho do nosso calendário. Junto à Páscoa e Tabernáculos era uma das três festividades de peregrinação nas quais a visita a Jerusalém e ao Templo era obrigatória. Celebrava o término da colheita da cevada (iniciada na Páscoa) e começava-se a colheita do trigo. O mês de Sivan marcava o fim da primavera e o início do verão.
Segunda vez em Jerusalém
Todo homem comparecerá diante do SENHOR Deus três vezes no ano. Êx 23:17
Na segunda vez em Jerusalém – Mês de Sivã (Junho)** era comemorada das Semanas ou Pentecostes. A Festa das Semanas ou Pentecostes, que também era chamada festa da colheita e festa das primícias (Êx 23.16; 34.16,22; Nm 28.26). Originalmente, era uma celebração da colheita. Posteriormente, tornou-se conhecida como festa de Pentecostes (vide), porquanto era celebrada no quinquagésimo dia a partir do sábado com que começava.
O apócrifo de Tobias (2.1) afirma que a festa de Pentecostes é a festa sagrada das sete semanas, o que explica a derivação desse seu último nome. No século II d.C., e daí por diante, essa festa tomou-se um memorial da outorga da lei, no monte Sinai, talvez cinquenta dias após a Páscoa (T.B. Pesahaim 68b).
A outorga do Espírito Santo, de acordo com o registro do segundo capitulo do livro de Atos, ocorreu nesse dia festivo. Portanto, temos ali o Pentecostes cristão, que assinala o Espírito Santo como aquele que nos veio guiar na vida cristã, em substituição à lei mosaica.
Na terceira vez em Jerusalém
Todo homem comparecerá diante do SENHOR Deus três vezes no ano. Êx 23:17
Na terceira vez em Jerusalém temos a Festa das Tendas ou Tabernáculos e Trombetas. Essa festa tinha lugar no sétimo mês do calendário judaico, cinco dias após o dia da Expiação e prosseguia por sete dias (Êx 23.16,17; 34.22). O primeiro e o oitavo dias desse período eram dias de descanso. Eram feitas tendas toscas, com ramos de palmeiras, folhas e raminhos; e, durante aquela semana, o povo habitava nessas tendas.
Já o Dia das Trombetas é começo de uma festividade celebrada no Ano Novo, embora o ponto seja motivo de debates e confusão quanto ao o que de fato se comemora em cada uma das subidas. (Nm 29.1 e Lv 23.24).
Essa experiência comemorava como Israel fora forçado a viver, quando Deus os tirou do Egito (Lv 23.33-43). Todas as famílias de Israel e a comunidade inteira tinham um período de intenso regozijo, porquanto estavam celebrando a sua libertação (Dt 16.13-15). Aqui tínhamos também o Dia da Expiação. Essa observância ocorria no décimo dia do mês sétimo, Tisri (Nm 29.7-11).
Havia todo um cerimonial de expiação simbólica, do qual participavam os sacerdotes e o povo. Era enviado ao deserto o bode AzazeI (vide), que simbolizava o ato de dissipar os pecados do povo. (Ver Lv 16.8,10,26). Era um dia de ritual, de descanso e de jejum. Havia uma santa convocação e muito se lamentava pelos pecados, paralelamente à atitude de arrependimento.
No caso já discutido do dia das Trombetas, talvez seja possível que, essa festividade comemorasse também o Ano Novo, embora o ponto seja motivo de debates. (Ver Nm 29.1 e Lv 23.24). Esse dia sempre caía em um sábado. Eram oferecidos sacrifícios e o labor cessava. Era também tempo de arrependimento e de exercícios religiosos. Era efetuada no primeiro dia do sétimo mês judaico.
Alguns pensam que as trombetas referem-se à convocação do povo e que poderia ser um ato profético acerca do recolhimento e restauração do povo de Israel. A tradição não se mostra clara sobre o que o toque das trombetas indicava.
Temos outras comemorações no dia da Festa das Trombetas, tais como a que ocorre no dia 10, o Dia da Expiação, englobando ainda a Festa dos Tabernáculos e Grande Hosana. Trombetas é o início de cada novo mês lunar, ofertas especiais eram feitas, a fim de cumprir os requisitos da lei mosaica (Nm 28.11-15; Ed 3.5). Eram tocadas as trombetas (Nm 10.10), as atividades normais cessavam e eram conferidas instruções religiosas (Is 1.13,14).
Paulo, naturalmente, via todas essas festas como sombras das realidades espirituais vindouras e não recomendava essa observância para os cristãos e nem se opunha a ela (Cl 2.16). As fases sucessivas da lua nos fazem lembrar a contínua provisão de Deus e o seu dom do tempo.