A autoria desta epistola tem sido discutida - é contudo geralmente aceito que não foi Tiago, o irmão de João, quem a escreveu, embora alguns antigos e modernos expositores lha atribuíssem, mas sim esse Tiago (ou Jacó) que, depois da morte do primeiro (At 12.2), é mencionado como presidente da igreja de Jerusalém, e é chamado por Paulo ‘o irmão do Senhor’ (At 12.17 - 15.13 a 29 - 21.18 a 25 - Gl l. 19). Tudo bem considerado, o que parece provável é que Tiago, o autor desta epístola, era o filho de José e Maria, e por conseqüência um dos irmãos de Jesus. Esta epístola é dirigida aos judeus, particularmente aos que eram cristãos: talvez àqueles que, tendo abraçado a fé cristã, no grande dia de Pentecoste (At 2.5 a 11), haviam voltado às suas casas nas várias partes do império Romano. os destinatários podem, pois, ser não só esses, de quem se acaba de falar, mas também os que Tiago conhecia muito bem pelas visitas deles a Jerusalém em ocasiões de festividades. Pelo que podemos deduzir do que está escrito na epístola, parece terem vivido esses judeus convertidos em condições de exterior aflição, faltando-lhes as felicidades temporais. Além disso, parece ter-lhes faltado também a paciência e a submissão para com Deus, não havendo neles piedosa vigilância sobre si mesmos e o amor aos seus semelhantes. o principal assunto desta epístola é o caráter de vida do verdadeiro cristão, que deve ser ‘praticante da palavra’, perseverando na ‘lei perfeita da liberdade’, em contraste com o espírito e conduta do que meramente professa o Cristianismo. Numerosas ilustrações são expostas nas várias relações e condições da vida real, adaptadas às circunstâncias e necessidades de diferentes classes de pessoas. Para as diversas provações da vida ali se encontram palavras consoladoras e de animação, juntamente com veementes exortações à prática das virtudes mstãs. E a isto se acrescentam admoestações e reprovações, havendo em vista aqueles que desonram a religião, dizendo que a professam, mas sem a praticarem. o estilo da epístola é sentencioso e enérgico, pitoresco e rico de figuras. De modo notável se assemelha, na matéria e na forma, aos ensinamentos de Jesus, especialmente no Sermão da Montanha (Mt 5 a 7), havendo evidentes alusões a algumas partes dessa maravilhosa exposição. ‘Sabedoria’ é uma das palavras essenciais desta epístola, podendo comparar-se o seu estilo ao dos livros de sabedoria (Hocmá) do A.T. *veja 1.5 a 8 e 3.13 a 18, onde se encontra uma enumeração das qualidades da falsa sabedoria e da verdadeira. Nota-se, de igual modo, a importância com que são tratados certos assuntos: a fé e palavras - a oração 1.5 a 7 - 4.8 - 5.13 a18 - a tentação, 1.2,12,13,14.