Na mesa de honra reservada para três convivas, o lugar à direita do dono da casa é o mais cobiçado. Era chamado o “lugar do alto”, e a partir dele se escalavam os convivas segundo sua dignidade. É a partir dessa ordem da sala de jantar que se deve entender a parábola de Jesus sobre a escolha dos lugares e as reprovações aos escribas que gostam de... ocupar... os lugares de honra nos banquetes (Mc 12,38-39; Lc 20,46); a eles Mateus 23,6 acrescenta os fariseus. Uma vez instalados à mesa – seria melhor dizer, para as refeições de alguma solenidade – deitados ou reclinados (Mt 8,11; Lc 13,29), o começo da refeição obedecia também a regras precisas. Os rabinos ensinaram o seguinte: quando se trata de duas pessoas, uma espera que a outra esteja servida, para comer; mas quando são três, é inútil: aquela que cortou o pão estende a mão em primeiro lugar para a panela, a fim de servir, mas é-lhe permitido dar a prioridade a seu mestre ou àquele que lhe é superior. Raban bar Hana preparou o banquete das bodas de seu filho na casa do rabi Samuel bar Rab Ketina; levantou-se e ensinou a seu filho o costume das refeições. Quando se corta o pão, disse, é preciso esperar, antes de distribuí-lo, que os assistentes tenham respondido ‘Amém’ à breve bênção prévia ou, pelo menos, segundo rabi Hisda, que a maioria deles tenham respondido. Quanto as boas maneiras a sobriedade, estimada por Paulo, concordava com as prescrições dos mestres de Israel e contrariava os costumes romanos e gregos. Podemos considerar que os conselhos do Eclesiástico exprimiam as regras de boa educação, ainda seguidas na época de Jesus: “Assentaste à mesa de um grande? Nela não abras demais a boca, não digas: ‘Que abundância!’ Como um homem bem educado, come o que te é apresentado e não sejas voraz, não te tornes odioso. Acaba primeiro por educação, não sejas insaciável; caso contrário, serás excluído. Se tiveres assentado em meio a muitos, não estendas a tua mão antes deles. Não te faças de valentão com o vinho, porque o vinho arriunou a muita gente”. Eclo 31,12-25. Entretanto, no mundo rabínico, uma sábia moderação não inclinava a ver com bons olhos uma vida por demais ascética: Quem se impõe votos de abstinência procede como se colocasse em volta de seu pescoço um colar de ferro; assemelha-se também a um homem que ergue um altar proibido; parece com aquele que empunha uma espada e a enfia no coração. O que a Tora proíbe vos é suficiente; não busqueis acrescentar outras restrições (TB Ned 41b). o que não impedia os mesmos conselheiros de propor o pão e o sal com uma bilha de água, refeição do pobre ou do estudante, como cardápio dietético típico.