Essa cidade dos tempos do Novo Testamento é mencionada na Bíblia em At 13:51; 14:1,19,21; 16:2; II Tm 3:11. Icônio era uma cidade da Ásia Menor, no que atualmente é a Turquia. A moderna cidade de Konya identifica o seu local antigo. Era a última cidade da Frigia pela qual o viajante passava, ao dirigir-se para o Oriente. Nos tempos greco-romanos, era considerada a principal cidade da Licaônia, de acordo com algumas fontes informativas, embora outros a localizassem na Frigia. As fronteiras antigas variavam muito, e assim uma cidade fronteiriça ora pertencia a uma região, ora a outra, dependendo da época envolvida. Alguns estudiosos afirmam exata­mente isso, dizendo que primeiro ela fazia parte da Frigia e, mais tarde, da Licaônia, e então que chegou a fazer parte do reino da Galácia. Finalmente, tornou-se parte da província romana da Galácia. O nome dessa cidade vem do termo grego eikon, «imagem». Não sabemos dizer por que motivo essa cidade foi assim chamada, embora talvez isso se devesse a alguma prática idólatra que ali era efetuada. Um mito do dilúvio dá também uma razão a esse nome. O rei Nanacos, da Frigia, profetizou uma grande inundação, que ocorreria depois de sua época. E exortou seus ouvintes ao arrependimento, para evitarem o dilúvio. Mas, o dilúvio veio e destruiu os homens. Então os deuses reproduziram o homem, produzindo imagens; e daí teria vindo o nome da cidade. Naturalmente, isso não passa de uma curiosidade mitológica. Aquela região estava sujeita a inundações, o que se poderia esperar um relato mítico daquele tipo. No tempo do imperador romano Adriano, a cidade e a região em redor tornaram-se uma colônia romana, embora retivesse sua cultura grega predominante. Fizera parte dos domínios dos reis selêucidas, no século III A.C., quando, então, foi totalmente helenizada. Os reis do Ponto se apossaram da cidade e fizeram dela uma cidade independente, nos dias das guerras de Mitrídates com Roma. Em 39 A.C., Marco Antônio entregou a cidade a Polemom, rei da Cilícia Traquéia; e, três anos mais tarde, a Amintas, que veio a ser rei da Galácia. Quando este morreu, a cidade tornou-se novamente independente, embora incorporando em sua estrutura a província da Galácia. Não obstante, reteve seu idioma grego, bem como seus padrões culturais e de organização política gerais. Era uma região próspera com pouco mais de quinhentos quilômetros quadrados de terras férteis, muita água e abundante vegetação. Ramsay chamou o lugar de Damasco da Ásia Menor, por causa de seu excelente clima e de uma natureza que facilitava a prosperidade. A cidade que o apóstolo Paulo conheceu era um local ajardinado, localizado entre pomares e fazen­das. Entretanto, tudo o mais ao derredor era desértico. Lucas concorda aqui com Xenofonte, ao afirmar que Icônio estava localizada na Frigia, contrariamente a Derbe e Listra, cidades pertencentes à Licaônia. Cícero e Estrabão declararam que Icônio era uma das cidades da Licaônia, mas erradamente. Há um monumento, descoberto em 1910, que esclarece que em Icônio se falava o idioma frígio até os meados do século III D.C. E, juntamente com outras inscrições, isso tem servido para demonstrar que a cidade era ao menos parcialmente pertencente à Frigia, ainda que, administrativamente, pertencesse à Galácia. Essas provas têm contribuído para confirmar, em outra instância, a exatidão das referências históricas feitas por Lucas, as quais, em muitas oportunidades, têm sido postas em dúvida. Icônio era cidade populosa, situada cerca de cento e sessenta quilômetros a suleste de Antioquia da Pisídia, em uma fértil planície, ao pé do monte Tauro, quase que circundada pelo mesmo. Lucas, na passagem de Atos 14:6, distingue essa localidade de Listra e Derbe, ambas cidades da Licaônia. Em períodos diversos da história foi considerada como cidade de alguma forma vinculada à Pisídia ou à Frigia, bem como à Licaônia; contudo, a sua população era de origem frigia. Quando a província da Galácia foi dividida, Icônio se tornou capital da Licaônia, e assim ultrapassou em importância a Antioquia da Pisídia. Estritamente falando, quando por ali andaram Paulo e Barnabé, Listra e Derbe eram cidades da Licaônia-Galática, ao passo que Icônio ficava na Frígia-Galática. E todas essas três cidades estavam localizadas na província romana da Galácia. Era em Icônio que se entrecruzavam diversas estradas romanas, localizada, como estava ela, no caminho do oriente para o ociden­te. A cidade moderna de Icônio, que ocupa o local da antiga cidade do mesmo nome, conta com uma população de cerca de trinta mil habitantes. Os versículos de Atos 16:1 e ss, revelam-nos que Timóteo era homem bem conhecido, naquele território, por seu zelo e graça cristãs. Paulo conheceu-o em Listra e, evidentemente, levou-o em sua companhia pelas áreas ao redor dessas cidades, no desempenho de suas atividades missionárias. O que nos deixa admirados e perplexos é que o apóstolo Paulo tenha circuncidado a Timóteo a fim de, segundo todas as aparências indicam, agradar aos «judaizantes» da área, contra quem sempre fez tão veemente oposição, nas epístolas que escreveu às igrejas cristãs do território, que, sem dúvida, foram escritas antes de seu encontro com Timóteo. Icônio é também a cena da bem conhecida narrativa histórica, mas de natureza apócrifa, de «Paulo e Tecla», contida no livro apócrifo Atos de Paulo.