O que significa Divórcio na Bíblia?
O termo vem de uma expressão hebraica que pode tanto significar divórcio, demissão ou separação. A palavra k ê riythuwth כריתות é procedente de uma raiz primitiva karath כרת que pode significar muitas coisas de acordo com o seu grau verbal:
1 cortar, cortar fora, derrubar, cortar uma parte do corpo, arrancar, eliminar, matar, fazer aliança 1a) (Qal) 1a1) cortar fora 1a1a) cortar fora uma parte do corpo, decapitar 1a2) derrubar 1a3) talhar 1a4) entrar em ou fazer uma aliança 1b) (Nifal) 1b1) ser cortado fora 1b2) ser derrubado 1b3) ser mastigado 1b4) ser cortado fora, reprovar 1c) (Pual) 1c1) ser cortado
Pilpel Essa forma equivale à forma intensiva Piel, e ocorre devido à duplicação da sílaba final da raiz. Ver Piel 8840  1c2) ser derrubado 1d) (Hifil) 1d1) cortar fora 1d2) cortar fora, destruir 1d3) derrubar, destruir 1d4) remover 1d5) deixar perecer 1e) (Hofal) ser cortado
Como eram realizados o divórcio nos tempos bíblicos?
A dissolução dos laços matrimoniais entre os hebreus era permitida como uma “necessidade calamitosa”, porém não aprovada, e mesmo repudiada já na última parte do Antigo Testamento (Dt 24.1; Mt 2.13-16). Também Jesus repudiou o divórcio, exceto no caso de adultério (Mt 19.3-9).
O divórcio tinha que ser efetivado por um documento escrito, chamado carta de divórcio, entregue à mulher pelo marido (Mt 19.7), para lhe dar direito a um novo casamento.
Se, porém, viesse a divorciar-se do seu segundo marido ou mesmo se este viesse a morrer; já não poderia reconciliar-se com o primeiro, uma vez que se encontrava contaminada pela coabitação com outro homem (Dt 24.4).
O Judaísmo sanciona ainda hoje o Documento de Divórcio, Guet
Guet, é expressão literal do hebraico גט dado ao documento de divórcio no judaísmo. De acordo com o tratado Kidushin, do Talmud Babilônico, o guet é um processo legal que exige o consentimento do casal. Fora esse a outra é a morte do cônjuge.
Ainda hoje, mesmo que (contrariando) os ensinamentos cristãos, Judeus, sejam eles ortodoxos ou não, afirmam que a lei Judaica não proíbe o divórcio. Sendo eles, reconhece-se que mais trágico do que a separação, é a infelicidade familiar, o que desmoronou espiritualmente prejudica os pais e as crianças.
A cerimônia do guet consiste com duas testemunhas e de um escriba. O documento é escrito à mão e lido por um rabino ou por um tribunal de três rabinos. A esposa só pode se casar novamente depois de 92 dias evitando qualquer dúvida sobre a paternidade.
Jesus e o Divórcio
Jesus afirma que o divórcio foi sim concedido por Moisés por causa da dureza do coração humano, mas que não foi assim desde o começo.
“Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério” (Lucas 16:18).
O casamento deve ser indissolúvel! Aqui, temos Cristo afirmando a indissolubilidade do casamento. O divórcio não apaga a exclusividade do relacionamento assumido no ato de casar. Relações com uma outra pessoa depois do divórcio, mesmo se casar novamente para ganhar a aceitação popular e legal, constam adultério.
Em outro texto, Jesus defende a doutrina original sobre o casamento, a declaração feita pelo Criador. Jesus respondeu a uma pergunta sobre divórcio:
“Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:4-6).
Nem todas as pessoas concordam com a afirmativa de Cristo devido ao impacto dessas palavras. Os homens podem legislar outras regras, permitindo o divórcio, casamentos de pessoas do mesmo sexo e até casamentos de como mais pessoas, seja poligamia ou poliandria, como de costumes em algumas culturas do mundo, no entanto, a Palavra de Deus continua afirmando:
“Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Marcos 13:31).
Pessoalmente imagino um dos fatores preponderantes é a descartabilidade com a qual pessoas se propõe entrar em um matrimônio. Tudo hoje é descartável! Dar-se em casamento é tão importante como comprar esse ou aquele vestido, ou terno, se não der - troca-se.
Facilta-se pensar em divórcio por motivos banais, fiteis. Ninguém se propõe a gastar em favor do matrimônio em ruínas. Afinal, se às quatro capacidades do amor (tudo sofre, suporta, espera e crê)... e as pessoas não querem exercer-lo, nos resta pensar que se casaram por qualquer outro motivo-relação, menos o amor.
Conta-se que um ancião ao afirmar sobre a sustentabilidade de seu casamento por mais de meio século diz:
No nosso tempo aprendemos que quando as coisas estragam, consertamos, conquanto que agora, tudo que estraga, vocês jogam fora.
O casamento não deve ser secundarizado, pragmatizado. Na relação mutua entre marido e mulher, nada deve ser secundário e subjetivo, o casamento faz parte de uma das decisões mais importantes da vida de qualquer pessoa, quão sério se pensar nisso antes de contrair matrimonio, sério será ao menos pensar na possibilidade de dissolve-lo.
Mesmo assim, sabemos também pelas escrituras, que existem duas situações em que o Senhor permite um segundo casamento, ou seja, não o considera adúltero. A primeira é no caso da morte de um dos cônjuges. O apóstolo Paulo explicou:
“Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei e não será adúltera se contrair novas núpcias” (Romanos 7:2-3).
Paulo também afirma em outra epístola:
“A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor” (1 Coríntios 7:39).
Em segundo lugar, a situação de divórcio pode ser suportada sem o ato do adultério surge quando uma pessoa se divorcia do seu cônjuge devido a relações sexuais ilícitas. Jesus disse:
“Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério]” (Mateus 19:9).
Se o motivo do divórcio for qualquer outro, estaria adulterando no segundo casamento, portanto não seria recomendado. E a pessoa repudiada que casa de novo comete adultério igualmente.
Percebemos a gravidade da traição e a importância da fidelidade absoluta no casamento. Mas devemos observar que, mesmo nesses casos, o divórcio não é o único caminho. Se o traidor se arrepender e demonstrar sua vontade de recuperar o casamento, e a pessoa traída conseguir perdoá-lo, o resultado pode ser melhor para os dois. Certamente, Jesus incentiva o perdão (Mateus 6:12,14,15; 18:21-35). Em muitos casos, o casamento depois da reconciliação se torna mais forte do que antes.
Abandono do lar e Imoralidade Sexual
Dito tudo isso, sabemos que fora da morte do conjugue, via de regra, temos então dois motivos claros para o divórcio: (1) a imoralidade sexual (Mateus 5:32; 19:9) e (2) o abandono por um incrédulo:
Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz. 1 Coríntios 7:15
Muito se tem lançado luz ao texto referido por Paulo aos coríntios, embora (sabermos) que naquele tempo as diferenças religiosas eram maiores que as encontradas hoje, de modo a ser natural um determinado conjugue abandonar seu lar em virtude da fé cristã.
No entanto, ainda nesses dois casos, porém, o divórcio não é necessário, ou mesmo encorajado. O máximo que se pode dizer é que a imoralidade sexual e o abandono têm a permissão de Deus para o divórcio. A confissão, o perdão, a reconciliação e a restauração são sempre os primeiros passos. O divórcio só deve ser visto como o último recurso.
Graus verbais no Hebraico:
São sete os בִּנְיָנִים (binyânîm), formações, construções ou derivações do verbo hebraico:
פָּעַל (קַל) – pā‘al ou qal – em geral, ativo simples, o sujeito executa a ação simples do verbo.
נִפְעַל – nif‘al – em geral, passivo simples, o sujeito sofre a ação simples do verbo.
פִּעֵל – pi‘êl – em geral, ativo intensivo, o sujeito executa a ação do verbo de forma intensiva.
פֻּעַל – pu‘al – em geral, passivo intensivo, o sujeito sofre a ação do verbo de forma intensiva.
הִתְפַּעֵל – hitpa‘êl – em geral, reflexivo ou recíproco, o sujeito executa e sofre a ação do verbo ao mesmo tempo.
הִפְעִיל – hif‘îl – em geral, ativo causativo, o sujeito causa a ação do verbo.
הֻפְעַל – huf‘al – em geral, passivo causativo, o sujeito sofre a causa da ação do verbo.