Num aspecto bem etimológico, quer dizer: desejo ou apetite excessivo, contudo no aspecto negativo de "desejos". Geralmente se entende do relacionado com a inclinação sexual, embora abarque também os outros âmbitos. Veja etimologicamente os detalhes abaixo:

O que Significa Concupiscência?

A palavra Concupiscência chegou até nós a partir do latim concupiscenss seu significado é praticamente o mesmo que o adotado biblicamente. Tanto é fato que as bases, ou seja, raízes e/ou radicais do hebraico apontam a mesma ideia e sentidos semelhantes.

Tanto aqui como lá, mesmo com as perdas decorrentes de uma tradução o significado desta palavra, ou mesmo o etimológico é: “o que tem um forte desejo”.

No latim, seu radical é a palavra concupera, que também possui o mesmo significado e quer dizer “ter forte desejo”. Agora, vamos viajar no tempo, um pouco antes e ver no hebraico:

תאוה

ta’avah

  1. desejo 1a) desejo, vontade, anseios do coração de alguém 1a1) cobiça, apetite, concupiscência (no mal sentido) 1b) coisa desejada, objeto de desejo

A expressão vem do radical avah’ אוה que é uma raiz primitiva com usada em graus verbais diferentes e que quer dizer:

  1. desejar, inclinar-se a, cobiçar, esperar pacientemente, querer, suspirar, ansiar, ambicionar, aspirar, preferir 1a) (Piel) desejar, ansiar por (comida e bebida) 1b) (Hitpael) desejar, ansiar por, desejar com ardor (referindo-se aos desejos corporais)

O Conceito Bíblico de Concupiscência

A concupiscência é apresentada na Bíblia como causa de pecado. 1 Jo 2.17 e 1 Tm 6.9 e Gl 5.24. Em todos esses textos temos a forma generalizada como concupiscência é o termo utilizado para designar a cobiça ou apreço por bens materiais, assim como os prazeres sexuais e a ganância por poder e/ou dinheiro.

Algumas linhas da Teologia, especialmente dos primeiros séculos criam que a concupiscência seja vista como um desejo de menor apetite contrário à razão. Essa maneira de ver é apoiada pelos estoicos, no qual a concupiscência é entendida como um apetite irracional, assim subordinado às necessidades, ódio, ambição, ira, amor, cólera e ressentimento.

Concupiscência da Carne, Concupiscência dos Olhos e Soberba da Vida

"Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo." (1 João 2: 16).

Considerando o sentido original da palavra, não podemos descartar que concupiscência é um apetite por cousas pecaminosas nesse mundo, tanto é fato que João usa o termo "tudo que ha no mundo".

A expressão para mundo é kosmos, então precisamos compreender que se refere a humanidade fundada por desejos inferiores, falsos valores e toda forma de egoísmo. A forte expressão propõe um limite, uma linha que não pode ser violada.

Mundo é mundo, Igreja é Igreja! As diferenças entre o mundo e a igreja não podem ser diminuídas. Regras que norteiam ambos os lados são frontalmente opostas entre si. Logo a diferença entre uma coisa e outra está em sabermos de qual lado da linha estamos.

A "concupiscência da carne" ou "soberba da vida” envolve todos os pecados (total de forças que fazem com que minha personalidade seja distorcida) da minha carne. Aqui, claro, temos os pecados sexuais, não significando ser apenas estes, mas num aspecto mais abrangente de tudo que é pura e simplesmente por prazer.

Existem pecados que satisfazem a carne e outros que satisfazem os olhos. Mas olho e carne nõ é tudo carne? Sim e não. O aspecto bíblico propõe significações bem diferentes, ainda que saibamos que os olhos façam parte da estrutura corpórea.

Diferença entre Concupiscência da Carne e Concupiscência dos Olhos

Prefiro entender que Concupiscência da Carne são "os pecados que são praticados", atendidos, realizados, tocados pelo corpo ou no corpo gerando aspecto de satisfação. Já o outro "como sendo os que não pratico, mas o desejo".

É possível que patologicamente seja possível alguém suprimir seus desejos apenas com o pensamento. Logo a ideia não é essa; resta-nos então pensarmos que o Evangelho nos cerca em todos os aspectos. Pois, eu poderia dizer: não toquei, apenas desejei e isso soar pra mim uma vitória.

Então, partindo dessa premissa, soa muito claro o convite à pureza; e a liquidação total e completa do pecado dos olhos que Paulo faz aos Filipenses:

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. Filipenses 4:8

Minha luta contra o pecado começa quando o enfrento na maneira como encaro (vejo, penso) nas coisas. Logo é preciso ter esse filtro purificando a maneira que observo o mundo e o que nela há.

Tudo que é natural da carne, assim como ambições mundanas, desejos mesquinhos, enfim, qualquer coisa, tudo precisa ser submetido aos princípios que me norteiam como cristão. O limite do mundo não deve ser acessado por um cristão, assim como àquele não deve se assemelhar com os nossos.

Esses desejos temporais, secundários, baixos, materiais, precisam ser contidos pelo poder do Espírito Santo, não se pode ser dominado por desejos e sentidos palpáveis que agradem a um ou o outro aspecto da concupiscência.

Conforme sugere Ibidem, todo desejo da carne é esquecido, cego e desatento para com os mandamentos divinos, o juízo divino, as normas divinas, e a própria existência de Deus.