=== CIDADE I. As PALAVRAS. Várias palavras hebraicas e gregas estão envolvidas neste verbete: 1. Ir, “cidade”. Essa palavra aparece cerca de 1.100 vezes no Antigo Testamento. Se alguém seguir as referências bíblicas, notará que a nossa distinção moderna entre cidade e aldeia ou vila, baseada em número de habitantes, nâo fazia parte inerente das palavras hebraicas. (Ver Gn 4.17; 19.29; 24.10; Êx 1.11; Lv 25.29,31; ISm 15.5; 20.6; 2Rs 17.6; Jr 51.42,43; Jn 3.3; Na 3.1). Unger, grande erudito presbiteriano moderno, supõe que se possa fazer distinção entre uma cidade e uma aldeia com base nas muralhas. Se havia uma muralha circundando a comunidade, então esta se chamava cidade; em caso negativo, a comunidade era chamada aldeia. (Ver Lv 25.29-31; ISm 6.18; Ez 38.11). 2. Qereth, "cidade”. (Ver Jó 29.7; Pv 8.3; 11.11). Cinco ocorrências. 3. Qirya, “cidade”. (Ver Nm 21.28; Dt 2.36; lRs 1.41; Jó 39.7; SI 48.2; Pv 10.15; 11.10; 18.11; Is 1.21, 26; 22.2; Jr 49.25; Os 6.8; Hc 2.8,12; Ed 4.12- 21). A palavra ocorre em um total de 29 vezes. 4. Saar, “portão”, mas que serve como sinônimo de cidade (Dt 5.14; 12.14 e 14.27,28). 5. Chatser, palavra hebraica que, por 46 vezes, parece indicar uma vila sem qualquer proteção, em distinção às cidades fechadas com muralhas, segundo se vê (por exemplo em (Êx 8.13; Js 13.23,28; 19.6,8,15,16,22,30,31,38,48; lCr 4.32, 33; Ne 11.25,30; Sl 10.8). As cidades fortificadas eram chamadas, em hebraico, ir nibtsar, conforme se vê (por exemplo em (Nm 13.39; 2Sm 24.7; 2Rs 8.12; SI 80.40). 6. Pólis, “cidade”. Palavra grega que aparece por um total de 174 vezes, em todos os tipos de conexões. É termo de larga aplicação, podendo indicar tanto uma cidade quanto uma aldeia. (Ver Mt 8.33; 21.7; Mc 11.19; At 8.9. Se acompanhada do artigo definido, “a cidade”, então está em foco uma cidade principal, ou uma capital, como em At 8.5; Ap 21.15). Na literatura secular, a palavra também era usada para indicar os habitantes de uma cidade, conforme se vê em Josefo (Awti. 1200). Também foi usada para indicar a Cidade Celeste, a nova Jerusalém (Ap 21.2,10, etc.). Metrópolis é uma combinação de palavras gregas que indica uma cidade principal, e que, no Novo Testamento, aparece somente no subtítulo de ITimóteo. Mas há palavras cognatas, que expressam questões relacionadas, como politarches, "magistrado civil’; politeia, “cidadania” (vide); politeuma, “comunidade” ou estado; polites, “cidadão”; politeuomai, o verbo, sem paralelo em português, mas que significa ter a cidadania, ou então governar, viver, conduzir-se. II. PRIMEIRAS REFERÊNCIAS BÍBLICAS. A mais antiga alusão bíblica à edificação de cidades fala sobre como Caim edifi- cou a cidade de Enoque, em Gênesis 4.17. Após a confusão das línguas, surgiram muitas cidades. Assim, Ninrode construiu Babel, Breque e outras. Assur edificou Nínive e Reobote (Gn 10.10-12,19). A arqueologia tem descoberto coisas inumeráveis relativas a muitas grandes cidades antigas. Escavações arqueológicas importantes têm sido feitas em Ur, Nipur, Quis, Eridu, Lagase, Nínive, Assur etc. Oferecemos artigos sobre essas cidades, e no artigo sobre a Arqueologia damos um gráfico, em ordem alfabética, que fornecerá ao leitor alguma ideia sobre as descobertas feitas nesses locais antigos. A mais antiga descrição bíblica sobre uma cidade envolve Sodoma; mas a arqueologia tem retrocedido na história muito mais do que isso. III. A CIDADE: A SEGUNDA GRANDE REVOLUÇÃO. A domesticação de certas plantas e animais, na agricultura neolíti- ca> foi a primeira grande revolução cultural. Isso possibilitou a vida comunitária, e, em seguida, as cidades. As cidades representaram a segunda grande revolução cultural, um passo decisivo na civilização. As cidades tornaram possíveis todas as formas de avanço tecnológico, que a cultura meramente agrícola não requeria e nem podia prover. Entretanto, a vida citadina também traz problemas sociais, incluindo a questão quase insolúvel da criminalidade, que o meio ambiente agrícola não provoca. As cidades iniciam todo um novo conjunto

de problemas, relacionados à interação social, à necessidade de leis mais complexas e completas etc. Então, uma vez que as necessidades básicas da sociedade agrícola são satisfeitas, os habitantes das cidades têm tempo de seguir muitas veredas de erudição e conhecimentos técnicos. Foi assim que se verificou o desenvolvimento da filosofia e da ciência. Negócios e profissões desenvolveram-se que não seriam necessários nas sociedades agrícolas. Torna-se evidente, pois, que a cidade foi um desenvolvimento revolucionário, que explica a civilização e a cultura conforme as conhecemos. A cidade confere ao homem a oportunidade de diversificar o seu conhecimento, utilizando a sua inteligência de novas maneiras. Atualmente, os homens estão contemplando o espaço sideral, como passo inicial de uma nova grande área de exploração humana, o que representa ainda uma outra revolução cultural. E claro que cada novo desenvolvimento traz consigo novos meios de explorar as potencialidades humanas. Alguns estudiosos olham de volta à vida agrícola não somente como a única forma de vida desejável para o homem, mas também como a única que está em consonância com o plano divino para o homem. Eles supõem que a vida citadina representa, para o homem, uma aberração quanto ao seu estilo de vida. Tal argumento, entretanto, não pode manter-se de pé. Ôs homens nunca poderiam ter desenvolvido a sua inteligência sem o advento da vida nas cidades. IV. ANTIGAS CIDADBS HBBRBIAS. Josué mencionou muitas cidades na Palestina. A julgar pela pequena população de Israel, podemos supor com segurança que as cidades eram bem pequenas. Seriam como muitas cidades orientais de nossos próprios dias, com ruas estreitas e tortuosas (Ec 12.4; Ct 3.2), com muitas praças perto dos portões das cidades, onde havia mercados e tribunais (Gn 23.10; Rt 4.1; Mt 6.5). Poucas ruas eram pavimentadas no interior das cidades, e menos estradas ainda eram pavimentadas fora das cidades. Mas somos informados por Josefo (Anti. 8,7) que Salomão pavimentou as estradas que conduziam a Jerusalém com pedras negras. Posteriormente, quando os romanos ensinaram aos homens quão vantajoso era pavimentar as vias públicas, foram pavimentadas as ruas de algumas cidades. Herodes, o Grande pavimentou as ruas principais de Antioquia; e Herodes Agripa pavimentou com pedras brancas várias das ruas de Jerusalém. Muitas cidades contavam com muralhas, portões fortes com barras de bronze ou de ferro, visando uma maior segurança para seus habitantes (Dt 3.5; lRs 4.13). As cidades maiores também contavam com torres de vigia. Nas capitais, como Jerusalém, as muralhas eram espessas e altas (2Cr 26.6 ss.; Zc 1.16) . Havia torres elevadas por sobre os portões das cidades (2Sm 18.24). As cidades maiores tinham cidadelas (vide), no interior das muralhas principais, como medida de proteção extra. O número de portões variava, geralmente dependendo das dimensões das cidades. A cidade ideal de Ezequiel tinha doze portões (Ez 48.30-35), o que se vê também na nova Jerusalém do Apocalipse (Ap 21.12,13). Governo. O conselho da cidade era a unidade governante das cidades hebreias. O conselho compunha-se dos importantes anciãos e juizes (Dt 16.18). Eles precisavam ser sacerdotes. Nos tempos dos reis emergiu a figura do governador (lRs 22.26; lCr 18.25). Após o cativeiro babilônico continuou a prevalecer o tipo de governo mediante um conselho (Ez 7.25). Jerusalém. Essa cidade representou um importante desenvolvimento, pois ali temos uma capital que enfeixava grande poder, como centro da lei, da religião e da potência militar da nação de Israel. Adicionemos a isso a veneração especial de que a cidade era alvo, como lugar onde Deus manifestava a sua presença de maneira especial. Ela teve origem na fortaleza dos jebuseus que Davi capturara. Isso posto, sua localização era neutra, não pertencendo a qualquer tribo particular de Israel. Jerusalém era a única cidade israelita que podia começar a comparar-se com outras grandes cidades não judaicas da antiguidade, como Nínive e Babilônia. A cidade de Davi era bem pequena, talvez tendo três mil habitantes. Há muita incerteza acerca da história física de Jerusalém. Ela sofria tantos desastres periódicos que nunca pôde expandir-se muito. Apesar disso, gozou de significativa expansão na época dos reis. As ilustrações acerca da antiga Jerusalém mostram uma cidade relativamente pequena. Sabemos que a Jerusalém reconstruída após o exílio, sob Neemias, não diferia muito quanto às dimensões territoriais da época da monarquia dividida. Algumas linhas defensivas foram acrescentadas, cobrindo algum território a mais; mas a população não pode ter ultrapassado doze mil habitantes. Ver o artigo separado sobre Jerusalém. Características das Cidades Bíblicas. Há quatro características que não podemos olvidar, a saber: 1. Em face dos constantes conflitos armados, uma cidade de qualquer tamanho, nos tempos bíblicos, era uma fortaleza, com muralhas, portões, torres e cidadelas internas. 2. As ruas eram estreitas e tortuosas, e as casas eram baixas; havia nas proximida des dos portões mercados, do tipo que hoje chamaríamos de feiras livres, e também era ali que se faziam negócios e funcionavam os tribunais. 3. As cidades incorporavam lugares sagrados, como santuários e lugares de sacrifício e adoração. Ver sobre Betei (Jz 20.18) e Silo (ISm 7.16 e 10.2). Havia templos tipo fortaleza, designados pela palavra hebraica migdal (ver Gn 32.30-32; Êx 14.2; Js 15.37). 4. As cidades ficavam perto de algum bom suprimento de água, como rios ou fontes. As cisternas (vide) eram uma parte essencial das cidades. Havia tanto cisternas públicas quanto cisternas particulares, onde se guardava água para as estações secas. Em certos lugares havia grandes sistemas de irrigação e de condução de água. Túneis e outras instalações para transporte de água eram características comuns nas fortalezas da Idade do Ferro, como se via em Megido, Siquém e Jerusalém. Algumas dessas ins talações cobriam impressionantes distâncias, trazendo água desde rios ou mananciais. Na antiguidade, esses agrupamentos humanos eram classificados com base, acima de tudo, na existência ou não de muralhas. Isso se reflete tanto no hebraico quanto no grego, no tocante aos termos usados na Bíblia para indicar essas comunidades. Há diversas palavras hebraicas e gregas que precisamos considerar neste verbete. Cidades Muradas: 1. Qir, “cidade”. Palavra hebraica que figura por setenta vezes, e que, realmente, refere-se mais às muralhas do que à cidade propriamente dita. (Para exemplify car: Lv 14.37,39; Nm 22.25; 35.4; ISm 18.11; 19.10; lRs4.33; Js 2.15). 2. Pólis, “cidade”. Palavra grega que aparece por 160 vezes no Novo Testamento, principalmente nos Evangelhos sinópticos, no livro de Atos e no Apocalipse, desde Mateus 2.23 até Apocalipse 22.19. Cidades Sem Muros. 1. Bath, “filha”. Com o sentido de “aldeia” ou “vila", a palavra ocorre por 44 vezes. (Por exemplo: Js 15.45,47; 17.11,16; Jz 11.26; lCr 2.23; 7.28; 8.12; 2Cr 13.19). 2. Chavvoth, “povoado”. Palavra hebraica que aparece por quatro vezes (Nm 32.41; Js 13.30; lRs 4.13 e lCr 2.23). 3. Chatser, “vila”. Palavra hebraica que ocorre por 46 vezes (por exemplo: Êx8.13; Lv 25.31; Js 13.23,28; 15.32,36,41,44-47,51,54,57,59 60,62; 18.24,28; lCr 4.32,33; Ne 11.25,30; SI 10.8; Is 42.11). 4. Ir, "cidade”, “lugar agitado”. Palavra hebraica extremamente comum, que ocorre por quase 1.100 vezes (desde Gn 13.12 até Zc 14.2). 5. Perazoth, 'aldeias abertas”. Palavra hebraica que aparece por trés vezes (apenas: Zc 2.4; Et 9.19 e Ez 38.11). 6. Kóme, "aldeia”. Palavra grega que ocorre por 27 vezes (Mt 9.35; 10.11; 14.15; 21.2; Mc 6.6.36,56; 8.23,26,27; 11.2; Lc 5.17; 8.1; 9.6,12,52,56; 10.38; 13.22; 7.12; 19.30; 24.13,28; Jo 7.42; 11.1,30; At 8.25). 7. Komôpoíis, uma combinação de kóme c pólis. dando a entender uma comunidade ainda sem muralhas, mas de dimensões bastante grandes. Essa palavra grega aparece por apenas uma vez, em Marcos 1.38.

Conforme indicamos anteriormente, duas categorias básicas de cidades aparecem nas Escrituras Sagradas. Em Levítico 25.31, onde é empregada a palavra hebraica chatser, a vila é caracterizada pela ausência de muralhas; e, além disso, estava sujeita a uma diferente lei de redenção. Nas vilas sem muros, as casas precisavam ser devolvidas a seus proprietários originais, quando vendidas, ao chegar o ano do jubileu, ao passo que, nas cidades muradas, as casas não podiam ser redimidas se se passasse mais de um ano após o tempo da venda das mesmas. Conforme foi demonstrado no ponto A. 1, acima, o termo qir geralmente era usado juntamente com adjetivos qualificativos, indicando a presença ou ausência de muralhas, o que nos mostra que essa palavra não estava especificamente limitada ao sentido de cidade murada. Podia estar em foco até mesmo uma parede de uma construção qualquer. No período do Antigo Testamento, uma cidade murada era distinguida não somente por possuir muralhas, mas também por ser um centro defensivo, comerciál e industrial; e, em alguns casos, era também onde residia o governador local. Já no período do Novo Testamento, a diferença essencial entre uma cidade e uma aldeia não era tanto a presença ou ausência de muralhas, e, sim, a posse de constituições e de leis que diferiam das leis referentes ao interior, porquanto essa legislação seguia as leis da coroa. Após os dias neotestamentários, uma cidade era assim chamada se se tivesse tornado sede de um bispado. A Mishna fazia uma tríplice distinção: a. cidade grande; b. cidade pequena; c. aldeia. Ver sobre Vila. Quando a palavra hath, “filha”, era usada com o sentido de aldeia, e não com o seu sentido primário de “filha”, então indicava uma aldeia dependente de alguma cidade maior, murada. Essas aldeias eram, principalmente, centros agrícolas interioranos, dependentes das cidades muradas para sua proteção militar, onde também eram colocados os produtos agrícolas e outros. Nas aldeias, as edificações geralmente eram de qualidade inferior, cruas, sem ornamentações arquiteturais. Há evidências arqueológicas acerca de muitas centenas de aldeias e vilas pertencentes desde a época de Jeremias para trás. Porém, a maioria delas não chegou a ser repovoada, após o exílio babilônico. Rute e Davi, em suas atividades, ilustram a vida campesina da época. Precisamos ainda considerar os topônimos hebraicos kafar e haçor. O primeiro aparece em locativos como Quefar-Amonai, “aldeia dos amonitas” (Js 18.24) ou Cafarnaum (Mt 4.13 etc.). E o segundo como em Azor (Js 11.1). O primeiro desses topônimos significa “aldeia”. Mas o segundo deles, haçor, merece um estudo mais detalhado. Essa palavra era usada principalmente para indicar os povoados que ficavam no limite entre a terra cultivada e o deserto. Os povos assim classificados geralmente eram protegidos por uma espessa sebe de plantas espinhosas ou por um muro de pedras, como proteção contra as feras, e dentro da qual os habitantes viviam em tendas, e não em casas de material mais permanente. Portanto, se kafar indicava uma população sedentária, haçor indicava uma população seminômade. Resta dizer somente que a cultura não era tão desenvolvida nas aldeias, vilas e povoados de qualquer categoria, como sucedia nas cidades muradas. No caso do povo de Israel, nesse particular, nenhuma outra cidade comparava-se às duas capitais: Jerusalém, do reino do sul, ou Judá; e Samaria, do reino do norte, Israel. Ver também sobre Vilas e sobre Povoados. V. CIDADES NÃO ISRAELITAS. A maioria das descrições das cidades de Israel se ajustaria à descrição de cidades estrangeiras. Houve muitas idéias tomadas por empréstimo. Em pri meiro lugar, quando da conquista da Palestina, os israelitas simplesmente adaptaram muitas das idéias já existentes para nelas habitarem. Porém, no mundo antigo houve alguns notáveis exemplos de cidades diferentes e maiores que aquelas da Palestina, como Nínive e Babilônia. Há artigos separados sobre essas cidades, onde o leitor poderá obter novas informações. VI. Nos DIAS DO NOVO TESTAMBNTO. Quanto a uma discussão sobre as palavras gregas envolvidas, ver o começo deste artigo. Consideremos os pontos seguintes: 1. Muitas das cidades da Palestina foram destruídas total ou parcialmente durante as guerras dos Macabeus. Aquelas que foram reedifi- cadas antes do domínio romano, eram similares àquelas que já foram descritas. Os romanos tomaram a região em cerca de 63 a.C. O rei Herodes governou sob os romanos entre 37 e 34 a.C. Ele foi um grande construtor de cidades. Reformou a muitas delas e edificou outras. A influência arquitetônica dos romanos foi grande. Um exemplo é a cidade de Samaria, que recebeu o nome novo de Sebaste (palavra grega correspondente a Augusto). A cidade recebeu novas torres, circundando a cidade com um formato oval irregular, de cerca de um quilômetro de lado a lado. Um gigantesco templo em estilo romano foi ali construído. Tinha 69 m de comprimento, com um fórum tipo romano no seu lado oriental. Cesareia foi construída em cerca de doze anos (25 a 13 a.C.). Os arqueólogos têm examinado detalhadamente essa cidade, onde há típicos remanescentes arquitetônicos romanos. Essa cidade era a sede do governo romano na Palestina. Foi ali que Paulo foi julgado diante de Festo e de Herodes Agripa (At 25.23 ss.), e onde o centurião Cornélio foi envolvido, no estabelecimento de um igreja cristã gentílica, no começo da missão da igreja ali. (Ver At 10.18-22). Josefo informa-nos que o porto de Cesareia era similar, se não mesmo maior que o de Atenas, na Grécia. Ali havia uma arena ligeiramente maior que o Coliseu de Roma. 2. Jerusalém cresceu em sua área com dois novos portões, muralhas e fortificações. Um magnificente templo foi construído na cidade. Herodes foi o grande responsável por isso. Expandiu o átrio, cuja porção sudeste era sustentada por colinas e imensas abóbadas, chamadas Abóbadas de Salomão. Uma gigantesca muralha de retenção foi construída, que é a atual Muralha das Lamentações. Esse templo foi um dos mais mag- nificentes edifícios do mundo do século 1 d.C. Uma prediçào de Jesus anunciava a destruição de Jerusalém, em vista da rejeição do Messias. E Tito, ao pôr fim à revolta dos judeus contra Roma, cumpriu a profecia de Jesus no ano 70 d.C. em 132 d.C., Jerusalém foi reconstruída, embora não mais no grandioso estilo de antes, e recebeu o novo nome de Aélia Capitolina. Cobria então uma área de apenas cerca de 320 mil metros quadrados, com uma população de, talvez, entre dez e dezoito mil habitantes. Para os cristãos dos dias de Jesus e posteriormente, Jerusalém continuou a ser considerada uma cidade santa. Jesus chamou-a de cidade do grande Rei (Mt 5.35). Até a sua destruição, em 70 d.C., Jerusalém era o principal centro cristão, o lugar de onde partiram as primeiras missões cristãs de evangelismo. Porém, o tratamento dado pela cidade ao Messias amargurou a muitos cristãos contra ela. 0 escritor do Apocalipse chamou-a de Sodoma e Egito, porquanto foi ali que o Senhor Jesus foi crucificado (Ap 11.8). A tradição profética, bíblica e moderna, prediz que a igreja terá novamente Jerusalém como seu grande centro, após a conversão dos judeus, o que se espera para um futuro não muito distante. Então Jerusalém se tornará o centro e a protetora da civilização por um período de mil anos, tal como sucedeu a Roma, durante a Idade Média. Ver o artigo separado sobre Jerusalém. Os capítulos 21 e 22 do Apocalipse encerram descrições da nova Jerusalém, o que muitos intérpretes aceitam como descrições simbólicas da própria igreja. Outros estudiosos pensam sobre uma habitação celestial literal, que descerá do céu à terra, ou ficará suspensa sobre a terra. A interpretação metafórica ajusta-se melhor à natureza do Apocalipse, de acordo com a qual, condições mileniais, utópicas, provavelmente devem ser entendidas. Os comentários sobre esses capítulos, no NTI, fornecem as muitas interpretações que estão envolvidas na questão. 3. Herodes, o Grande, edificou certo número de esplêndidos palácios e fortalezas na Palestina, como em Ascalom, Herodion

(sul de Belém), Massada, Maquero, Qarn, Sartabé (norte de Jericó) e Jericó. Nessas cidades havia muitas coisas de estilo romano, como mosaicos, construções de pedra, com evidências de riquezas e prosperidade. 4. Um distinto grupo de cidades neotestamentárias são as cidades helenistas que vieram à existência nos séculos III e II a.C., na Transjordânia e em Citó- polis (Bete-Seâ). Essas cidades foram reunidas em um grupo, chamado Decápolis (vide), e então postas sob o governo do governador romano da Síria. Entre elas havia as cidades de Gerasa, Filadélfia e Gadara, a última das quais é a única que faz parte do grupo, que teve qualquer importância dentro do ministério de Jesus. Essas cidades eram tão típicas quanto as demais cidades helenistas, mostrando a influência combinada da Grécia, de Roma, da Ásia Menor e da Síria. 5. Uma outra característica distintiva, refletida nas cidades da Palestina, era o caráter da Judeia que, segundo sabemos, reteve o sistema ptolemaico de vilas, com grupos ou distritos chamados to- parquias. Cada toparquia tinha seus oficiais locais, incluindo o juiz, quase inteiramente autônomo (em contraste com os sistemas grego e romano, bem mais ordeiros, segundo se vê em Mt 5.25). Esse juiz era responsável diante de algum rei vassalo. Uma vila maior atuava como centro administrativo da toparquia. A parábola dos talentos, em Lucas 19.17-20, alude a um sistema de distritos sob o controle de alguma vila maior. O tirano vassalo fazia parte do mundo das satrapias e de outros governos menores. Por essa razão, os aldeões judeus foram governados por uma sucessão de conquistadores. 6. No livro de Atos transparece muito mais a maneira romana de fazer as coisas, em parte modelada segundo os padrões gregos. Havia a pólis, dirigida por seu próprio governo municipal, dentro de um território específico. Os conselhos das cidades tinham muitos membros, talvez quinhentos ou seiscentos. Nenhuma pessoa, nem mesmo juiz, tinha autoridade sem controle. Os cidadãos tinham direitos, e havia sistemas legislativos bem desenvolvidos. Quanto mais nos aproximamos da cidade de Roma, mais as cidades seguiam o estilo romano. Porém, nas cidades mais distantes, prevalecia o modelo grego. E também havia cidades helenizadas, um amálgama desses dois estilos. Foi entre as cidades helenizadas que o evangelho se propagou com maior liberdade, ao passo que a situação judaica era quase impossível de se modificar em qualquer grau mais significativo. 7. As Cidades Gregas. Quando o evangelho penetrou na Europa, os pregadores cristãos encontraram cidades gregas com influência romana. Ver os artigos separados sobre Corinto, Atenas, Tessalônica e Bereia, para exemplificar. 8. Caráter Diversificado das Cidades. A discussão acima demonstra que as cidades do Novo Testamento tinham uma natureza muito mais diversificada do que as cidades do Antigo Testamento. O antigo estilo hebreu sofreu a influência ptole- maica, como também das cidades militares e das cidades-co- lônias de Roma, ao mesmo tempo em que as cidades-estado dos gregos continuavam a reter grande parcela de seu típico estilo grego. As sete cartas do Apocalipse, dirigidas a sete igrejas em sete cidades diferentes, exibem uma natureza diferente de cada uma dessas cidades. Com a passagem do tempo, as cidades tornaram-se maiores, melhor planejadas, muitas delas dotadas de verdadeiros monumentos arquiteturais e grandes feitos da engenharia. (ADA AH (1967) ND RAM Z)