A penacapital era efetuada de diversos modos: pela forca (Js 8.29 - 2 Sm 21.12 - Et 7.10) - pelo apedrejamento, que era o sistema usual (Êx 17.4 - Lc 20.6 - Jo 10.31 - At 14.5) - pelas fogueiras (Gn 38.24 - Lv 20.14 - 21.9) - pelas pauladas (Hb 11.35) - pelo arremesso do sentenciado, de cabeça para baixo, do alto de uma rocha, algumas vezes com uma pedra atada ao pescoço (2 Cr 25.12 - Lc 4.29) - pela degolação (Gn 40.19 - Jz 9.5 - 2 Rs 10.7 - Mt 14.8) - pela serração em duas partes (Hb 11.37), vindo este método da Pérsia - e pela crucificação. (*veja Cruz.) Eram numerosos os crimes castigados com a morte. E praticavam esses crimes desonrando os yais (Êx 21.15 a 17) - profanando o sábado (Êx 31.14 - Nm 15.35) - blasfemando (Lv 24.14,16 - 1 Rs 21.10 - Mt 26.65,66) - adulterando e cometendo outros pecados de lascívia (Lv 20.10 - 21.9 - Dt 22.21, 22,25 - Jo 8.5) - cometendo incesto, etc. (Êx 22.19 - Lv 20.11 - 14.16) - praticando a idolatria (Lv 20.2 - Nm 25.8 - Dt 13.6 e seg. - 17.2,7 - Js 22.20).Castigos mais leves eram ordenados segundo aquele princípio de ‘olho por olho’ (Êx 21.24,25) - havia o decepamento das mãos, e dos pés (Jz 1.5 a 7 - 2 Sm 4.12) - as chibatadas, que eram uma punição vulgar - a flagelação (Dt 25.3 - 2 Cr 11.24 - Jz 8.16) - e o sofrimento pelo tronco (Jr 20.2). A restituição e a compensação eram impostas por vários delitos, como o furto, o assalto de noite às casas para roubar, o fogo às pilhas, a perda da demanda, a difamação (Êx 21.22 - Lv 24.18 a 21 - Dt 19.21 - 22.18). Muitas das punições judaicas eram provenientes do Egito, sendo o poder de vida e de morte, e do encarceramento, conferido ao monarca e a certos oficiais superiores (Gn 40.3,22 - 43.13).

==== CASTIGO, CASTIGAR Discussão Preliminar. Há dois substantivos envolvidos, um hebraico e um grego, como também há dois verbos, um hebraico e um grego, a saber: 1. Musar, “instrução", palavra hebraica usada por 49 vezes (por exemplo: Dt 11.2; Jó 5.17; Pv 3.11; Is 3.11; 53.5; Jr 30.14). 2. Paideía, "instrução de criança". Palavra grega que aparece por seis vezes (Ef 6.4; 2Tm 3.16; Hb 12.5,7,8,11). 3. Yasar, “instruir”. Palavra hebraica empregada por 43 vezes (por exemplo: Dt 8.5; 21.18; SI 6.1; 38.1; Pv 19.18; Os 10.10). 4. Paideúo, “instruir uma criança”. Palavra grega que aparece por treze vezes (Lc 23.16,22; At 7.22; 22.3; ICo 11.32; 2Co 6.9; lTm 1.20; 2Tm 2.25; Tt 2.12; Hb 12.6,7,10 eAp 3.19). Idéias Gerais. A principal palavra hebraica traduzida por “castigo" é yasar. Tem o sentido básico de ensinar uma liçào, e apenas secundariamente o sentido de castigar ou punir. Podemos aprender lições de várias maneiras, através do exemplo, da experiência e do sofrimento (Jo 13.5; lTm 4.12; Jr 10.24); da aceitação de instruções verbais (SI 16.7), da observação (Jr 2.30). Além disso, a razào, inteiramente à parte da experiência, pode fornecer-nos informações que nos dirigem aos atos. Sócrates pensava que a moralidade pode ser alicerçada sobre princípios racionais, que a mente humana possuiria de forma inerente. Ver sobre o Racionalismo. Também há as informações obtidas mediante meios místicos, por meio da revelação divina ou não. Ver os artigos sobre o Misticismo e a Revelação. O verbo grego paideúo (o substantivo é paideía), que significa “instruir uma criança”, tem os sentidos secundários de treinar, educar física e mentalmente (At 7.22). O substantivo indica a criação de uma criança, o treinamento, a educação, e, naturalmente, a base da palavra é o vocábulo grego que significa criança, alguém que precisa dessa criação e treinamento. No Novo Testamento, a ideia de castigo refere-se, quase sempre, à correção que Deus dá ao seu povo, por causa de algum desvio, pecado ou falta (ICo 11.32; 2Co 6.9; Hb 12.5-11). Assim como os pais humanos castigam os seus filhos, assim o nosso Pai celestial nos castiga. Se isso não sucede conosco, então é porque somos bastardos, e não filhos. Portanto, a disciplina e o castigo são medidas benéficas. Platão afirmava que uma das piores coisas que pode suceder a uma pessoa é ela praticar um erro, mas não ser punida por esse erro. Isso ensina a alma a corromper-se. Essa disciplina benéfica pode ser aplicada até mesmo através de Satanás (lTm 1.20). O décimo segundo capítulo da epístola aos Hebreus mostra-nos que os frutos da piedade resultam do castigo recebido. Parte dessa disciplina, pelo menos, envolve certa medida de retribuição, mesmo no caso dos crentes, porquanto temos de colher aquilo que semeamos (G16.7,8). Naturalmente, também há aquele treinamento que não envolve o elemento de castigo, sem importar se está em pauta o crente ou o incrédulo; mas não há retribuição que seja apenas isso. Deus simplesmente não age desse modo. Deus é o Pai de todos, e seus atos disciplinadores sempre são aplicados à luz de sua Paternidade. A disciplina aplicada por Deus prova o seu amor, porquanto há coisas que Deus pode fazer melhor dessa maneira do que de outra maneira qualquer. O castigo pode chegar ao extremo de fazer uma pessoa perder a sua vida física, visando seu benefício espiritual (ICo 11.30). Isso deveria ser um forte incentivo para vivermos no temor de Deus (At 5.11). Se dermos atenção à instrução divina, haveremos de sofrer menos castigo (2Tm 3.16,17). Este artigo apresenta os princípios gerais da punição. Ver os artigos separados sobre Crime e Castigo, Castigo Capital e Castigo Eterno, que aparece sob o título o Julgamento de Deus dos Homens Perdidos. Ver também o artigo sobre Recompensas e Castigos. I. O Princípio Bíblico. DO princípio ao fim, a Bíblia dá a entender que o indivíduo está sujeito à sociedade dos homens e a Deus. Isso significa que os seus atos estão sujeitos a exame, e, subsequentemente, a recompensa ou castigo. As leis leviticas eram uma elaborada declaração dessa crença. O Novo Testamento põe-nos debaixo da lei do Espírito (Rm 8.2). A lex talionis (vide) ou retaliação segundo a ofensa, requer olho por olho e dente por dente. O Novo Testamento reconhece o poder das autoridades civis, um poder delegado por Deus (Rm 13.1 as.), e até esse ponto, dá sanção à lex talionis. Porém, a questão inteira da punição é alçada até à dimensão espiritual, onde aprendemos que aquilo que uma pessoa semeia, isso também haverá de ceifar (G1 6.7,8). O principio geral da recompensa e do castigo é reafirmado por vários autores neo- testamentários, como Tiago (Tg 2.14); Paulo (Rm 2.5; ICo 3.8,13-15; 2Co 5.10; Cl 3.23-25); Jo (Ap 5-6; 8-9.10.7-15). II. O CASTIGO COMO RBMBDIO. A razão diz-nos que um castigo meramente retributivo não concorda com a natureza de Deus, como 0 amor. Alguns teólogos têm asseverado que a punição dos perdidos é final e somente retributiva. Orígenes declarou que esse ponto de vista “condescende com uma teologia inferior”. Essa posição é condenada por alguns teólogos; mas ela sempre aparece de modo bem definido nos escritos dos pais gregos da igreja, contando com muitos aderentes na igreja Ortodoxa Oriental e entre os anglicanos. Além disso, trata-se de uma doutrina bíblica. Há o relato sobre a descida de Cristo ao hades (lPe 3.18—4.6). Ele foi ali pregar o evangelho aos que haviam sido desobedientes nos dias de Noé, e por extensão a todos os perdidos. lPedro 4.6 diz-nos o motivo disso: ... pois, para este fim foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne, segundo os homens, vivam no espirito, segundo Deus. A passagem de Efésios 1.10 promete a restauração geral de todas as coisas, em resultado da obra divina de todos os séculos, o que incluirá os efeitos do próprio julgamento. Portanto, o julgamento ou castigo é um dedo da mão amorosa de Deus. Aprendamos este princípio: O contrário da injustiça não é a justiça; é o amor. O trecho de Efésios 4.9,10 mostra-nos que a descida de Cristo ao hades teve o mesmo propósito que a sua ascensão, porquanto os dois atos contribuem para fazer Cristo tornar-se tudo para todos, aquilo que se deve entender no fato de que ele preenche todas as coisas. O trecho de Hebreus 12.7 mostra-nos que a disciplina, que envolve o castigo, é uma medida do amor do Pai por seus filhos, tal como sucede na vida humana. Deus trata todos os homens como se fossem filhos, sem importar se salvos ou perdidos, através do mesmo princípio ensinado nos versículos que mencionei. Isso é o que deveríamos esperar da parte de Deus Pai. III. ALICBRCBS DO CASTIGO. O homem é um ser responsável tanto diante de Deus quanto da comunidade humana. O castigo é um elemento que garante a responsabilidade ética. É melhor amar, e, portanto, obedecer; mas, o homem caído não se ajusta muito bem a isso. Contudo, à medida que o crente vai sendo transformado segundo a imagem de Cristo, mais ele se adapta à lei do amor, porquanto Cristo é o Filho amoroso e obediente do Pai. Porém, por enquanto, o homem precisa da ameaça do castigo tanto para impedi-lo de errar como para castigá-lo, se ele chegar a errar. O castigo também é uma medida de amor necessária, para servir de remédio para o mal, e para transformar aquele que tiver praticado o mal. O Senhor pode fazer melhor certas coisas, através do juízo, do que através de outra medida qualquer. Deus é o nosso Criador, pelo que exerce autoridade sobre nós. Cristo é o Redentor e o Restaurador, pelo que também exerce autoridade legítima sobre o homem. O dever do homem é diante do Pai e do Filho, e também é diante das autoridades civis humanas, porquanto elas são delegadas de Deus para impor a disciplina nesta esfera terrestre. Nem todos os pecados revestem-se da mesma gravidade, pelo que nem todo o castigo é igual. Os homens são julgados de acordo com suas obras (Rm 2.6). Os crentes serão julgados de acordo com as suas obras, posto que não para efeito de salvação e perdição, e sim, para efeito de recebimento ou não de galardões (ICo 3.10 ss.). Ver sobre os Galardões dos Crentes. IV. Pontos db Discussão b Debatb. OS teólogos debatem se o castigo imposto por Deus tem apenas um efeito retributivo, ou também tem um efeito restaurador. Em grande parte, essa é uma questão que tem envolvido choques entre as porções ocidental e oriental do cristianismo. A igreja ocidental argumenta em favor somente da ideia de retribuição. A igreja oriental argumenta em prol do valor remediador do castigo imposto por Deus, Quanto a esse ponto ponho-me ao lado da igreja oriental. Os educadores modernos defendem a ideia de que a imposição positiva de boa conduta é uma medida mais eficaz para aprimorar a conduta de um indivíduo do que o castigo. Esse é um bom princípio, que pode ser aplicado com frequência. Porém, não pode substituir a necessidade do castigo. Alguns crimes merecem retribuição, por amor à justiça. Além disso, o castigo severo, incluindo a punição capital (vide), é benéfico à alma, e não apenas para livrar a sociedade dos malfeitores. Freud preocupava-se com os efeitos negativos a longo prazo do castigo. Uma punição excessivamente severa pode causar um trauma duradouro, se imposta no espírito do ódio e da hostilidade. Porém, os abusos não eliminam a validade do princípio do castigo, com vistas à retribuição e à restauração, igualmente. V. O CASTIGO E OS INCRÉDULOS. Os evangélicos geralmente estabelecem uma distinção por demais radical entre o que Deus faz com os crentes e com os incrédulos. Afinal de contas, todos os incrédulos são crentes em potencial, sendo, igualmente, objetos do amor de Deus (Jo 3.16). Tomou-se popular, na teologia evangélica, dizer que o julgamento divino tem apenas um aspecto retributivo, quando aplicado aos incrédulos. E, no entanto, o trecho de 1 Pedro 4.6 contradiz essa noção de forma enfática e específica. A missão de Cristo ao hades (ver sobre a Descida de Cristo ao Hades), levou até ali o seu ministério evangelístico, quando o evangelho foi pregado, aos mortos (IPe 4.6), aos desobedientes (IPe 3.19,20). Então, eles foram julgados como homens que vivem na carne. Estão pagando pelo mal que praticaram. No entanto, o próprio castigo a que são sujeitados tem o propósito de dar-lhes vida, para que vivam como Deus vive, no espírito. Somente assim poderia ter cumprimento a restauração de todas as coisas (ver Ef 1.10), que envolve o mistério da vontade de Deus. Ver o artigo sobre a Restauração. O julgamento é um dedo da mão amorosa de Deus, e ele pode fazer certas coisas, através desse método, como não pode fazer de outra maneira qualquer. Inútil é falar em justiça somente em termos de vingança. A passagem de Romanos 5.7 estabelece a distinção entre o homem justo e o homem bom. O homem justo é eticamente correto. Ele não infringe as demandas da lei e da moralidade. Mas o homem bom, além disso, também mostra-se generoso e amoroso. Por esse tipo de pessoa, alguém poderia ousar morrer, mas, pelo indivíduo meramente justo, quem se incomodaria? É impossível supormos que a justiça de Deus é inferior às exigências impostas aos homens. O oitavo capítulo de Romanos mostra- nos que neste mundo há caos e tragédia, fazendo a vida humana tomar-se fútil. Porém, Deus usa esses elementos para atrair os homens a si mesmo, e essas são formas de castigo aplicadas a todos os homens, e não somente aos crentes. (Ver Rm 8.20). A criação ficou sujeita à futilidade a fim de que pudéssemos obter, finalmente, a liberdade. Geralmente estreitamos demais o amor de Deus. Esse amor opera por toda a parte, em favor de todos; e essa é a grande mensagem do evangelho. VI. O CASTIGO RBLATIVO À PERSEGUIÇÃO E À TRIBU- LAÇÃO. Quanto aos resultados benéficos desse castigo, ver o artigo separado sobre Tribulação, Valor da. VII. O Castigo E a Lei da Colheita Conforme a Se- meadura. É evidente que colhemos aquilo que semeamos (G1 6.7,8). A graça de Deus, em face da confissão e do arrependimento, pode livrar-nos das conseqüências; mas, usualmente, a despeito do perdão recebido, essa lei é posta em vigor, de qualquer maneira. Nem por isso o crente castigado é, por causa disso, condenado diante de Deus, conforme o trecho de Romanos 8.1 deixa perfeitamente claro. (B H NTIW)