==== CARRUAGEM Sete palavras hebraicas e duas palavras gregas estão envolvidas: 1. Hotsen, “carro de guerra”. Essa palavra hebraica figura exclusivamente em Ezequiel 23.24. 2. Merkab, "carruagem”. Palavra que aparece por somente uma vez, em IReis 4.26. 3. Markabah, “carruagem”. Palavra que é usada por 44 vezes (para exemplificar: Gn 41.43; 46.29; Êx 14.25; Js 11.6,9; ISm 8.11; lRs 7.33; 2Rs 5.21; 2Cr 1.17; Is 2.7; Jr 4.13; J1 2.5; Zc 6.1-3). 4. Agalah, “vagão”. Essa palavra ocorre por 25 vezes (para exemplificar: ISm 6.7-14; Is 5.18; Gn 45.19,21,27; Nm 7.3,6,7). 5. Rekeb, “carruagem”. Palavra que aparece por 115 vezes com esse sentido (por exemplo: Gn 50.9; Êx 14.6-28; Dt 11.4; Js 11.4; Jz 1.19; 5.28; 2Sm 1.6; lRs 1.5; 9.19,22; 2Rs 2.11,12; 5.9; 6.14,15,17; 2Cr 1.14; SI 20.7; Ct 1.9; Is 21.7,9; 66.20; Jr 17.25; Ez 26.7; Dn 11.40; Na 2.3,4,13; Zc 9.10). 6. Rikbah, “carruagem”. Palavra que figura apenas em Ezequiel 27.20. 7. Rekub, “carruagem”. Palavra que aparece somente em Salmo 104.3. 8. Arma, “carro de guerra” (com duas rodas). Palavra grega que aparece por quatro vezes: Atos 8.28,29,38; Apocalipse 9.9. 9. Rède, “vagão” (com quatro rodas). Palavra grega que é usada somente em Apocalipse 18.13. As palavras envolvidas geralmente significam “carro”, havendo um artigo separado para esse verbete. Salmo 46.9 re- fere-se a um vagão para transporte de suprimentos de guerra. A maioria das referências tem em vista veículos puxados por bois, cavalos ou asnos, sendo traduções de palavras que derivam do verbo hebraico “guiar”.

  1. Carruagens Egípcias. A arqueologia nos tem provido abundantes ilustrações das carruagens antigas. As carruagens egípcias tinham duas rodas, equipadas do lado direito com receptáculos para arcos, lanças e flechas. A construção era inteiramente de madeira, exceto que havia arcos de metal nas rodas. Os arreios e os tirantes eram de couro. O soalho era feito de um trançado de cordas, o que provia uma espécie de amortecedor para os tripulantes. A parte de trás da carruagem era aberta, por onde também entrava o condutor do veículo. As carruagens da realeza e dos ricos eram decoradas com metais preciosos. Uma carruagem muito ornada foi encontrada intacta no túmulo de Tutancamom. Os carros de guerra do Egito tinham três tripulantes, cada qual com diferentes funções: o guerreiro, o escudeiro e o condutor. De outras vezes, porém, um único guerreiro manipulava um desses carros. É provável que os termos cocheiro e cavalariam se referissem aos tripulantes não combatentes dos carros de guerra, ao passo que o capitão seria o combatente em cada carro de guerra. (Ver Êx 14.7,9; 15.1 quanto a essas designações. Presume-se que o capitão fosse a máquina de guerra, e que os outros apenas facilitassem o seu trabalho).
  2. Carruagens Assírias. A arqueologia demonstra a grande similaridade entre as carruagens assírias e as carruagens dos egípcios. Assim, as primeiras carruagens de Ur da Sumária tinham rodas de madeira sólida, protegidas por um aro de cobre. Algumas carruagens eram puxadas por dois, ou mesmo por três cavalos, dependendo das dimensões das carruagens.
  3. Carruagens Cananeias. Quando se lê que os cananeus tinham carruagens de ferro (ver Js 17.8), isso significa que algum ferro era usado nesses veículos, como nas rodas. O trecho de Juizes 4.3 diz-nos que Jabim, rei de Canaã, tinha novecentos carros de guerra; os filisteus, no tempo de Saul, teriam trinta mil (ISm 13.5), embora alguns eruditos suponham que o número real fosse de três mil, e que ali houve um erro de cópia. Davi tomou mil carros de guerra de Hadadezer, rei de Zobá (2Sm 8.4), e, posteriormente, setecentos dos sírios (2Sm 10.18). A fim de se recuperarem da perda, eles tomaram emprestados 32 mil carros de guerra de vários países (lCr 19.6,7). Haveria aqui outro erro de cópia, ou os exércitos antigos eram assim tão bem equipados? No início só havia rodas de madeira sólida, mas posteriormente, surgiram as rodas dotadas de raios. A princípio havia seis raios; depois, oito. As primeiras carruagens tinham o eixo no meio, porém, posteriormente, quase na traseira. As rodas eram relativamente pequenas, embora também houvesse algumas carruagens gigantescas, com rodas da altura de um homem. Quando uma carruagem era impelida por três cavalos, então o terceiro animal era atrelado atrás e não na frente do veículo.
  4. Carruagens dos Hebreus. Os israelitas mostraram-se lentos na utilização desse modo de transporte em caso de guerra, talvez devido à proibição contra a multiplicação, de cavalos. Mas Salomão, que fazia tudo em grande escala, criou muitos cavalos e contava com uma força de 1.400 carros de guerra (lRs 10.26). Para tanto, ele teve de cobrar de seu povo pesados impostos. E importava carros e cavalos do Egito (lRs 10.29). As carruagens eram consideradas um símbolo de esplendor mundano, de alta posição, como hoje se dá com os carros novos (ISm 8.11). Porém, os carros de guerra facilitavam a matança, em caso de guerra; pelo que coisa alguma era capaz de impedir a multiplicação dos mesmos. Após certa batalha, Davi jarretou todos os cavalos tomados do inimigo, menos cem (2Sm 8.4). Salomão, entretanto, multiplicou os cavalos em seu território. Os carros de guerra dos israelitas eram tripulados por três homens, à semelhança do que faziam os egípcios. Acabe teve de envolver-se em muitas guerras, pelo que também contava com um grande número de carros de guerra. Quando da batalha de Qarqur, em 853 a.C., ele empregou dois mil carros de guerra. Alguns arqueólogos supõem que os estábulos que geralmente são considerados pertencentes a Salomão, na realidade foram construídos por ordem de Acabe. A arqueologia tem descoberto que, em Megido, os verdadeiros estábulos de Salomão continuam sepultados sobre o cômoro ali existente. Após a divisão do reino em Israel e Judá, este último reino contava com bem menos carros de guerra do que Israel.
  5. Usos das Carruagens. Já comentamos o suficiente sobre o uso dos carros de guerra; mas as gravuras em pinturas e relevos, descobertas pelos arqueólogos, mostram que as carruagens também eram usadas nas caçadas, nos cortejos e nas cerimônias mais diversas, incluindo as de caráter religioso. Nas ocasiões especiais de visitas de dignitários, a pessoa importante era conduzida em uma carruagem (Gn 41.43; Et 6.1).
  6. No Novo Testamento. Há somente cinco referências a carruagens ou carros de guerra no Novo Testamento, a saber; no relato sobre Filipe e o eunuco etíope (At 8.28,29,38), e a menção a cavalos e carruagens, que faziam parte das mercadorias, em Apocalipse 18.13. Em Apocalipse 9.9, o ruído dos gafanhotos infernais se assemelhava ao ruído feito por muitos cavalos e carros de guerra que se dirigiam à batalha .
  7. Usos figurados, a. As carruagens eram símbolos de poder (SI 20.7; 104.3); b. de coragem, fé e poder diante de Deus (2Rs 2.12); c. das velozes agências de Deus na natureza (SI 68.17; Is 66.15). d. as carruagens dos querubins do templo retratavam a pompa com que Deus chega ao seu trono (lCr 28.18); e. Os carros de fogo (2Rs 2.11) simbolizam qualquer brilho refulgen- te que alguém poderia ver; f. Os carros do sol referem-se àqueles que eram dedicados ao sol, por seus adoradores, supondo que essa divindade erá puxada por uma carruagem com cavalos (2Rs 23.11). Os rabinos informam-nos que o rei e seus nobres partiam em suas carruagens, quando saíam para saudar o sol matutino; g. O termo "carros de Israel” é empregado acerca dos profetas Elias e Eliseu (2Rs 2.12), aparentemente dando a entender que esses dois profetas fizeram mais por Israel que todos os seus carros e cavaleiros materiais. (GA HAL YAD)