A aplicação do termo cânon ao conjunto dos livros, que constituem as Escrituras do Antigo e Novo Testamento, somente se fez pelo fim do quarto século, quando todo o Novo Testamento se apresenta reconhecido pelas igrejas. Mas a idéia se derivou da coleção das Sagradas Escrituras judaicas, já fixadas e completas no princípio da era cristã. A. Cânon do Antigo Testamento. os livros que encerra: o Antigo Testamento contém trinta e nove livros, agrupados segundo o assunto. Há os cinco livros da Lei - doze de História, cinco de Poesia - dezessete de Profecia. Esta disposição provém da Vulgata Latina, que, por sua vez, se baseia na versão grega dos Setenta, assim chamada por terem sido setenta os tradutores. Quando nos referimos a esta tradução grega, dizemos a versão dos LXX. Todavia, as Escrituras hebraicas compreendem somente vinte e quatro livros. É porque se considera como um só livro cada grupo dos seguintes: os dois de Samuel, os dois dos Reis, os dois das Crônicas, Esdras e Neemias, os doze profetas menores. Por uma classificação posterior ficou reduzido o número a vinte e dois livros, para corresponder, certamente, ao número de letras do alfabeto hebraico, aparecendo o livro de Rute ligado ao dos Juizes, e as Lamentações ao livro de Jeremias. o agrupamento das Escrituras hebraicas é, provavelmente, significativo da história do Cânon do Antigo Testamento. 1. Lei (Torá) - Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. 2. Profetas: primeiros - Josué, Juizes, Samuel, Reis - últimos - isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze. 3. Escritos (Quetubim na versão dos LXX são os hagiógrafos, ou escritos sagrados). a) Livros Poéticos: Salmos, Provérbios, Jó. b) Megilote (Rolos, que eram lidos, cada um em separado, nas cinco grandes festividades judaicas) - Rute, Cantares de Salomão, Eclesiastes, Lamentações, Ester. c) Daniel, Esdras, Neemias, e Crônicas. Deve notar-se que somente a primeira divisão, a Lei, corresponde ao agrupamento da Vulgata Latina. os ‘Profetas’ incluem quatro livros históricos, e o próprio titulo da terceira divisão, os ‘Escritos Sagrados’, sugere o caráter miscelâneo dos assuntos. A versão dos LXX, que em geral é citada pelos escritores do N.T., contém quatorze livros além dos das Escrituras hebraicas. o excesso dos livros gregos sobre os hebraicos é representado pelos livros apócrifos. B. Cânon do Novo Testamento. Livros que encerra: A ordem dos vinte e sete livros do Novo Testamento é derivada da Vulgata Latina. E acham-se assim agrupados: a) os quatro Evangelhos e o livro histórico dos Atos. b) A série das quatorze epistolas de S. Paulo, terminando com a epistola aos Hebreus. c) As sete epístolas universais. d) Apocalipse. A ordem tradicional é particularmente infeliz com respeito aos escritos paulinos, que parecem ter sido geralmente dispostos segundo o seu comprimento e importância. Se esta disposição pudesse, dalgum modo, justificar-se por se tratar de inspiradas ‘Epístolas’, devia pensar-se em que, primeiramente, foram cartas, chamando-se depois epístolas, quando se incluíram no Cânon, e como cartas tinham um lugar marcado na sua relação com a vida e ministério de S. Paulo. A sua ordem cronológica é, realmente, de grande importância para inteira compreensão de cada uma das epístolas e pode ser determinado com mais ou menos certeza, este agrupamento: Segunda viagem missionária: (Gálatas), 1 e 2 aos Tessalonicenses. Terceira viagem missionária: (Gálatas), 1 e 2 aos Coríntios (Gálatas), Romanos. Quando Paulo estava na prisão: Epístolas aos Efésios, aos Colossenses, e a Filemom - Epístola aos Filipenses. Depois da (primeira) Prisão: Epístolas a Tito - 1 Timóteo - 2 Timóteo. A literatura do N.T. compreende, então, os quatro Evangelhos, ou uma narrativa da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo - a história da igreja primitiva, tratando de um modo especial da obra de S. Paulo, uma coleção de vinte e uma Epístolas Apostólicas - e o Apocalipse. Estes escritos constituem, de fato, o Cânon do N.T.
=======CÂNON Palavra latina que significa “linha de medir”, “regra”, “modelo”. O termo latino deriva-se do grego kanon, “regra”, ou “vara". 1. O termo é usado frouxamente para indicar qualquer regra ou padrão. 2. Uma lista das obras de um autor qualquer, consideradas genuinas, como o cânon de Shakespeare, no pressuposto de que nem todas as obras a ele atribuídas são, realmente, de sua autoria. 3. Uma relação oficial da igreja, contendo os nomes de santos reconhecidos ou de membros de algum de seus capítulos. 4. Uma regra de fé ou de disciplina, especialmente se houver sido expedida por algum concilio eclesiástico (dentro da igreja Católica Romana), e ratificada pelo papa. 5. Aquela porção da missa católica romana entre o Sanctus e a oração do Padre Nosso. Consiste em um prefácio e em uma oração de ação de graças, e então vem a oração euca- rística ou de consagração. 6. Na música, uma composição que tenha vozes ou partes, de acordo com a que cada voz ou parte, em sucessão, entoa a mesma melodia (chamada tema). 7. Lei Canônica. De conformidade com as definições mais básicas, a lei canônica consiste, simplesmente, no conjunto de regras da antiga igreja, com o intuito de controlar a conduta e a fé das pessoas, além de regras disciplinares para os ministros. A princípio, essas regras consistiam em pronunciamentos ad hoc, feitas pelos líderes e concílios da igreja antiga, a maioria com base em proposições bíblicas. Particularmente importantes, foram aquelas leis que vieram de grandes centros cristãos, como os cânones adotados em Niceia, em 325 d.C. Essas leis acumularam-se, tendo-se tornado necessário que houvesse um processo de seleção e codificação. A padronização teve lugar, no Ocidente, sob a liderança de Carlos Magno. Graciano foi o homem que levou o processo a seu ponto culminante virtual, dentro da comunhão romana, com seu famoso Decretum, de 1140 d.C., que se tornou o alicerce do moderno Corpus iuris ccmonici. Esse conjunto de leis tornou-se a mais autoritária lei da igreja Católica Romana, envolvendo a autoridade das Escrituras, dos concílios e dos papas. Essas leis precisam ser distinguidas dos decretos dos bispos, das concordatas entre a igreja e os governos seculares, e das leis eclesiásticas, as quais repousam sobre os costumes. Tais leis são consideradas divinamente conferidas, pelo que são consideradas obrigatórias e imutáveis. Todavia, não há razões para que não se façam acréscimos, conforme a necessidade surgir, visto que para tanto há a autoridade dos papas e dos concílios. O corpo das leis canônicas foi publicado cm 1582, por Gregório XIII, com o nome de Corpus luris Canonici. Uma nova codificação, conhecida como Codex Iuris Canonici, foi promulgada sob o papa Benedito XV, em 1917. As leis canônicas cobrem quatro áreas principais, a saber: a. Área pessoal, que trata de leis dirigidas a indivíduos, incluindo aquelas que dizem respeito ao clero. b. Área material, que são leis que dizem respeito aos sacramentos, à liturgia etc. c. Área judicial, que são leis que dizem respeito ao casamento etc. d. Área penal. O código inteiro incorpora leis divinas, com base nas Escrituras, embora também seja um documento eclesiástico, que reúne as tradições e leis da igreja. Trata-se de uma tentativa de codificar as regras da vida cristã, de doutrinas práticas e da disciplina. As igrejas protestantes, naturalmente, repelem essa legislação, embora algumas delas contem com legislações similares, visto que a tendência das denominações é codificar suas crenças e práticas.
- Os cânones do Antigo e do Novo Testamento. Esses incluem os livros considerados divinamente inspirados e autoritários para a fé e a prática dos cristãos. O cânon judaico ou hebreu consiste na Lei, Profetas e Escritos — um total de 39 livros. O cânon do Novo Testamento consiste em 27 livros. Certos segmentos da igreja também aceitam os livros apócrifos do Antigo Testamento, que consistem em outros doze livros, os quais foram incluídos na versão Septuaginta do Antigo Testamento (vide). Quanto a essas questões, ver os dois artigos separados: Canon do Antigo Testamento e Cânon do Novo Testamento. (AM B E H P)