Os israelitas usavam tal calendário lunissolar. Isto se evidencia em Deus estabelecer o início do ano sagrado deles como o mês de abibe, na primavera setentrional, e especificou a celebração de certas festividades em datas fixas, festividades que se relacionavam com épocas de colheita. Para que essas datas coincidissem com as colheitas específicas, tinha de haver um arranjo de calendário que se sincronizasse com as estações, por compensar a diferença entre os anos lunar e solar. — Êx 12:1-14; 23:15, 16; Le 23:4-16. Os israelitas usavam tal calendário lunissolar. Isto se evidencia em Deus estabelecer o início do ano sagrado deles como o mês de abibe, na primavera setentrional, e especificou a celebração de certas festividades em datas fixas, festividades que se relacionavam com épocas de colheita. Para que essas datas coincidissem com as colheitas específicas, tinha de haver um arranjo de calendário que se sincronizasse com as estações, por compensar a diferença entre os anos lunar e solar. — Êx 12:1-14; 23:15, 16; Le 23:4-16.

=== CALENDÁRIO JUDAICO (BÍBLICO) Todos os calendários dos povos antigos estavam baseados em observações astronômicas, embora os sistemas daí resultantes variassem. Os modernos calendários geralmente dependem do ano solar, ou seja, o tempo em que a terra dá um giro completo em torno do sol. Como esse tempo envolve um resto em horas, minutos e segundos, nosso ano solar precisa de um ajuste de quatro em quatro anos, em que um dia é acrescentado no mês de fevereiro, e também de um outro ajuste, mais raro, para compensar a defasagem. Houve um desses ajustes no tempo do imperador Júlio César, no ano de 46 a.C., com a intercalação de 67 dias, entre os meses de novembro e dezembro. Isso deu origem ao calendário juliano. Mas, no século XVI (1582), houve um novo ajuste, começando então o calendário gregoriano, que foi adotado por países católicos e protestantes. Agora, quatro séculos e pouco depois, tem-se proposto um calendário internacional fixo, com um ano de 13 meses, de quatro semanas cada. Está predito que quando o anticristo aparecer, “cuidará em mudar os tempos e a lei" (Dn 7.25). Como se vê, a mudança de calendário requer alguma elevada autoridade. Israel seguia e segue o sistema lunissolar, com um ano de doze meses de 29 ou trinta dias, alternadamente, e o acréscimo periódico de um mês. Todavia, ao que parece, Israel não desconhecia o ano solar. A comunidade de Qumran seguia um calendário de doze meses, de trinta dias, com um dia suplementar a cada três meses. Isso fazia com que os anos começassem sempre no mesmo dia da semana — talvez uma quarta-feira — e as próprias festas religiosas sempre caíam no mesmo dia do mês, e também no mesmo dia da semana. Há quem pense que Jesus seguia esse calendário, o que poderia explicar a diferença de data da última Ceia, entre os Evangelhos sinópticos e o de Joào — Jesus teria seguido esse calendário na observância da última Páscoa, ao passo que as autoridades religiosas de Jerusalém seguiam o calendário lunissolar. Todavia, isso é pura especulação, nada havendo para provar tal assertiva. O fato é que, segundo a Bíblia, o Senhor criou os corpos luminosos do firmamento para “sinais, para estações, para dias e anos” (Gn 1.14). Os que cultivam a astrologia pensam encontrar aí uma base bíblica para suas idéias, mas, na verdade, o que está envolvido é a formação de um calendário. Para melhor entendermos o que a Bíblia ensina a respeito, dividiremos nosso estudo nestes títulos: 1. Dias; 2. semanas; 3. meses; 4. anos; 5. ciclos; 6. Eras.

  1. Dias. A maneira de computar os dias, começou na nação judaica com base na repetida frase de Gênesis: Houve tarde e manhã, o primeiro dia... Houve tarde e manhã, o segundo dia. .. etc. (ver Gn 1.5-31). De acordo com essas palavras, a nação judaica iniciava cada dia às 18 horas (ver Dt 23.11), ao passo que para os babilônios e a maioria dos povos do Oriente Médio o dia era computado a partir do nascer do sol, às 6 horas da manhã. A demarcação entre um dia e outro, entre os israelitas, na verdade era o momento em que três estrelas da segunda magnitude tornavam-se visíveis, segundo se vê em Neemias 4.21: Assim trabalhávamos na obra; e metade empunhava as lanças desde o raiar do dia até o sair das estrelas. Os judeus não davam nomes aos dias da semana, mas eram designados como primeiro, segundo, terceiro etc. Os dias eram divididos em horas e vigílias, embora a divisão em horas tivesse sido adotada posteriormente, pois no começo eles falavam somente em períodos indefinidos, como “tarde”, “manhã”, “declinar do dia” etc. (Ver Jz 19.8). Havia aparelhos engenhosos para marcação do tempo, desde muito antes do tempo de Daniel, entre os babilônios e os egípcios. Os babilônios dividiam o dia em 24 horas, cada hora dividida em minutos, e estes em segundos. Um desses engenhos antigos aparece no trecho de Isaías 38.8 e 2Reis 20.11: Eis que farei retroceder dez graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz. No Novo Testamento, lemos que o Senhor Jesus indagou: Não são doze as horas do dia? (Jo 11.9). Outro tanto se vê no relato sobre a crucificação, que menciona a terceira, a sexta e a nona horas, correspondentes às 9 horas, às 12 horas e às 15 horas, pois Marcos reflete a maneira romana de contar as horas, isto é, a partir das seis horas da manhã (ver Mc 15.25,33 ss.). Os primeiros hebreus dividiam as noites em três vigílias: a “vigília da manhã (Êx 14.24); a “vigília média” (Jz 7.19); e o “princípio das vigílias” (Lm 2.19). Mas os romanos dividiam a noite em quatro vigilias, de onde Jesus extraiu uma analogia, em sua advertência escatológica sobre um tempo imprevisível:... se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã (Mc 13.35).
  2. Semanas. A semana de sete dias é de origem semita. Os babilônios e assírios vinculavam suas semanas ao ciclo lunar, correspondentes aos quatro ciclos da lua, a começar a cada lua nova. A semana judaica tinha origem na narrativa da criação, sem ligação aos ciclos lunares ou solares, porquanto dependia da observância do sétimo dia, ou sábado. A semana egípcia tinha dez dias. Embora Deus tivesse salientado o sétimo dia, por ocasião da criação (ver Gn 1.2,3), o registro bíblico faz silêncio quanto à observância do sábado durante o longo intervalo entre a criação e a época de Moisés. Não há registro da observância religiosa do sábado nos tempos antediluvia- nos ou nos dias dos patriarcas hebreus. Todavia, há indicações bíblicas indiretas de que o sábado sempre foi tido como um dia religioso importante. Na legislação mosaica, o sábado tornou-se um dos sinais do pacto entre Deus e Israel: Certamente guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós nas vossas gerações... (Êx 31.13). Em consonância com isso, Jesus, que veio para cumprir a lei, não se descuidava dessa observância, embora os judeus, de modo geral, se mostrassem bastante relapsos quanto à questão: Indo para Nazaré, onde fora criado entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume... (Lc 4.16). No entanto, em face dos cruciais acontecimentos ocorridos na vida de Cristo e da igreja, no primeiro dia da semana, os primitivos cristãos passaram a reunir-se no primeiro dia da semana, e não no sétimo. Por causa do dia da ressurreição de Cristo: E muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo... (Mc 16.2 ss.). Os discípulos estavam reunidos quando Cristo lhes apareceu pela primeira vez, depois de ressurreto: Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos, com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Pa?, seja convosco! (Jo 20.19). Por que foi em um primeiro dia da semana que teve início o ministério do Espírito Santo à igreja: Ao cumprir-se o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos no mesmo lugar... (At 2.1 ss.). Em face desses grandes acontecimentos, os cristãos, embora ocasionalmente freqüentando a sinagoga ou o templo, em dia de sábado (sobretudo quando queriam pregar aos judeus, que se reuniam nesse dia da semana), tinham no primeiro dia da semana o seu dia normal de reuniões: No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão... (At 20.7). E também: No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for (ICo 16.2). Todavia, isso não significa que o domingo tenha tomado o lugar do sábado, para os cristãos. Para nós, servos de Deus, todos os dias são santos. É sinal de pouca espiritualidade quando alguém insiste em guardar dias e estações, porquanto, tudo quanto é simbolizado pelos mesmos, foi cumprido em Cristo.... agora que conheceis a Deus, ou antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando outra vez aos rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco (G14.9-11). Alei e suas ordenanças foram canceladas no caso do crente:... (Cristo Jesus)... aboliu na sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordenanças (Ef 2.15). Ora, o sábado é uma das ordenanças da lei. (Ver sobre o dia de domingo).
  3. Meses. No hebraico, a palavra é um sinônimo para “luas”. Os povos antigos mediam o tempo pelas fases da lua. Assim, o termo árabe para lua significa “medidora”. E o deus-lua dos egípcios, era também o deus da medição. Entre os judeus de gerações posteriores, três membros do sinédrio tinham a responsabilidade de vigiar e anunciar a primeira aparição da lua nova, e então a notícia do começo de um novo mês espalha- va-se pelo país através de sinais de fumaça, e, mais tarde, mediante mensageiros. O calendário constante, que dispensou essa medida, pelo menos em tese, segundo se diz, foi inaugurado pelo patriarca Hilel. Entre os israelitas, os meses eram designados com nomes tomados por empréstimo dos ca- naneus e fenicios. Esses nomes estavam ligados às estações do ano, segundo se vê pelos quatro nomes que sobreviveram nos antigos registros hebraicos: Abibe (Êx 13.4 e Dt 16.1), correspondente ao Nisã do calendário posterior, que significa "mês das espigas maduras”; Zive (lRs 6.1), correspondente ao posterior mês do Iyyar, que significa “mêf das flores”, Etanim (lRs 8.2), correspondente ao posterior mês de Tisri, que significa “mês dos riachos perenes”; e Bul (lRs 6.38), correspondente ao posterior mês de Marchesvam, que significa chuvas, sendo que o primeiro mês da estação chuvosa. No entanto, durante o período monárquico de Israel, o calendário foi reformado, e os antigos nomes dos meses foram substituídos por números ordinais, primeiro, segundo, terceiro etc., ao mesmo tempo em que o começo do ano foi transferido para a primavera. Isso é ilustrado em IReis 6.1 e 8.2. Citamos este último trecho: Todos os homens de Israel se congregaram junto ao rei Salomão, na ocasião da festa, no mês de etanim, que é o sétimo. Em cerca de 520 a.C., Ageu (1.1 e 2.1,10), usou apenas números ordinais para indicar os meses, sem referir-se aos antigos nomes dos mesmos. Zacarias, um profeta contemporâneo daquele, liga o número ordinal de certo mês ao nome babilônico do mesmo, o que se tornou prática popular após o exílio. Diz Zacarias 1.7: Aos vinte e quatro dias do mês undécimo, que é o mês de sebate... Todavia, esses nomes importados da Babilônia não eram usados nos registros civis e históricos dos judeus. Tais nomes tinham conotações agrícolas, ainda que vinculados a nomes de divindades pagãs da natureza, em certos casos. O chamado calendário de Gezer, que data do século X a.C., fonjece-nos um interessante vislumbre sobre a vida agrícola da Palestina. Trata-se de uma inscrição que enumera operações agrícolas referentes a oito meses, e onde são mencionadas atividades como a semeadura, a colheita do linho, a colheita da cevada e a poda da videira.
  4. Anos. O calendário judaico envolvia dois anos concorrentes, a saber: o ano religioso, que começava na primavera, com o mês de Nisã, e o ano civil, que começava no outono, com o mês de Tisri. O ano religioso foi instituído por Moisés, após o êxodo. Consiste em doze ou treze meses lunares de 29-1/2 dias cada. O ano civil é mais antigo, computado supostamente desde a criação, que tradicionalmente ocorreu no outono (3760 a.C.). Tornou-se popular a partir do século III d.C. Que o ano civil era observado pelo antigo povo de Israel torna-se evidente no preceito mosaico, que diz: Guardarás a festa da sega dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a festa da colheita, à saída do ano, quando recolheres do campo o fruto do teu trabalho (Êx 23.16). Os babilônios e os egípcios criaram o mês intercalado, a fim de ajustar o ano solar ao ano lunar. Os anos bissextos dos judeus, com seu ciclo de 19 anos, foram fixados, com adição de um décimo terceiro mês nos anos terceiro, sexto, nono, décimo primeiro, décimo quarto, décimo sétimo e décimo nono. E se no décimo sexto dia do mês de Nisã o sol não tivesse atingido o equinócio de inverno, o mês era declarado como o segundo mês de Adar, ao passo que o mês seguinte era decla rado mês de Nisã. Conforme dissemos no começo deste artigo, grande avanço foi feito quando do calendário traçado por Júlio César, primeiro imperador romano, em 46 a.C. Mas esse ano, de 365 dias e um quarto, tinha uma defasagem de onze minutos, acima do ano solar. Por esse motivo, em 1582, o então papa Gregório XIII fez uma reforma, e o novo calendário passou a chamar-se de calendário gregoriano (sob cujo regime vivemos). Esse envolve um erro infinitesimal que se acumula para formar um dia, a cada 3.325 anos. É interessante observar que o calendário mais exato que a humanidade já criou é o dos índios maias, da América Central, que acusa um erro acumulado de um dia, a cada seis mil anos!
  5. Ciclos. Em face do sétimo dia da criação, os judeus passaram a dar um elevado sentido religioso e sagrado ao número sete. Assim, as convocações solenes e as festas judaicas tinham lugar no sétimo dia, ou na sétima semana, ou no sétimo mês, ou no sétimo ano ou a cada sete vezes sete anos. A cada sete dias havia o sábado. A festa do Pentecoste caía no fim de sete semanas após a Páscoa, no primeiro dia da semana seguinte. A festa das Trombetas, que introduzia o sétimo mês, envolvia uma “assembléia solene”. O ano sabático impunha um solene repouso para os proprietários de terras, para as terras aráveis e até para os animais de carga. Nesse ano também eram postos em liberdade os escravos hebreus. Os anos sabático e de jubileu eram sincronizados ao ano civil ou agrícola. O ano do jubileu, que ocorria a cada cinqüenta anos, após sete vezes sete anos, tinha conotações importantíssimas na vida social judaica. (Ver Lv 25.8-17).
  6. Eras. No calendário bíblico, “eras" indicam todo o tempo que vai da criação do mundo à consumação dos séculos. Há grandes acontecimentos que são marcos terminais, com o início de alguma nova fase para a humanidade. Esses marcos, em sua seqüência cronológica, são: a criação, o dilúvio, a vida de Abraão, o êxodo, o exílio babilônico e o nascimento de Jesus. Em conseqüência, as eras bíblicas poderiam ser intituladas como: antediluviana, pós-diluviana, patriarcal, israelita, judaica e cristã. (Ver Mt 1.2-17 e Lc 3.23-37). Astronomicamente falando, a fenomenal estrela que guiou os magos ao menino Jesus dividiu a história da humanidade em antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.). Esse é o eixo em torno do qual a história humana é datada, pondo fim a uma antiga ordem de coisas e dando início a uma nova ordem. As predições bíblicas aludem a mais duras eras, a saber: a. O milênio, logo após a Grande Tribulaçáo, inaugurado pela segunda vinda de Cristo quando ele instaurar o seu reino de mil anos à face da terra; eb. a era eterna, quando forem criados novos céus e nova terra. Ver acerca do milênio e da era eterna. Cf. Apocalipse 20.1-15 e 21.1-5.