Árabes na Bíblia
Domínio árabe Sob o governo de Heráclio, por volta de 640, Roma já perdera todas as cidades do norte para os muçulmanos. Nos séculos VII e VIII, a história da Mesopotâmia se caracterizou por uma série de transformações culturais e sociais, pela fundação de grandes cidades, mas também por intrigas, violências e desordens.
Durante o predomínio muçulmano, teve início um período de tolerância religiosa e o idioma árabe passou a predominar sobre o siríaco. Disputas entre as facções muçulmanas dos abássidas e dos omíadas voltaram, porém, a ameaçar a estabilidade da região.
Os omíadas abandonaram Damasco e instalaram-se em Harran, enquanto os abássidas se fixaram no Iraque e passaram a governar o Islã. Com a derrota de Hussein em Kerbela, no Iraque, no ano 680, o sul permaneceu xiita e o norte se tornou sunita, numa divisão do islamismo que se consolidaria ao longo do tempo.
Centro vital do Islã, a região passou a beneficiar-se de um significativo afluxo de bens e manteve sua estrutura socioeconômica, com base na agricultura, que foi pouco afetada pelos conflitos.
A história da Mesopotâmia é marcada, nessa fase, por grandes transformações. Surgem importantes cidades e a fundação de um califado com a capital em Bagdá marcou o início de um período de grande progresso.
O poder político passou a partir de então a ser exercido por dinastias locais, embora em nome do califa. A região entrou em declínio na segunda metade do século IX, quando os escravos africanos deram início à guerra de Zanj, que durou de 869 a 883.
Eles contribuíram para o enfraquecimento do poder político e a organização dos imigrantes turcos, que haviam sido trazidos como escravos e posteriormente empregados como soldados mercenários; as pretensões do Egito quanto à soberania da região de Jazirah e uma restauração da influência bizantina na dinastia macedônica.
Ao agravamento da crise, em consequência das incursões dos turcos e dos cruzados, seguiu-se a vitória de Saladino sobre os cristãos, com o estabelecimento da supremacia egípcia no norte da Mesopotâmia. Mongóis, turcos e persas.
A prosperidade do sul da Mesopotâmia se manteve até o reinado do califa Nisir, que governou entre 1180 e 1242. Com grandes ambições políticas, o soberano contratou mercenários mongóis, mas a decisão se mostraria fatal para a sua dinastia: em 1258, as hordas mongóis de Hulagu assassinaram o último califa, saquearam Bagdá e destruíram todo o Iraque, inclusive o extraordinário sistema de irrigação da baixa Mesopotâmia.
No ano seguinte, o norte também foi atacado e a Mesopotâmia teve assim arrasada toda a sua estrutura econômica e social. A região foi dessa forma reduzida a uma das mais pobres províncias do império de Hulagu, abalado por conflitos internos e pela inépcia dos governantes enviados pelos mongóis, incapazes de reconstruir suas cidades e de manter o controle sobre a região.
A Mesopotâmia foi dominada por dinastias de origem turca, entre 1410 e 1508, e depois caiu em poder do imperador persa Ismail, fundador da nova dinastia dos safávidas, que tomou Bagdá naquele último ano e, depois, Mossul.
O domínio de Lismail não durou mais do que 26 anos: sob a liderança do sultão Suleiman I, os otomanos acabaram por dominar Bagdá, em 1534. O sultão soube conquistar a lealdade das populações fronteiriças e não encontrou resistência em seu ataque decisivo à capital. O Iraque moderno As hostilidades entre turcos e persas prosseguiram até o século XIX.
Na época, os conflitos entre as diversas tribos árabes nômades da região constituíram outro obstáculo a uma eventual unificação política. No início do século XX, com a política adotada por Midhat Paxá, esses problemas começaram a ser solucionados.
Entre outras medidas, Paxá promoveu uma reestruturação administrativa e estimulou a sedentarização das tribos nômades, com a venda de terras aos xeques, o que reduziu a influência dos grupos que continuaram errantes. É crescente a partir desse período a influência na região da política colonialista do Reino Unido, que desde 1807 instalara seus cônsules com amplos poderes em Bagdá.
Teve início então um significativo processo de modernização com o desenvolvimento das comunicações, após a implantação da navegação a vapor e do telégrafo e da construção de linhas ferroviárias.
A reconstrução dos canais de irrigação foi outro importante fator de progresso na área. A hostilidade aos turcos continuou a dar margem à expansão do nacionalismo árabe, contida em parte pelos conflitos entre facções e pela situação socioeconômica do país.