O relatório dos espias Nm 13: 25-33

O relatório dos espias. Já diziam os antigos: “enquanto não abrires tua boca, serás o senhor de tuas palavras; mas quando falares – elas serão o teu dono”. O relatório dos espias é crasso, desanimador, desmotivador e trará sobre Israel um dos dilemas existenciais mais fulminantes da história de seu povo – terão que peregrinar por mais 38 anos pelo deserto.

Clark chega pontuar ser estranho que homens tão covardes como estes tenham tido coragem suficiente para arriscar suas vidas a vasculhar a terra. O relatório que trouxeram foi extremamente desanimador e naturalmente tendeu a produzir os efeitos mencionados no próximo capítulo (veremos adiante). Só a conduta de Josué e Calebe foi magnânima e digna da causa em que se empenharam.

Pior do que o relatório dos espias foi aquém é anunciado: Moisés, Arão e todo povo se posicionaram a escuta-lo; afinal, todos estavam ansiosos por sair do deserto. Os israelitas aguardavam ansiosamente deixar de ser nômades como os beduínos que naturalmente viram em suas jornadas. E disseram: Viemos à terra a que nos enviaste, e certamente mana leite e mel!

O relatório foi dado publicamente na audiência do povo, e isso não produziu o efeito esperado por Calebe quando tomou a palavra (V. 28). O relatório dos espias foi habilmente arranjado para começar sua narrativa com recomendações sobre a fertilidade natural do país, a fim de que suas calúnias subsequentes recebessem crédito com mais facilidade. Eis o motivo de apresentarem corretamente o relatório inicial.

Os povos de Canaã nos dias do deserto

Em seguida foi dado o relatório dos espias geográfico-existencial: os amalequitas moram na terra do sul, território que ficava entre os Mares Mortos e Vermelho. Os Hititas estão localizados nas montanhas, conquanto que seus assentamentos ficavam na parte sul e montanhosa da Palestina. Os cananeus moram perto do mar, onde o remanescente dos habitantes originais, que haviam sido despojados pelos filisteus, foi divididos em duas hordas nômades: — uma se estabeleceu a leste perto do Jordão; a outra a oeste, pelo Mediterrâneo.

Por duas vezes eles mencionam os descendentes de Anaque, nos versículos 28 e 33, forma clássica de manchar qualquer relatório positivo: - pontuando dificuldades em vez de aproveitar oportunidades! Eles querem impor impressões negativas sobre todo restante apresentado, e conseguirão. Isso é reforçado em Números 13:33: - Lá nós vimos os gigantes.

Quem eram os gigantes que os espias viram em Canaã?

O termo usado para gigantes na bíblia é נפלים nephilim. É evidente que eles viram uma raça de homens robustos e guerreiros, e de grande estatura; pois o fato afirmado não é negado por Josué ou Calebe, provando que mesmo verdades contadas fora do seu contexto podem suprimir grandes projetos e realizações.

Contos de homens gigantescos são frequentes em todos os países, mas geralmente são de pessoas que viveram em tempos muito distantes daqueles em que tais histórias são contadas. Que houve gigantes em épocas diferentes, em várias partes da terra, não pode haver dúvida; mas que houve sempre uma nação de homens de doze e catorze pés de altura (entre 0.24 - 0.30 cm), não podemos, não devemos acreditar.

Comentaristas sugerem que Golias parece ter pelo menos três metros de altura: isso era muito extraordinário. Alguns sugerem que Israel não possui estatura elevada como os homens vistos em Canaã, talvez pelo fato de que o crescimento dos israelitas tenha sido muito limitado por sua longa e severa servidão no Egito. E isso pode, em certa medida, explicar seu alarme.

Temos nota em Gênesis 6: 4 sobre o uso do termo Anaquins referendando o tamanho de homens extraordinários. Em hebraico a ideia de Anaque vem de “pescoço comprido”, ou mesmo um “colar”. Os anaquins descendem de Anaque, homem igualmente gigante. Diante do anunciado, não temos nada além de dois homens que creem no que ouviram de Deus: um Josué e um Calebe, apenas isso. Calebe faz calar o povo, mas sem resultado permanente, o medo já os havia derrotado sem antes de ter entrado na batalha, já estavam no chão:

Também vimos ali os nefilins (pois os descendentes de Anaque procedem dos nefilins); e éramos como gafanhotos aos nossos próprios olhos e também aos olhos deles. Nm 13: 33

Ao fim de quarenta dias, eles voltaram de sondar a terra.
Ao chegarem, apresentaram-se a Moisés e a Arão, e a toda a comunidade dos israelitas, no deserto de Parã, em Cades; então relataram tudo a eles e a toda a comunidade e mostraram-lhes o fruto da terra.
E, prestando contas a Moisés, disseram: Fomos à terra à qual nos enviaste. Ela, de fato, dá leite e mel; e este é o seu fruto.
Contudo o povo que habita nessa terra é poderoso, e as cidades são fortificadas e muito grandes. Vimos também ali os descendentes de Anaque.
Os amalequitas habitam na terra do Neguebe; os heteus, os jebuseus e os amorreus habitam nas montanhas, e os cananeus habitam junto ao mar e ao longo do rio Jordão.
Então Calebe fez o povo calar-se diante de Moisés e disse: Temos de subir e nos apoderar dela, pois com certeza conseguiremos prevalecer contra ela.
Mas os homens que haviam subido com ele disseram: Não conseguiremos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós.
Então, depreciaram diante dos israelitas a terra que haviam sondado: A terra por onde passamos para conhecê-la é uma terra que devora os seus habitantes; e todos os que vimos nela são homens de grande estatura.
Também vimos ali os nefilins (pois os descendentes de Anaque procedem dos nefilins); e éramos como gafanhotos aos nossos próprios olhos e também aos olhos deles.