Ugarite: religião, poesia, comércio e Bíblia
Ugarite também pode ser Ugatit; ela foi uma Cidade-Estado, na costa mediterrânea Ras-Shamra; aqui floresceu uma civilização da Idade do Bronze do Próximo Oriente (Bronze III). Localizada em um agrupamento de colinas no Líbano meridional, Ugarite tem revelado textos que contêm informações detalhadas sobre a religião, poesia e comércio do povo cananeu.
Os textos são datados entre 1800 a.C. e 1200 a.C. Estas tabuinhas contêm muitas palavras e frases que são quase idênticas às palavras encontradas na Bíblia hebraica. O dialeto ugarítico ilumina o desenvolvimento do antigo hebraico (ou paleo-hebraico).
A estrutura poética do idioma ugarítico está refletida em muitas passagens do Antigo Testamento, como no “Cântico de Débora”, cm Juizes 5. Os escribas de Ugarite escreveram numa escrita cuneiforme modificada que era virtual mente alfabética; esta escrita abriu caminho para o uso do sistema de escrita fenício mais simples.
Diversos textos de várias partes do Oriente Próximo contêm palavras e frases semíticas ocidentais. As mais importantes destas são as tabuinhas da antiga cidade egípcia de Amarna. Estas tabuinhas foram escritas pelos subgovernantes das colônias egípcias da Síria-Palestina e por seu senhor feudal, o Faraó.
As tabuinhas dos príncipes secundários foram escritas em babilônio; mas quando o escriba do correspondente idioma não sabia a palavra babilônica adequada para ex pressar certa idéia, ele substituía por uma “glosa” cananéia. Estas glosas nos contam muito sobre as palavras e soletrações que eram usadas na Palestina durante o tempo em que o paleo-hebraico emergiu como língua distinta.
A língua hebraica entrou em existência provavelmente durante o período patriarcal, cerca de 2000 a.C. A língua foi convertida em escrita por volta de 1250 a.C., e a mais antiga inscrição hebraica existente data de aproximadamente 1000 a.C. Estas antigas inscrições foram esculpidas em pedra; os mais recentes rolos hebraicos conhecidos foram encontrados nas cavernas de Qumran, próximo ao mar Morto, e datam do século III a.C.
Ainda que alguns textos hebraicos seculares tenham sobrevivido, a fonte primária para nosso conhecimento do hebraico clássico é o próprio Antigo Testamento.
A importância de Ugarite, para além de ter sido um ponto fulcral de comércio aonde convergiam povoações de todo o Levante, advém-lhe do facto de nesta cidade terem sido encontradas tábuas de argila em alfabeto cuneiforme, contendo textos administrativos, económicos, jurídicos e religiosos em língua acádia, classificada como pertencente ao grupo das línguas semitas ligadas ao hebraico do Antigo Testamento.
O estudo destas tábuas revelou uma forte relação com a literatura dos hebreus que foi o grupo que veio a habitar Canaã, isto é, permitiu um conhecimento mais apurado da religião da Síria e da Palestina, antes da entrada dos judeus.