A Tribo de Judá na Bíblia

A tribo de Judá é conhecida como a mais numerosa de todas as tribos de Israel. Claro que precisamos desconsiderar a tribo de José, tradicionalmente dividida entre as meia-tribos de Efraim e Manassés. Sobretudo em Números 1:26-27, já contabilizavam 74 600 integrantes desta tribo, refletindo a sua importância no contexto da congregação israelita no seu princípio.

Entretanto, este número pode ter sido mascarado pelo fato do relato bíblico acerca do Êxodo ter sido compilado muito tempo depois, talvez já no período final dos Juízes ou na monarquia unificada, quando Judá já era uma entidade de certa forma destacada do restante das tribos de Israel.

De toda forma, apesar da discussão sobre se todas as tribos emigraram do Egito ou se eram populações autóctones da Palestina que, em dado momento, invadiram e povoaram a Palestina, é opinião da maioria que Judá, juntamente com Levi, Efraim, Manassés, Benjamim e Simeão, teriam sido as tribos que vieram do Egito.

Nas palavras de abertura do Livro dos Juízes, após a morte de Josué, os israelitas "perguntaram ao Senhor" qual tribo seria a primeira a ocupar o seu território, e a tribo de Judá foi identificada como a primeira tribo. De acordo com a narrativa no Livro dos Juízes, a tribo de Judá convidou a tribo de Simeão para lutar com eles em aliança para assegurar cada um dos seus territórios atribuídos. Como é o caso de Josué, muitos estudiosos não acreditam que o livro dos juízes contenha uma história confiável.

As terras de Judá na Bíblia

A conquista de Canaã foi, aparentemente, constituída de invasões independentes de cada uma das tribos a territórios pré-estabelecidos. A Judá coube uma região ao sul, entre o deserto de Negueve e o Sefelá, o maior dos territórios partilhados. Cidades importantes, como Belém, Hebrom, Arade, Bete-Semes, Laquis e Berseba foram incluídas nos seus domínios.

A tribo de Simeão, inicialmente posicionada ao sul de Judá, pode ter sido eventualmente absorvida por esta, visto que sua localização (e sua própria identidade) se torna gradativamente mais incerta ao longo do Velho Testamento, mas há hipóteses de que Simeão tenha sido também absorvida por povos vizinhos, especialmente Moabe.

O tamanho do território da tribo de Judá significava que, na prática, ele tinha quatro regiões distintas:

O Neguev (hebraico: sul) - a parte sul da terra, que era altamente adequada para pastagens

A Sefelá (hebraico: planície) - a região costeira, entre as terras altas e o mar Mediterrâneo, que foi usada para a agricultura, em particular para grãos.

O deserto - a região árida imediatamente ao lado do Mar Morto e abaixo do nível do mar; era selvagem e quase inabitável, na medida em que animais e pessoas que não eram bem-vindas em outros lugares, como ursos, leopardos e foras da lei, o tornavam a casa deles. Nos tempos bíblicos, esta região foi subdividida em três seções - o deserto de Ein Gedi, o deserto de Judá, e o deserto de Maon.

A região montanhosa - o planalto elevado situado entre a Sefelá e o deserto, com encostas rochosas mas solo muito fértil. Esta região foi usada para a produção de grãos, azeitonas, uvas e outras frutas e, portanto, produzia óleo e vinho.

A Tribo de Judá, Davi e Israel Unificado

O Livro de Samuel descreve o repúdio de Deus a uma linha monárquica surgida da Tribo de Benjamim do norte devido à pecaminosidade do Rei Saul. Dito isso, foi então concedida à Tribo de Judá para sempre na pessoa do Rei Davi a ocupação do trono.

Conforme relato de Samuel, após a morte de Saul, todas as outras tribos, além de Judá, permaneceram leais à Casa de Saul, enquanto Judá escolheu Davi como seu rei. No entanto, depois da morte de Isboset, filho de Saul e sucessor do trono de Israel, todas as outras tribos de Israel fizeram Davi, que era então o rei de Judá, rei de um unificado Reino de Israel.

O Livro dos Reis segue a expansão e glória incomparável da Monarquia Unida sob o Rei Salomão. De tão maravilhosos os contos bíblicos, alguns estudiosos acreditam que os relatos sobre o território de Davi e Salomão na "monarquia unida" são exagerados, e uma minoria acredita que a "monarquia unida" nunca existiu.

Discordando desta última visão, o estudioso do Antigo Testamento Walter Dietrich sustenta que as histórias bíblicas dos monarcas do século X a.C. contêm um núcleo histórico significativo e não são apenas ficções tardias.

Judá perde seus irmãos e surge o Reino do Norte

Sobre a ascensão de Roboão, filho de Salomão, em c. 930 AC, as dez tribos do norte, sob a liderança de Jeroboão, da Tribo de Efraim, separaram-se da Casa de Davi para criar o Reino de Israel (ao Norte) com capital em Samaria.

O Livro dos Reis é inflexível em sua baixa opinião de seu vizinho maior e mais rico do norte, e compreende sua conquista pela Assíria em 722 AC como retribuição divina para o retorno do Reino à idolatria.

As tribos de Judá e Benjamim permaneceram leais à Casa de Davi. Essas tribos formaram o Reino de Judá, que existiu até que Judá foi conquistada pela Babilónia em c. 586 AC e a população deportada.

Quando os judeus retornaram do exílio babilônico, afiliações tribais residuais foram abandonadas, provavelmente por causa da impossibilidade de restabelecer os antigos terrenos tribais. No entanto, os papéis religiosos especiais decretados para os levitas e os Cohen [sacerdotes] foram preservados, mas Jerusalém tornou-se o único lugar de culto e sacrifício entre exilados, nortistas e sulistas que voltavam.

Jesus, Leão da Tribo de Judá

Popularmente conhecida, a frase “Leão da tribo de Judá” aparece apenas em no livro do Apocalipse em seu quinto capítulo. Ali temos referencia de que ninguém, no céu, na terra e nem debaixo da terra, podia abrir o livro ou mesmo olhar para ele. Sem chances de ler o livro selado com sete selos, João, que estáva em extese, chora.

O termo surge quando João volta sua atenção a um dos anciãos que lhe dirigiu as palavras: “Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos” (Apocalipse 5:5).

O texto aponta Cristo como o Leão da tribo de Judá tornando-se uma referência a Gênesis 49:9,10. As palavras do ancião ecoam as mesmas palavras do patriarca Jacó. Antes de morrer, Jacó abençoou seus doze filhos. Esses filhos deram origem às doze tribos de Israel, que formavam o povo do Senhor. Jacó disse:

“Você é um leãzinho, ó Judá. Você vem subindo, filho meu, depois de matar a presa. Encurva-se e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará? O cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de entre seus pés, até que venha aquele a quem ele pertence; e a obediência das nações é sua” (Gênesis 49:9,10).

Em Davi, a profecia de Jacó foi confirmada. Davi pertencia à tribo de Judá (2 Samuel 7:16). Mas as palavras de Jacó encontram seu cumprido pleno somente em Cristo, Jesus Cristo é o legitimo Leão da tribo de Judá.

O leão é o emblema da linhagem real davídica da tribo de Judá. Essa linhagem, finalmente, culminou no Messias, Jesus Cristo. Lembra de que em Judá o governo seria eterno? Pois bem, Jesus Cristo, filho de Davi, da tribo de Judá é o verdadeiro rei que haveria de vir, o representante último da casa de Davi.

Qual o significado de Judá na Bíblia?

Em Hebraico, judá quer dizer apenas: "Louvado". O termo Y ê huwdah יהודה procede da raiz primitiva yadah ידה que possui vários significados de acordo com o gral verbal.

1 jogar, atirar, lançar 1a) (Qal) atirar (flechas) 1b) (Piel) lançar, lançar ao chão, derrubar 1c) (Hifil) 1c1) dar graças, louvar, agradecer 1c2) confessar, confessar (o nome de Deus) 1d) (Hitpael) 1d1) confessar (pecado) 1d2) dar graças

Realmente, compreender significados de nomes bíblicos configura-se em buscas instigantes. Judá tem seu nome retirado de um acróstico no Hebraico. A passagem bíblica de onde retira seu nome está em Gn 29:35:

E concebeu outra vez, e teve um filho, dizendo: Esta vez louvarei ao SENHOR. Por isso chamou o seu nome Judá e cessou de ter filhos. Gn29:35

הַפַּעַם אוֹדֶה אֶת- יְהוָה

HAPAAM ODEH ET-YHVH

Como dito acima a palavra Judá vem da raiz hebraica que significa agradecer, mas a mesma expressão pode significar também louvar. Louvar a Deus é de fato agradecer a Ele por algo que Ele fez.

O nome Judá é uma maneira de agradecer a Deus, no sentido de que ao dar a Luz, Lia afirma: Desta vez agradecerei ao Senhor!. יהודה, Y ê huwdah, o que agradeçe ao Senhor.