Esta epístola acha-se entre os escritos, cuja autenticidade era por todos reconhecida na igreja primitiva. A prova interna também nos indica Pedro como seu autor. A DATA da epístola é geralmente fixada entre 64 e 67 d.C. A epistola foi dirigida aos cristãos judaicos, dispersos pelas diversas províncias da Ásia Menor, embora ela inclua referências aos gentios convertidos que as suas igrejas continham (1.14 - 4.3). Toda a matéria da epístola pode dividir-se em duas partes, não incluindo a saudação (1.1,2), a introdução (1.3 a 12), e a conclusão (5.13,14). i. Exortações gerais para que haja entre todos amor, e em todos santidade (1.13 a 2.10). Mostra-se, especialmente nesta parte da epístola, que não estão perdidos os privilégios e distinções da antiga igreja, mas reproduzidos de uma forma mais alta, e conferidos a todos os crentes. São estes a geração escolhida, eleitos em Cristo (1.2) - têm uma terra de promissão, incorruptível e sempre bela, por sua ‘herança’ (1.4) - são o povo adquirido de Deus (2.9) - permanece o templo, que é uma casa espiritual, sendo Cristo a pedra principal (2.4,5) - têm um altar e um sacrifício, o precioso sangue de Cristo (1.18,19) - os próprios crentes são o sacerdócio real e santo (2.5,9) - e finalmente os profetas escreveram e falaram da igreja cristã. ii. Exortações particulares sobre deveres especiais (2.11 a 5.12). Embora tenha a epístola um fim prático, não deixa de ser tão evangélica como se tivesse sido principalmente doutrinal. Em toda parte nela se aponta para Cristo - para a sua expiação, anunciada pelos profetas, e contemplada pelos anjos antes da criação do mundo - para a Sua ressurreição, e ascensão - para os dons do Espírito Santo - para o exemplo do Salvador, que por nós sofreu - e para o dia terrível do julgamento final. À semelhança de Paulo, ele insiste sobre a doutrina do Evangelho, como geradora da santidade e da paciência - e, ainda como aquele Apóstolo, ele procura levar cada cristão ao cumprimento dos seus respectivos deveres, tendo em alta consideração os nossos privilégios, como crentes em Cristo. A honrosa referência a Paulo (2 Pe 3.15), que publicamente o tinha censurado, e havia exposto a censura na sua epístola aos Gálatas, aos quais o próprio Pedro estava agora escrevendo (Gl 2.11 - 1 Pe 1.1 - 2 Pe 3.1), é uma prova de verdadeira humildade. Deste modo pôs ele em prática o seu próprio preceito (1 Pe 5.5), não tendo esquecido, na verdade, as lições dos últimos dias do Divino Mestre. A sua explícita referência a Cristo, como sendo o Divino Salvador, a verdadeira Pedra fundamental da igreja (2.4 a 7), parece aludir ao nome que lhe havia sido dado, para antecipadamente refutar a doutrina medieval de que Pedro é o fundamento da igreja. Algumas características da epistola são: o seu ensinamento de que a esperança se acha baseada na ressurreição (1.3,6,7,9,11, 13, etc.) - o dever de sermos pacientes no sofrimento e na provação (1.6,7 - 2.19 a 21 - 3.13 a 18 - 4.12,13,19) - e o uso do termo graça para toda a revelação cristã (1.10,13 - 3.7 - 4.10 - 5.12). o título de ‘Sumo Pastor’, aplicado a Cristo (5.4), é, também, particular desta epístola.