o propósito, que reverentemente podemos admitir para explicação dos acontecimentos narrados no livro, pode ser assim exposto: com a chamada de Abraão e o pacto da circuncisão, o povo de onde devia provir o prometido Salvador, e que devia ser por muitos séculos o depositário da Divina Revelação, tornara-se, de certo modo, um povo distinto entre os habitantes do mundo. Mas, enquanto os israelitas vivessem misturados com as outras nações que tinham caído na idolatria, estavam eles em perigo de perder a sua verdadeira religião. E por isso Deus determinou separá-los inteiramente de todos os povos. Permitiu então Deus, para realização de Seu plano, que os hebreus fossem duramente escravizados e oprimidos, como conseqüência da política dos egípcios, pela qual foi transformada uma vida de abundância em casa de servidão, sendo obrigados os israelitas a desejar a libertação (cap. 1). Foi-lhes dado na melhor ocasião um libertador, Moisés, que tomou a seu cargo, não por escolha ou vontade própria, uma grandiosa missão, obedecendo à chamada do Senhor, que a Si mesmo Se revelou com o nome de Deus da Aliança (2 a 4). A glória de Deus é manifestada a israel, libertando-os da sua escravidão - e, quanto a Faraó, é ele castigado pela sua oposição a Deus, e ao Seu povo (6 a 15). Em seguida, os israelitas são muito particularmente guiados e disciplinados pelo Senhor, que Se lhes torna patente por meio de um misterioso esplendor material, em conformidade com o atraso espiritual daquela gente - e entre trovões, relâmpagos e tremores de terra, é a Lei divina promulgada, sendo, então, renovadas as suas promessas e feita a solene declaração de que eles eram o Seu povo, declarando o povo, também, que o Senhor do Universo seria o seu Deus (16 a 20). E como seu Divino Rei, Ele revela as regras do Seu governo e a maneira de Lhe ser prestado culto. Além disso, nomeia os seus ministros, e dirige a construção do Seu lugar de habitação entre eles (21 a 40). Com respeito às leis morais, mostra Deus que as Suas pretensões não são abaladas pela queda do homem, levando o pecador a considerar as suas próprias culpas e misérias, e a sentir a necessidade de um Salvador. E nesta consideração ele provê o Seu remido povo de uma regra de vida, mostrando aos hebreus o caminho em que eles deviam andar na sua direção para o céu. As instituições cerimoniais eram a expressão das grandes verdades e princípios, apresentados de uma forma simples e palpável, os quais eram adaptados à relativa infância da igreja: e ao mesmo tempo eram tipos e figuras das bênçãos cristãs. De um modo especial era a Páscoa um emblema impressivo do sacrifício de Cristo, o ‘Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’.