As chuvas variam na Palestina segundo a região, quanto mais próximas do Mediterrâneo, mais chuvas as terras recebem, pois as montanhas atuam como uma barreira que detém os ventos úmidos do mar e as faz descarregar sobre as ladeiras ocidentais. As ladeiras voltadas para o oriente, portanto, são mais secas. Berseba, no Negev, registra uma média de 143 mm. cúbicos de chuva por ano, Jerusalém alcança 583, mas quase toda esta quantidade de chuva cai entre dezembro e março. Ano promissor é aquele em que as chuvas precoces ou de outono começam a cair em outubro, no tempo da semeadura, e a chuva tardia ou de primavera, em março ou abril, pouco antes da colheita. São numerosas as alusões bíblicas a estes dois tipos de chuvas: Dt 11.14; Os 6.3; Jr 5.24; Jl 2.23. Há que se ter em conta que as chuvas não se concentram exatamente nos dois períodos mencionados, e sim, tendem a distribuir-se no período intermediário.

=== CHUVA A grande importância da chuva para os habitantes de uma região onde chove pouco torna-se clara pela variedade de palavras hebraicas que a descrevem. O hebraico distingue a chuva do chuvisco (este último em Dt 32.2). E também registra a ocorrência das chuvas próprias das estações do ano (ver abaixo). As taxas anuais de chuva, em várias regiões da Palestina, são descritas no artigo Palestina, Clima da (vide). Mas as taxas médias geralmente enganam, visto que os totais variam muito de ano para ano. Por exemplo, em Jerusalém, a média a longo prazo é de 66,3 cm anuais. Mas o máximo recebido em um ano foi de 1,01m e o minimo, de 30,5 cm. Havendo flutuações dessa grandeza, o impacto sobre a sociedade que depende das chuvas para sobreviver facilmente pode ser imaginado. Para os agricultores, o que mais importa é a distribuição das chuvas durante o ano. Essa distribuição é muito desigual, realmente. Nenhuma chuva cai durante os quatro meses mais quentes do ano, de junho a setembro. Isso é equilibrado por um inverno fresco e chuvoso; mas, do ponto de vista do agricultor, os dois períodos críticos são o começo e o fim da estação chuvosa, quando as temperaturas são altas o bastante para promover o crescimento das plantações, e o solo ainda está bastante úmido para o cultivo. Portanto, as atividades dos agricultores prendem-se diretamente ao regime das chuvas, dependendo de seu início. As chuvas começam em outubro, geralmente com uma série de temporais, e a aragem e a semeadura podem então começar no solo compactado. Se o começo da estação chuvosa se adia, a produção anual sofre; e se o adiamento é muito grande, pode nem haver colheita. Portanto, essas “primeiras” chuvas são importantíssimas. Na outra extremidade do inverno, as chuvas continuam até abril e maio, quando as temperaturas são elevadas, sendo mais valiosas do que as chuvas de janeiro e fevereiro, quando as temperaturas são mais baixas; aquelas chuvas aumentam a produção por cada dia que elas se prolongam. Por isso é que os agricultores esperam ansiosos pelas ‘ultimas” chuvas. Essa combinação de primeiras e últimas chuvas é frequentemente aludida na Bíblia (por exemplo, Dt 11.14; Jr 5.24; Os 6.3; J1 2.23; Tg 5.7). Muito temida é a ausência de chuvas, pois isso importa em fome, um evento que nunca se distancia muito dos pensamentos dos habitantes da Palestina, desde os dias de Abraão até os nossos próprios dias. Ver Palestina, Clima da. Em conclusão, a agricultura é mais bem servida com chuvas oportunas — tanto as primeiras, no hebraico, yoreh ou moreh; como as últimas, no hebraico, malkos — do que com chuvas pesadas.