Cavalos na Bíblia

As referências que se leem nas Sagradas Escrituras dizem respeito ao cavalo de guerra, à exceção, talvez, da passagem de Is 28:28, onde se mencionam cavalos para fazer a debulha do trigo.

A bela descrição poética em Jó 39:19 -25 aplica-se somente ao cavalo de guerra. Os primitivos hebreus não tinham cavalos. Havia a proibição de multiplicá-los, como podemos ler em (Dt 17.16), e isso significava que não deviam procurar a sua salvação fazendo alianças com povos estrangeiros (is 31.1).

Os carros e cavalos dos cananeus

Os cananeus tinham carros, portanto, cavalos (Js 17.16) - e os carros ferrados constituíam bons elementos nas forças de Sísera (Jz 4:3). Quando Davi pôde subjugar Hadadezer, reservou para si alguns dos carros tomados e os seus respectivos cavalos (2 Sm 8.4) - mas foi Salomão o primeiro que, de um modo regular, estabeleceu a criação de cavalos e formou uma força de cavalaria.

Cavalos usados pelos israelitas

Os cavalos foram usados pelos filhos de israel nos dias de Davi. O próprio Davi era pastor foi pastor de ovelhas, conforme 23. Em seu Reinado usavam um carro de duas rodas puxado por uma parelha de cavalos que eram empregados nas guerras.

Tendo Salomão casado com uma das filhas de Faraó, do Egito lhe vieram muitos cavalos. Foi tão bem-sucedido na criação de cavalos que chegou a ter 400 cavalariças, 40.000 cavalos e 12.000 cavaleiros (1 Rs 4.26 - 2 Cr 9.25).

Quando os israelitas estavam dispostos a depositar demasiada confiança no auxílio da cavalaria, o profeta Isaías os admoestou: "Pois os egípcios são homens, e não Deus - os seus cavalos, carne, e não espirito". Is 31.

Josias tirou os cavalos que os seus antecessores tinham consagrado ao Sol (2 Rs 23:11). O Sol era adorado nas terras do oriente, e representavam-no como movendo-se num carro puxado por cavalos. E na Pérsia eram estes animais sacrificados ao Sol.

Pensa-se que os cavalos, retirados do pátio do templo por Josias, se destinavam a um fim semelhante. O freio dos cavalos é frequentemente mencionado nas Escrituras (Sl 32.9), e não fazia grande diferença dos que são atualmente usados - sabe-se que os assírios decoravam os seus cavalos com campainhas e tapeçarias (Ez 27.20 - Zc 14.20).

Os romanos ferravam, algumas vezes, os seus cavalos com objetos apropriados de ferro ou de couro, que se prendiam aos pés. Ainda que, presentemente, se encontram cavalos em toda parte da Palestina, que se empregam para puxar carros, e para levar carga, contudo, em tempos antigos eram a mula, o burro e o camelo os animais de que faziam uso os que queriam viajar.

As palavras em Zc 14:20 significam que mesmo os cavalos, o símbolo das coisas mundanas, seriam consagrados ao Senhor. Mesmo assim, como visto acima, os cavalos só foram usados pelos Hebreus a partir do reinado de Davi e não existe nenhuma menção na Bíblia sobre o seu uso na agricultura.

==== CAVALO No hebraico, sus. Palavra que ocorre por 133 vezes, desde Gênesis 47.17 até Zacarias 14.20. No grego, íppos, um vocábulo que ocorre por dezessete vezes (Tg 3.3; Ap 6.2,4,5,8; 9.7,9,17,19; 14.20; 18.13; 19.11,14; 19.18,19,21). Ver os artigos separados sobre Cavalaria; Cavalos, Os Quatro do Apocalipse. Há evidências que mostram que o cavalo foi o último e mais forte dos animais de transporte a ser domesticado e desenvolvido na nossa civilização. Por motivo de sua grande utilidade, espalhou-se por todas as regiões do nosso planeta, segundo a civilização foi avançando. As evidências que nos chegam das eras mais remotas, muitas delas pré-adâmicas, e que terminaram em grandes cataclismos, mostram que o cavalo já era um animal importante naquelas civilizações perdidas no passado. Mesmo então esse animal existia sob várias espécies. Alguns povos antigos comiam carne de cavalo, como parte de sua dieta ordinária. Porém, os hebreus não consumiam carne de cavalo, porquanto não se ajustava às leis levíticas, que afirmavam que só podia ser comida a carne de animais que rumi- nassem e tivessem os cascos fendidos. Não há qualquer razão higiênica para a proibição da ingestão da carne do cavalo. É possível que o fato de que o cavalo sempre esteve tão ligado ao homem, tenha-o isentado de ser animal de consumo, o que também se aplicaria ao cão, embora, neste último caso, haja outros problemas que devem ser considerados.

  1. Origens. Quando falamos a respeito de origens, em qualquer contexto, temos de relembrar que estamos falando somente da civilização mais recente, à qual podemos denominar “adâmica”. Há fortes evidências em prol de civilizações pré-adâmicas, várias delas, que terminaram em grandes cataclismos com mudanças dos polos magnéticos da terra. Essas mudanças de polos rearranjam os continentes, produzindo destruições de grande magnitude, que requerem um novo começo. O período adâmico parece ter sido o anterior à última dessas fases; e o período de Noé, a última delas. Muitos cientistas e místicos afirmam que nào estamos distantes de um outro desses tremendos cataclismos. Dentro da teologia, isso significa que o milênio só começará uma vez que nosso ciclo venha a ser demolido. Não olvidando essas coisas, no que concerne ao cavalo, devemos dizer que suas origens dizem respeito muito mais a onde ele apareceu a princípio, em sua recuperação, bem como dentro do escopo de nossa história, desde a época de Adão. Nesse caso, tem sido demonstrado que houve espécies de cavalos que podem ser atribuídas a diferentes áreas geográficas, como: a. No leste e no sul da Africa, as zebras, h. No norte e no nordeste da Ãfrica, o asno (vide), c. No leste da Palestina até o deserto de Gobi, o asno selvagem, d. Nas estepes da Eu- rásia, ao norte das grandes cadeias montanhosas, e. Uma pequena espécie de cavalo, com cerca de 1,20 m nas espáduas, na Mongólia, f. Na Ucrânia, havia ainda uma outra espécie, ancestral de várias estirpes, um pequeno cavalo cinzento. O último exemplar dessa espécie morreu em 1851. É interessante notar que, na América do Norte, onde o cavalo foi introduzido pelos europeus em época relativamente recente, a arqueologia tem descoberto várias espécies, ali existentes em tempos remotos. Não somente isso, mas também ali houve vários outros animais, como o leão, o camelo, além de muitas espécies agora extintas, que datam de tempos pré-adâmicos. Portanto, quando falamos em origens, estamos falando sobre como as coisas tornaram a arranjar-se recentemente. O resto está perdido nos arquivos da eternidade passada.
  2. Domesticação. As evidências mostram que outros animais úteis, como a ovelha, a cabra, o touro e o asno foram os primeiros a serem domesticados pelo homem. Os fazendeiros utilizavam-se de todos eles. Com exceção do asno, todos eles também serviram para alimentar o homem. Na literatura su- méria há referências ao cavalo desde o ano 2000 a.C. Porém, parece que eles nào domesticavam o cavalo. Talvez tenham sido os nômades indo-europeus, a leste do mar Negro, que tiveram essa distinção. Já desde 1900 ou 1800 a.C., cavalos estavam sendo usados nas guerras entre os povos, pelo que, algum tempo antes disso, esse animal deve ter sido domesticado. O trecho de Gênesis 49.17 menciona o cavalo, o que significa que a nossa Bíblia começa praticamente na época de sua domesticação. Os guerreiros hiesos, ão que parece, foram os introdutores do cavalo no Egito. Faraó usou-os contra Israel (Êx 14.9; 15.19). O trecho de Deuteronômio 17.16 parece indicar que Israel foi proibido de ficar com os cavalos que fossem capturados. Porém, o cavalo era um animal por demais valioso para que essa lei ficasse em vigor por muito tempo. A multiplicação de cavalos em Israel foi rápida. Salomão tinha doze mil cavaleiros e quatro mil cavalos para puxar seus carros de guerra. Outros animais, como o asno, a mula e o camelo também eram usados nas operações militares; mas o cavalo sempre foi um marco de superioridade militar, o animal preferido acima de todos os outros. Nas trilhas, ou em terreno áspero, o asno saía-se muito melhor que o cavalo; mas, em tudo o mais, o cavalo era preferido. Naturalmente, para viagens através do deserto, nenhum animal equipara-se ao camelo.
  3. Referências Bíblicas. Má muitas referências bíblicas ao cavalo (150 delas, no Antigo e no Novo Testamento). Portanto, damos aqui apenas exemplos dessas referências, a. Eram usados cavalos em Israel, desde os tempos dos patriarcas (Gn 47.17). O cavalo era usado como montaria ou para puxar carros. b. Somente em IReis 20.20 há alusão direta a cavalos usados como montarias; mas é provável que essa prática então já fosse antiga, c. Lemos em Gênesis 50.9 que tanto cavaleiros quanto vagões acompanharam o grande cortejo do sepul- tamento de Jacó, em Canaâ, e isso implica o uso do animal como montaria, o que também se depreende do relato de que o exército egipeio usava cavalos (Êx 14.9). d. O Egito tornou- se um importante centro criador de cavalos; e Salomão tirou proveito dessa circunstância para obter cavalos e equipar o seu exército, pois o Egito era país que fazia fronteira com Israel (lRs 10.28,29). e. A multiplicação de cavalos fora proibida em Israel (Dt 17.16). É significativo que essa proibição esteja no contexto da prediçâo de que, algum dia, Israel exigiria um rei. Foi justamente na época dos reis de Israel que essa multiplicação de cavalos teve lugar. Naturalmente, era impossível enfrentar exércitos estrangeiros invasores sem cavalos, pelo que um mal contribuiu para outro. O trecho de 2Samuel 8.4 mostra-nos que Davi contava com um pequeno número de cavalos, mas Salomão foi o campeão dos criadores de cavalos em Israel, segundo já mencionamos. Ele construiu estábulos para abrigar quatro mil cavalos (2Cr 9.25). A menção a “quarenta mil cavalos”, em IReis 4.26, parece ser um erro escribal. Provavelmente, foram os hiesos (1700-1600 a.C.) que trouxeram os cavalos da Ásia Menor, introduzindo-os no Egito e na terra de Canaã. Esses animais eram então usados especialmente para puxar os carros de combate. Os egípcios empregaram cavalos para perseguir os israelitas, por ocasião do êxodo (Êx 14.9). E, ao entrarem na terra de Canaã, os israelitas ali encontraram os habitantes locais empregando esse animal em suas batalhas (Js 11.4; Jz 4.3; ISm 13.5 e 2Sm 1.6). Somente já no tempo de Salomão, os cavalos tornaram-se familiares aos hebreus em maior escala (cf. Js 11.9; 2Sm 8.4). Assim, as palavras sus, rekes (parelha de cavalos) e talvez até mesmo pa- msh, "cavaleiro", parecem ter tido uma origem estrangeira, não semítica. Prevaleceu ainda por muitos séculos a ideia de que o cavalo serve de símbolo das potências militares estrangeiras, e, portanto, inimigos de Deus, conforme se vê em Oseias 1.7 e Isaías 31.1-3. Foi Salomão quem organizou a cavalaria em Israel, importando esses animais da Ásia Menor (lRs 10.26-29; 2Cr 1.14- 17). Houve a organização de esquadrões especiais de cavalaria e de carros de guerra (lRs 9.19; 2Cr 9.25). Isso tem sido confirmado por descobertas feitas quando das escavações arqueológicas em Megido. No entanto, alguns estudiosos têm pensado que as estrebarias antigas, ali descobertas, pertencem a um período posterior, talvez mandadas construir pelo rei Acaz (735-731 a.C.). lisos do Cavalo. Na Bíblia, os cavalos quase exclusivamente aparecem como cavalos de guerra, ou, pelo menos, propriedade de reis, e não de pessoas comuns. Uma referência considerada duvidosa, por muitos estudiosos, é a de cavalos usados para trilhar o grão, que aparece em Isaías 28.28. Os cavalos figuravam entre as propriedades particulares que os egípcios deram a José, em troca de cereal, durante o período de fome de sete anos (ver Gn 47.17). Em Deuteronômio 17.16, Moisés recomendou aos possíveis futuros reis de Israel que não multiplicassem cavalos, e nem fizessem voltar o povo de Israel ao Egito para “multiplicar cavalos”. Porém, essa e outras proibições não conseguiram impedir que os judeus imitassem certos costumes dos povos ao derredor, como sua idolatria e seus vícios, entre os quais a organização de cavalarias, para efeitos de conquistas militares. Nos casos de guerra, os cavalos serviam de montaria ou serviam para puxar carros de combate (ver Êx 14.9; Js 11.4; 2Sm 15.1 etc.). Os cavalos de Salomão são mencionados em IReis 4.26-28, e a “cevada” e a “palha”, mencionados nesse último versículo, correspondem às rações empregadas pelos árabes, até os nossos próprios dias, para alimentar os seus cavalos, que figuram entre os melhores do mundo. Se Jesus Cristo, por ocasião de sua primeira vinda, entrou cm Jerusalém montado em um jumentinho, por ocasião de sua segunda vinda, ele virá montado em um cavalo branco, acompanhado por todo o seu exército de cavalarianos, igualmente montados em cavalos brancos (Ap 19.11 ss.). Isso demonstra quão diferente será o segundo advento de Cristo, em relação ao seu primeiro advento. Uma moderna noção popular é aquela que diz que, se Cristo voltar, o fará somente para ser maltratado de novo, conforme sucedeu quando de seu primeiro advento. Nada mais longe da verdade, pois Jesus voltará na qualidade de Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.11-21). Quando Jesus voltar, virá a fim de conquistar o mundo, pelo que ressurgirá em nossa cena terrestre como um Cavaleiro vencedor. A cor branca, do seu cavalo, bem como dos cavalos usados pelo seu exército, de conformidade com o simbolismo bíblico sobre as cores, fala sobre a sua vitória sobre toda a oposição. Montado no cavalo branco, Jesus inaugurará o seu reino milenar.
  4. Referências figuradas, a. Os quatro cavalos do Apocalipse são comentados em um artigo separado, prenhe de detalhes. Ver o artigo Cavalos, os Quatro do Apocalipse, b. 0 poder que Deus tem para fazer o que quiser pode ser simbolizado por esse animal, usado nas batalhas (Zc 10.5). c. Os cavalos brancos simbolizam a vitória, a glória e a conquista militar, segundo se vê em Apocalipse 6.2 e 19.11. d. Os cavalos vermelhos simbolizam a destruição, o derramamento de sangue e a guerra (Ap 6.4). e. Os cavalos negros simbolizam a fome e a morte (Ap 6.5,6). f. Os cavalos amarelos simbolizam a morte, o inferno e a destruição geral (Ap 6.8). g. Os cavalos baios talvez simbolizem a mistura do julgamento e da misericórdia de Deus (Zc 1.8). h. Os cavaleiros angelicais representam o poder que Deus tem para proteger o seu povo e impor a sua vontade. i. Os santos são equiparados a éguas graciosas (Ct 1.9). j. Símbolos nos Sonhos e nas Visões. Um cavalo pode simbolizar a energia das forças físicas que uma pessoa tem à sua disposição, algumas vezes, substituídas por veículos a motor, visto que estes tém tomado o lugar do cavalo, como animal de trabalho. Porém, o cavalo também pode representar o poder selvagem das paixões. Os coices de um cavalo podem indicar um ataque sexual, ou então o desejo de ser scxualmente assaltado. O cavalo negro pode representar as paixões desem- bestadas. O cavalo amarelo representa a morte. Um cavalo a ultrapassar obstáculos pode simbolizar a capacidade de o homem vencer dificuldades; mas, negativamente, pode indicar seus impulsos inferiores em operação. Finalmente, o cavalo pode simbolizar a energia inconsciente de que alguém dispõe, se assim achar por bem. (CHE NT1 UN Z)