Ilha ao largo da costa SO de Creta, pela qual passaram o apóstolo Paulo e Lucas em sua viagem para Roma, por volta de 58 EC. Tendo levantado âncora em Bons Portos, seu barco beirou a costa S de Creta até que, provavelmente depois de contornar o cabo Matala, foram apanhados e impelidos por um vento tempestuoso que podia ter empurrado o barco sobre as areias movediças ao largo das praias da África do Norte. No entanto, chegaram ao abrigo de “certa ilha pequena chamada Cauda”, e a posição desta ilha evidentemente quebrantou a força do vento, fornecendo-lhes águas mais tranqüilas, provavelmente ao longo de sua costa SO. Isto deu à tripulação tempo suficiente para içar o escaler, cingir o barco com cabos e arriar seus aparelhos. — At 27:13-17. A Cauda da narrativa de Lucas é atualmente chamada Gavdos, uma ilha de 11 km de comprimento por 5 km de largura, que dista cerca de 65 km ao OSO de Bons Portos.
===== CAUDA Há uma palavra hebraica e uma palavra grega envolvidas neste verbete, a saber: 1. Zanab, “cauda”, “ré”. Esse vocábulo hebraico ocorre por onze vezes (Êx 4.4; Dt 28.13,44; Jz 15.4; Jó 40.17; Is 7.4, 9,14,15). Essa palavra aparece tanto em sentido literal quanto em sentido figurado. 2. Ourá, “cauda”. Termo grego que é usado por cinco vezes (Ap 9.10,19 e 12.4). Devido à natureza das visões simbólicas do Apocalipse, onde essa palavra grega aparece com exclusividade, sempre há algum sentido simbólico nas menções a "caudas”, no Novo Testamento. A primeira menção a essa palavra, no Antigo Testamento, refere-se à cauda da serpente em que se transformou o cajado de Moisés, quando ele o atirou ao solo, por ordem do Senhor. Moisés foi instruído a não temer: estende a mão, e pega-lhe pela cauda... (Êx 4.4). Mas, se essa primeira menção refere-se a uma cauda literal, a segunda já tem sentido altamente representativo. Em Deuteronômio 28.13, lemos as palavras: O Senhor te porá por cabeça, e não por cauda: e só estarás em cima, e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno... Com as tribos divididas, seis no monte Ebal e seis no monte Gerizim, Moisés desfilou diante delas as maldições e as bênçãos de Deus, decorrentes da desobediência ou da obediência do povo de Israel ao Senhor. Essa foi uma prediçâo feita com auxílio de encenação, e tem-se cumprido fielmente na história do povo terreno de Deus. Nos dias do Antigo Testamento, sempre que os israelitas mostraram-se obedientes, o Senhor os abençoou. Houve uma série de apostasias, intercaladas com períodos de breve arrependimento, tanto antes quanto depois do estabelecimento da monarquia. Os períodos de arrependimento foram assinalados pelo levantamento de juizes, que foram, acima de tudo, "líderes militares" carismáticos, que libertaram Israel de seus opressores. E, quando o reino dividiu-se em dois, houve uma sucessão ininterrupta de monarcas ímpios no reino do norte, Israel, o qual acabou sendo castigado com um exílio sem retorno, na época do predomínio assírio por toda a região do Oriente Médio (722 a.C.). Para o reino de Israel, isso representou a redução ao estado de “cauda”. No reino do sul, Judá, houve reis piedosos e ímpios. Mas Deus perdeu a paciência por causa de Manassés, o pior dos reis de Judá, no que concerne ao seu relacionamento com o Senhor. Lemos em 2Reis 21.11,12 que o Senhor deu o seguinte recado, através dc seus profetas: Visto que Manassés, rei de Judá, cometeu estas abominações, fazendo pior do que quanto fizeram os amor- reus antes dele, e também a Judá fez pecar com os ídolos dele, assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que hei de trazer tais males sobre Jerusalém e Judá, que todo o que os ouvir, lhe tinirão ambos os ouvidos. Essa prediçào cumpriu-se pouco mais de cinqüenta anos depois do reinado de Manassés, quando Nabucodonosor levou os habitantes de Judá e Jerusalém para o exílio (586 a.C.). 70 anos mais tarde, os judeus começaram a voltar à sua própria terra; mas nunca mais tiveram o seu próprio governante supremo, que se assentasse no trono de Davi. Houve oportunidade de os judeus redimirem-se de sua humilhante situação, nos dias do Senhor Jesus. No entanto, em sua cegueira espiritual, o povo de Deus repeliu o seu próprio Messias e Rei, o Senhor Jesus, exigindo a sua crucificação, quando o próprio governador romano o havia considerado inocente de todas as acusações assacadas contra ele, pelos invejosos líderes religiosos da nação judaica. Em uma de suas parábolas, Jesus mostrou o resultado disso: Portanto vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produzia os respectivos frutos (Mt 21.43). Materialmente, essa prediçào cumpriu-se no ano 70 d.C., quando começou o grande exílio judeu que só terminou em 1948, por ocasião da formação do moderno Estado de Israel. Além da perda de sua nacionalidade (embora não de sua cultura e nem de sua identidade), os judeus têm sido atrozmente perseguidos nestes quase dois milênios, objetos de motejo dos povos e de abusos da parte dos poderosos e dos religiosos fanáticos. Eles têm sido a cauda das nações, cumprindo as predições de Deuteronômio 28.13,44. Todavia, como o Senhor Deus jamais se mostrará infiel às promessas feitas a seu amigo, Abraão, reiteradas através dos séculos, em gerações sucessivas, por meio das Escrituras Sagradas, no tempo determinado o reino de Deus será devolvido aos judeus, no sentido material e no sentido espiritual. Isso ocorrerá por ocasião da futura restauração de Israel, que terá plena concretização durante o milênio. Ver os artigos sobre a Restauração de Israel e sobre o Milênio. E Israel voltará, então, a ser a cabeça das nações, e nunca mais a cauda. De todas as caudas, a mais horrenda certamente é a do dragão, referido em Apocalipse 12.1-18. Lemos em 12.4 desse livro: A sua cauda arrasta a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra... Dentro da visão de João, esse momento representa duas fases da história de Satanás: a. na eternidade passada, quando de sua rebeldia contra o Senhor Deus, em que o diabo foi acompanhado por um terço das criaturas angelicais, e b. quando da futura Grande Tribulaçâo, quando Satanás invadir este mundo com seu exército demoníaco, do que dá testemunho um outro trecho do Apocalipse: Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta (12.12). A cauda do dragão retrata o engano vergonhoso em que caíram aqueles anjos que se deixaram envolver pelo diabo, na eternidade passada. Também podemos antever nessa cauda o triste fim desses mesmos anjos, quando forem julgados. A queda de Satanás e de seus anjos é gradual, conforme o sabe todo estudioso das Sagradas Escrituras. Na história deles há momentos de vitória fugaz, como quando da morte do Senhor Jesus (Lc 22.53, Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas), ou como quando da futura Grande Tribulaçâo (vide). Todavia, fatalmente chegará o tempo em que o diabo e seus anjos serão, realmente, a “cauda” de toda a criação, isto é, quando forem julgados e encerrados em sua perpétua prisão (ver Mt 25.41). E Judas, versículo seis, arremata: E a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicilio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia. Sem dúvida, não foi um bom negócio para os anjos maus, quando resolveram seguir a liderança de Lucifer. A perda deles é etema e irreparável. Não há qualquer provisão de salvação para os anjos que pecaram. Mas, pela graça divina, qualquer homem que está reduzido ao estado de cauda, espiritualmente falando, mediante a redenção que há no sangue de Cristo, e através do arrependimento e da fé, pode ser guindado à posição de cabeça, juntamente com o Filho do Deus bendito.