=== CALÚNIA Várias palavras hebraicas e várias palavras gregas estão envolvidas na compreensão desse assunto, a saber: 1. Dibbah, "relatório contrário”. Palavra hebraica que aparece por nove vezes (Jr 20.10; Gn 37.2; Nm 13.32; 14.37; Pv 25.10; Ez 36.3; Nm 14.36; SI 31.13; Pv 10.18). 2. Rakil, "caluniador”. Palavra hebraica que se encontra por três vezes (Lv 19.16; Pv 20.19; 11.13). 3. Nirgan, “sussurrador”. Termo hebraico que aparece por quatro vezes: Pv 18.8: 26.20,22; 16.18. 4. Lashan, “usar a língua”. Palavra hebraica que figura por duas vezes: SI 101.5 e Pv 30.10. 5. Katalaléo, “difamar”, “caluniar”. Vocábulo grego que aparece por cinco vezes (Tg 4.11; lPe 2.12 e 3.16). 6. Pseudomarturéo, “dar falso testemunho”. Palavra grega que figura por cinco vezes (Mt 19.18; Mc 10.19; 14.56,57; Lc 18.20). Caluniar é acusar falsamente, mormente em alguma situação judicial. Também é falar contrariamente a alguém a quem Deus defende. O caráter básico desse pecado pode ser visto no fato de que foi incluído no decálogo (Êx 20.16), como também no fato de que aparece no contexto imediato do qual Jesus Cristo citou o segundo e grande mandamento (Lv 19.15-18; cf. Mt 19.19; 22.39; Tg 2.8). Ali, o amor ao próximo é caracterizado pelo fato de que não o caluniamos, mas antes, mostramo-lhe justiça, sem qualquer parcialidade. Que a calúnia é contra a retidão e a sabedoria de Deus é algo repetidamente frisado no livro de Provérbios (ver Pv 9.13; 10.18; 18.8; 26.20-22). Quando a calúnia atinge os mensageiros de Deus, atinge o próprio Deus, sendo punido de conformidade com isso (Nm 14.36, onde os espias falam contra os pontos positivos da Terra Prometida. Rm 3.8 onde uma falsa doutrina é imputada ao apóstolo Paulo). A calúnia consiste em fazer os padrões humanos sobreporem-se aos padrões divinos e ao julgamento divino, dando a entender até mesmo a blasfêmia (Tg 4.11). Pertence àquela categoria de pecados aos quais Deus entrega os homens (Rm 1.30, quando eles caluniam o bem e aprovam o mal; cf. 2Tm 3.3 quanto ao seu caráter escatológico). O grande caluniador é o próprio Satanás (pois diábolos = acusador). Ele tentou alienar Deus de Jó, mediante falsas acusações. O livro de Apocalipse descreve Satanás como aquele que continuamente acusa aos irmãos, dia e noite (Ap 12.10). O falso testemunho deliberado contra Cristo, por ocasião de seu julgamento, precisa ser visto dentro desse contexto (Mt 26.59; cf. a ordem dada por Cristo para que os seus discípulos deem um testemunho veraz a respeito dele). É por causa de Cristo que os seus seguidores são falsamente acusados (Mt 5.11). Porém, uma vez que Deus proferiu o seu veredito acerca dos seus eleitos, justificando-os de tudo, quem ousaria acusá- -los diante do Senhor? (Rm 8.33). A calúnia é uma atitude contrária ao caráter verdadeiramente cristão, refletindo total ausência de amor ao próximo (lPe 2.1). Em vez de caluniarmos, como crentes que somos, devemos perdoar os nossos ofensores, relembrados de como Cristo nos perdoou de tudo (Ef 4.31,32). Também devemo-nos revestir daquela nova natureza que não se caracteriza pelo espírito mentiroso, mas que se renova no conhecimento e no homem interior, de acordo com a imagem de Deus, conforme ela se acha em Cristo (Cl 3.8-10).