O que significa Adereço na Bíblia?

É interessante, mas Adereço no conceito bíblico quer dizer "enfeite"; no entanto, o termo hebraico פְאֵרְכֶן FËERËKHEN usado pra expressar a palavra, pode ter sentidos mais amplos, tais como: "magnificência, esplendor; turbante; enfeite, ornamento".

As passagens polêmicas sobre o "adereço das mulheres"; embora o termo em si tenha sido usado apenas por Pedro. Sobretudo, o tema mesmo faz parte integral de duas cartas escritas pelos apóstolos Paulo e Pedro no início dos anos 60 D.C.

Paulo endereçou a sua carta ao seu filho na fé Timóteo, que se encontrava na cidade de Éfeso supervisionando as igrejas da Ásia, enquanto que os eleitos… forasteiros da Dispersão, no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia receberam os concelhos e admoestações de Pedro (1 Pe 1.1), quase em simultâneo.

Em circulação entre essas pessoas provavelmente já estavam as cartas de Paulo aos Gálatas, Efésios, Colossenses e a Filemom, como também a carta de Tiago "às doze tribos que se encontram na Dispersão" (Tg 1.1). Veremos melhor abaixo:

O Adereço das mulheres: Enfeites, cabelos, brincos e vestidos

No texto de 1 Pedro 3.3, o apóstolo Pedro fala para um público específico, as mulheres casadas. Pedro trabalha o fato de que a mulher casada deve ter como “marca” não os seus adereços, isto é: seu vestuário ou cabelo, mas sim aquilo que há de bom em seu interior e que é tão estimado por Deus.

Essa é a marca mais importante que uma mulher deve ter. Nesse contexto não existe proibição do uso de qualquer adereço, mas mais uma vez o bom senso é colocado em pauta.

Para Pedro a mulher casada deve chamar a atenção pelo seu bom procedimento e não por um vestir-se inapropriado cheio de ostentação. Os Pais da Igreja não se desviaram da opinião judaica a respeito de mulheres, prevalecente no período apostólico.

É pecado usar brincos, joias e calça?

Muitas pessoas questionam o que a Bíblia diz sobre maquiagem, brincos e joias; se usar brinco é pecado; enquanto outros vão além, e querem saber o significado "dos brincos nas orelhas". Os temas como: "trançar mechas é pecado" ou mesmo "maquiagem segundo a Bíblia, pintar unhas, uso de calça para as mulheres; todos esses mostram a imaturidade bíblica dentro dos mais insignificantes temas existenciais.

Quando pedro trouxe sua orientação (1 Pedro 3.3) fica explicitamente claro que o padrão, não apenas às mulheres, mas a todos, é a modéstia. Isso significa que é pecado para uma mulher cristã usar uma joia de ouro, ou trançar o cabelo, ou vestir roupas? Claro que não.

Fazer esta pergunta é respondê-la. "A conclusão inevitável é que ela não deve depender da exibição dos artigos mencionados." É o estresse desordenado do adorno exterior da pessoa que Pedro aqui condenou.

Apesar do fato de que nestes tempos não há a mesma ênfase em tal ostentação como nos dias em que Pedro escreveu, não se pode resistir ao pensamento de que os apóstolos de Cristo fariam objeção ao que está sendo feito com cosméticos, ainda hoje.

Nos tempos antigos, a extravagância do vestuário ia além de toda razão. "Nero tinha até um quarto com paredes cobertas de pérolas; e Plínio viu Lollia Paulina, esposa de Calígula, usando um vestido tão coberto de pérolas e esmeraldas que custou mais de um milhão de dólares." Sob qualquer pretexto, ostentação é pecado, um pecado mortal, danoso e vulgar.

O preconceito no Judaísmo em relação às mulheres

É incrível como a história demonstra certa imaturidade aos temas relativos ao sexo feminino. O proprio Filo de Alexandria, um contemporâneo de Paulo e Pedro, é um tanto mais critico a questão das mulheres, quando declarou:

"a fêmea é imperfeita, sujeita, vista mais como o parceiro passivo do que o ativo. E já que os elementos dos quais consistem a nossa alma são dois – a parte racional e a parte irracional – a parte racional pertence ao sexo masculino, sendo a herança de intelecto e razão; mas a parte irracional pertence ao sexo feminino, e também os sentidos externos. E a mente é em cada respeito superior ao sentido externo, como é o homem à mulher."

Na compilação das tradições orais preservadas pelos judeus, os homens eram encorajados a agradecer a Deus diariamente por não tê-los feito "nem gentio, nem mulher, nem escravo."

No templo em Jerusalém as senhoras não podiam passar do átrio das mulheres, um isolamento até considerado natural pela maioria dos comentaristas, mas que, na realidade, não existia no plano divino para o tabernáculo (1 Sm 1.9-10) e nem no primeiro templo (1 Cr 28.11,19; 1 Rs 5-8), refletindo tão somente o preconceito do judaísmo.

O Adereço das mulheres na história da Igreja

Paradoxalmente, os adornos parecem ter sido amplamente utilizados nesse período. Não existe registro de como os líderes das igrejas que receberam as cartas de Paulo e Pedro interpretaram e aplicaram as suas palavras nos textos já mencionados.

Mas os Pais da Igreja dos séculos subsequentes tornaram-se totalmente contrários ao uso do adorno feminino. Tertuliano (160-220 DC) reclamou sobre as mocinhas:

"Elas consultam o espelho para ajudar a sua beleza, gastam a pele do rosto de tanto lavar, tentando tornar o mesmo sedutor com cosméticos, arrogantemente jogam uma capa por cima dos ombros, colocam seus apertados sapatinhos multiformes e levam bem mais acessórios quando vão ao banho."

Cipriano (250 DC) ensinou que "os adornos e as roupas vistosas e as seduções da beleza pertencem apenas a prostitutas e mulheres desenvergonhadas, e a vestimenta mais cara acompanha aquela cuja modéstia é a mais barata.

Jerônimo (340-420 DC) perguntou: "Qual o lugar de ruge e chumbo branco no rosto de uma senhora crista? Servem apenas para inflamar as paixões dos homens jovens, para estimular a lascívia e para indicar uma mente impura." Eram homens de peso na história da igreja cristã — mas quase todos com tendências ascéticas.