As cortinas do tabernáculo e suas cores Êx 26: 1-14

As cortinas do tabernáculo serviram para cobrir a estrutura de madeira do tabernáculo; longe de ser qualquer tecido sobre um vara, a obra deveria ser obra de artista. O termo hebraico usado para referir-se a este profissional é aman’- אמן, palavra usada indicando um trabalhador capacitado, artista, pessoa capacitada ou mesmo um artesão.

Foram repassadas claras observações quanto a produção das cortinas, tais como, tamanho, material e cores. O tecido deveria ser de linho fino ornamentado com três cores: azul, púrpura e carmesim; querubins deveriam ser bordados nelas por obra de artista. Vamos ver como eram a extração de linha e a produção de cores no Antigo Oriente Proximo.

Como era a colheita de linho em Israel?

Quando Israel saiu do Egito a partir do 14º dia do mês de (Abibe-Ninã) rumo a Canaã, a colheita de Cevada estava começando. Provavelmente próximo de Jericó tínhamos o começo da colheita do linho no 12.º mês, adar (fevereiro-março), uma mês antes daquela, nesse caso. Sobretudo pensa-se que a colheita do linho poderia ocorrer em princípios de abibe-nisã (março-abril), o primeiro mês do ano sagrado dos hebreus junto com a colheita da Cevada.

As hastes de linho eram arrancadas, ou retiradas com enxada, e depois estendidas para secar. Foi o que ocorreu quando os espias viram as hastes de linho no terraço da casa de Raabe secando. (Jos 2:6) Era ainda os primeiros dias de nisã daquele ano, provavelmente o segundo ano. Jos 2:16, 22, 23; 3:1, 2; 4:19.

Os judeus secavam todo o linho e após a remoção das cápsulas de sementes, as hastes de linho eram totalmente submersas em água e seguras ali com pedras, para impedir que flutuassem. Ao absorver tota água o linho toda parte lenhosas apodrecia, livrando as fibras. Depois de se soltar a parte externa, ou casca, das hastes, estas eram tiradas da água e repetidas vezes viradas ao sol, até ficarem completamente secas.

Feito o processo inicial o linho era batido com espadelas em lajes de pedra, e as fibras eram separadas e limpas por meio de pentes especiais. As fibras de qualidade inferior, perto da casca, eram usadas como mechas, posto que as fibras interiores, mais brancas e de qualidade mais fina, eram transformadas em fios, que eram polidos por serem batidos vez após vez contra uma pedra dura.

Com os fios finos em mãos, eram fiados geralmente por mulheres israelitas, como foram usados na fabricação dos dez panos de tenda do tabernáculo. Assim foi feito a cortina que separava o Santo do Santíssimo, para o reposteiro da entrada do tabernáculo, e para os cortinados do pátio, bem como para o reposteiro do seu portão. (Êx 35:25; 36:8)

O Linho fino retorcido foi usado para outros utensílios do tabernáculo, com, tais como o cinto, o éfode e o peitoral do sumo sacerdote. (Êx 39:2, 3, 5, 8). No caso das cortinas e das vestes para uso no santuário, parece que o linho foi o tecido básico usado, e que a lã tingida e o ouro foram bordados nelas como enfeite. (Êx 35:35; 38:23).

Como eram feitas as cores azul, purpura e carmesim?

Habilidades em cores eram raras nesse tempo. O Azul, por exemplo, pode ser visto em diversos tipos de materiais tingidos, tais como linha, cordéis, pano e vestimenta. (Êx 26:4) Não sabemos ao certo se este azul era o azul que variava entre o vermelho e roxo. É provável que Israel tenha se deparado com lápis-lazúli de pedra semipreciosa que era usado no antigo Egito para jóias e ornamentos. Essa componente foi usado para fazer pigmento azul bem mais adiante; falam que o pigmento ultramarino, era nessa época o mais caro de todos os pigmentos. Mas não é o caso ainda.

Lápis-lazúli foi extraído no Afeganistão por mais de três mil anos, sendo exportado para todas as partes do mundo antigo. Indicios apontam que o Egito produzia o seu próprio pigmento azul conhecido como azul egípcio. Eles moíam sílica, cal, cobre e alcalai e aquecendo-o a 800 ou 900 °C, fazendo então o que se conhece como o primeiro pigmento sintético. Logo, o azul egípcio era usado para pintar madeira, papiro e tela, e era usado para colorir um esmalte para fazer contas, inlays e potes de faiança.

É fácil supor que tais técnicas foram dominadas pelos israelitas em quanto realizam trabalhos específicos a Faraó durante o tempo da escravidão. Outra como é a cor púrpura, esta por sinal, raríssima até então, uma vez que era obtida através de algumas espécies de molusco nativos do Mar Mediterrâneo, fato que causou extinção de algumas delas.

Não era fácil sua extração, por isso só os mais nobres utilizavam, tanto pela dificuldade na sua obtenção e seu alto preço, o púrpura, um dos mais importantes e mais caros pigmentos naturais da Antiguidade era preparado com tintas destes vários moluscos. Hoje sabemos que não só no são encontrados na costa do Mediterrâneo, mas também do Atlântico e nas Ilhas Britânicas (não é o caso aqui desses dois).

O carmesim é outro tom de vermelho que pode ser confundido mesmo com o azul. Profundo tom de vermelho forte, brilhante tem forte combinação com algum azul, que tem em sua pigmentação certo grau de púrpura. Nessa época o carmesim é a cor de um corante produzido por um inseto. O nome desse inceto é o Kermes vermilio ou Karmiyt, inseto usado para descrever cores ligeiramente azul-avermelhadas em geral que estejam entre o vermelho e o rosado.

O carmesim era feito mediante corpos secos destes insetos e os mesmos tinham grande valor comercial em toda costa do Mediterrâneo. Adiante foi introduzida da cochonilha, outro inseto usado para extrair os corantes comparáveis em qualidade e intensidade ao carmesim, embora sendo bem mais econômico. Fazer o carmesim a partir do kermes era ter que precisar de dez a doze vezes mais quantidades da cochonilha para produzir o mesmo efeito.

Qual o tamanho das cortinas do tabernáculo de Moisés?

As belas cortinas do tabernáculo, dez no total, eram acintosamente belas por dentro, uma vez que por fora, eram cobertas com peles de cabrito e carneiro com o fim de preservação e impermeabilidade. Precisavam ser fortes, visto que perfurações foram feitas inserindo cinquenta colchetes de outro, acerca dos quais seu peso era sustento.

Onze cortinas de cabras, (como dito acima) cobriam todo tabernáculo e tinham tamanhos diferenciados. As cortinas de linho fino mediam ao certo 12,5 metros de comprimento por 1,8 metros de largura franzidas sobre a moldura e pregadas de modo a parecer uma peca continua de 18 metros de comprimento por 12,5 de metros de largura, era a cobertura básica, terminado a 0,45 centímetros do chão em cada um dos lados do tabernáculo.

As cortinas de pele de cabra (onze ao todo) faziam a proteção do tabernáculo, eram dois conjuntos de cortinas de cabra que deveriam ser unidas por lações e colchetes para fazer uma peça de 13,5 metros de altura por 19,8 metros de comprimento de um extremo a outro, isso permitia uma sobreposição na frente e ao fundo.

Farás o tabernáculo com dez cortinas de linho fino torcido e tecido azul, púrpura e carmesim, com querubins bordados nelas.
O comprimento de cada cortina será de vinte e oito côvados, e a largura, de quatro côvados; todas as cortinas terão a mesma medida.
Cinco cortinas serão enlaçadas umas às outras; as outras cinco serão enlaçadas da mesma maneira.
Farás laçadas de tecido azul na orla da última cortina do primeiro grupo; assim também farás na orla da primeira cortina do segundo grupo.
Serão cinquenta laçadas na orla de uma cortina e cinquenta laçadas na orla da outra; as laçadas serão opostas umas às outras.
Farás cinquenta colchetes de ouro e com eles prenderás as cortinas uma à outra; assim, o tabernáculo será um todo.
Farás também cortinas de pelos de cabras para servirem de tenda sobre o tabernáculo; farás onze cortinas assim.
O comprimento de cada cortina será de trinta côvados, e a largura, de quatro côvados; as onze cortinas terão a mesma medida.
Reunirás cinco cortinas em um grupo e as outras seis em outro grupo; e dobrarás a sexta cortina na frente da tenda.
Farás cinquenta laçadas na orla da última cortina do primeiro grupo, e outras cinquenta laçadas na orla da primeira cortina do segundo grupo.
Farás também cinquenta colchetes de bronze e introduzirás os colchetes nas laçadas. Assim unirás a tenda para que forme um todo.
E o que sobrar das cortinas da tenda, a saber, a meia cortina que sobrar, será pendurado nos fundos do tabernáculo.
E o côvado que sobrar nos dois lados, no comprimento das cortinas da tenda, será pendurado nos dois lados do tabernáculo para cobri-lo.
Farás também para a tenda uma cobertura de peles de carneiro tingidas de vermelho e, por cima desta, uma cobertura de peles de animais marinhos.