Em relação à igreja, à qual foram dirigidas estas cartas, *veja a palavra Tessalônica. E a respeito da sua autoria, afirma-se com segurança que foram escritas por S. Paulo. Com toda a probabilidade foram elas as primeiras epístolas de S. Paulo. A sua DATA deve fixar-se pelo tempo da sua segunda viagem missionária, em que se efetuou a sua primeira visita à Europa, devendo, pois, ter sido entre 49 a 51 d.C., ou talvez entre 51 a 53 d.C. Em Corinto é que as cartas foram escritas, e depreende-se o seu objeto da sua exposição doutrinal. o Evangelho tinha sido, pela primeira vez, pregado em Tessalônica por Paulo e Silas, pouco depois de terem saído da prisão em Filipos. Na verdade, do que diz a epístola parece concluir-se que a igreja constava principalmente de gentios (1 Ts 1.9), que certamente se haviam convertido depois de ele ter falado por três semanas. As referências do Apóstolo à sua maneira de viver entre os tessalonicenses implica uma residência demorada naquela cidade. Paulo dirigiu-se primeiramente aos judeus, como costumava fazer, e depois, com resultado ainda maior, aos gentios. Forçado a sair da cidade pela violência dos judeus, deixou Paulo a nova igreja em dificuldades. A sua ansiedade era grande a esse respeito, e por isso, estando em Atenas, mandou ali Timóteo com o fim de animar e confortar aqueles crentes, pois estavam expostos a grandes perseguições (1 Ts 3.1,2). Timóteo, cumprida a sua missão, foi encontrar-se com S. Paulo em Corinto, e descreveu-lhe a firmeza de fé dos cristãos de Tessalônica, o que foi para o Apóstolo motivo de alegria e satisfação (1 Ts 3.6 a 9), sendo nele despertado o desejo de visitá-los novamente. Mas, tendo sido por vezes contrariado nos seus planos a este respeito, escreveu então de Corinto a primeira Epístola. os pontos da primeira epistola constituem duas partes: (1) Na primeira parte (1 a 3), o Apóstolo mostra a sua satisfação e alegria pela maneira como os tessalonicenses tinham recebido o Evangelho, e pela sua fidelidade e constância no meio das perseguições, que tanto deviam afligi-los - justifica o seu procedimento e o dos seus cooperadores na pregação do Evangelho, e declara quanto lhe interessavam aqueles crentes que muito estimava. (2) o restante da epístola está cheio de admoestações práticas - avisos contra o pecado, em que era notável aquela cidade - exortações para que cultivassem todas as virtudes cristãs, devendo eles observar de um modo especial uma vida vigilante, sóbria e santa, de forma que fossem belas e esperançosas as condições do seu viver (4.1 a 12, e 5). Palavras especiais de consolação são dirigidas àqueles que choravam a morte dos seus queridos. Fala-lhes, com a sua autoridade apostólica, da ressurreição das pessoas piedosas quando viesse Cristo, a que se havia de seguir uma transformação de vida - e exorta-os a que se animem nesta gloriosa esperança (4.13 e 5.11), acrescentando a estas considerações uma série de breves conselhos, que são um resumo do evangelho prático (5.12 a 23). Termina, depois de lhes recomendar que se abstivessem ‘de toda forma de mal’, com saudação e bênção (5.22 a 28). A Segunda Epístola foi escrita não muito depois da primeira. o seu principal objeto foi corrigir a crença, existente entre os cristãos de Tessalônica, de que o aparecimento do Salvador e o fim do mundo estavam próximos - e, além disso, quis o Apóstolo protestar contra qualquer má aplicação da doutrina ensinada. Com efeito, o erro daqueles crentes baseava-se, em parte, na má interpretação dada a algumas expressões da sua primeira epístola - e parece ter sido sustentado por alguns que pretendiam ser inspirados, chegando mesmo a escrever cartas fictícias em nome do Apóstolo. Havia, também, alguns indivíduos que sob pretexto de religião desprezavam as suas ocupações seculares, entregando-se a uma vida desregrada. os pontos da segunda epístola são os seguintes: Depois da saudação, o autor dá graças a Deus pelo caráter cristão dos crentes tessalonicenses e pela sua firmeza na oração (1.2 a 11,12) e refere-se ao erro de quererem alguns antecipar o dia do Senhor. Lembrando aos cristãos da Tessalônica o que lhes tinha ensinado, quando estava com eles, diz-lhes que esses ensinamentos se referem mais ao inesperado do acontecimento do que à sua proximidade, e que o grande fato havia de ser precedido da ‘apostasia’, e do temporário domínio do homem do pecado, esse espiritual usurpador, que, depois de removidos certos obstáculos, havia de estabelecer um sistema de erro e engano, pelo qual seriam muitos desviados (2.1 a 12) do verdadeiro caminho. Vêm depois as ações de graças e as exortações práticas (2.13 a 3.5), seguidas de conselhos quanto ao modo de tratar com membros desordenados, e as últimas mensagens e saudações (3.6 a 18). A feição característica das duas epístolas é a ausência de uma geral exposição doutrinária e a insistência nas ‘últimas coisas’: a vinda do Senhor (1 Ts 1 a 2.19 - 3.13 - 4.15 a 5.3,23 - 2 Ts 1.7 a 2.12) - a ressurreição e glória futura dos crentes (1 Ts 4.13 a 18 - 5.10 - 2 Ts 15 - 2.14). Quanto à passagem de 2 Ts 2.6 a 10,