Aqueles livros conhecidos pela designação de Primeiro Livro dos Reis e Segundo Livro dos Reis formavam, primeiramente, um só livro. os tradutores gregos do A.T., que são os autores da versão dos Setenta, dividiram a obra em duas partes. Esta separação, feita de tal modo que divide o reino de Acazias, é inteiramente arbitrária. Nada se sabe acerca de quem seja o seu autor. Uma tradição judaica atribui a obra ao profeta Jeremias, sendo esta uma opinião que tem algum apoio em certas coincidências de estilo e linguagem, e na correspondência entre 2 Rs 24.18 a 25.21e Jr 52.1 a 27. Todavia, os acontecimentos narrados estendem-se para além da vida do profeta. Seja como for, a obra é uma compilação, em cujo preparo se empregaram livremente os anais dos reis e as vidas dos profetas. As fontes a que nos referimos são: i. o livro da história de Salomão, 1 Rs 11.41 - ii. o livro da história dos reis de Judá, 1 Rs 14.29, ao qual quinze vezes se fazem referências - iii. o livro da história dos reis de israel, 1 Rs 14.19, mencionado dezessete vezes - iV. As freqüentes inserções, com pequenas alterações ou sem elas, de narrativas de testemunhas oculares, que se lêem nas vidas dos profetas Elias, Eliseu, e Micaías. o compilador dá preeminência à lei de Moisés, referindo-se, na maior parte das vezes, ao livro do Deuteronômio. Quanto à DATA em que foi terminada a obra, não parece que tenha sido posterior ao ano 586 a.C., nem anterior ao ano 561 a.C., pois é este o ano em que Evil-Merodaque subiu ao trono, fazendo-se menção deste fato em 2 Rs 25.27. Todavia, uma parte considerável dos livros pode ter sido composta muito antes. E esta dedução tem apoio na linguagem das diferentes proveniências dos livros. o compilador faz uso de muitas palavras, que não se acham nas Santas Escrituras que se publicaram até quase ao tempo do cativeiro. os assuntos dos dois livros fazem parte da história dos hebreus desde os últimos anos do reinado de Davi até ao cativeiro, começando a narrativa no esplendor do reino unido do tempo de Davi e Salomão e terminando na miséria do exílio com o triste espetáculo do rei Joaquim, que foi um pensionário na corte de Evil-Merodaque. (*veja no artigo Rei um resumo da história.) No decorrer dos fatos, particular atenção se dá à obra e influência dos profetas. A intervenção de Natã assegura a subida de Salomão ao trono (1 Rs l.45). Aías anuncia a divisão do reino, e as suas causas (1 Rs 11.29 a 40). Semaías, depois de efetuada a divisão, confirma-a, aconselhando Roboão a licenciar as tropas (1 Rs 12.22,23). Por vários profetas é publicamente reprovada a idolatria de Jeroboão, com a ameaça do castigo conseqüente (1 Rs 13.1 a 3 - 14.7) - é anunciado o juízo contra a casa de Baasa (16.1) - e é distintamente declarada a condenação de Acabe (22.17 a 28). Sendo um fato que na história nacional as obras dos dois grandes profetas, Elias e Eliseu, quase enchem vários capítulos, os reis apenas ocupam um lugar secundário (1 Rs 17 a 2 Rs 13).