Esta epístola não foi geralmente aceita como canônica pela igreja primitiva. Eusébio a coloca entre os livros, cuja autenticidade se discutia, mas a autoria é reclamada por Pedro no próprio livro (1.1 - 3.1). o autor escreve como homem já idoso, aproximando-se do seu fim (1.14), o qual já antes tinha dirigido uma epístola aos mesmos leitores (3.1). A linguagem da epístola, especialmente no primeiro capítulo, comparando-a com es discursos de Pedro nos Atos, e com o estilo da primeira epístola, nos revela ser o mesmo apóstolo o seu autor. Quanto à data, pode o livro ter sido escrito pouco antes da sua morte (1.14). Se aceitarmos a crença tradicional de que Pedro morreu em Roma, a carta teria aparecido não antes do ano 64 d.C., nem depois do ano 70. Toda a matéria da epístola pode ser assim resumida: o Apóstolo, depois do prefácio e saudação, exorta os seus leitores a que perseverem na verdade, para não caírem nos erros e infidelidade daqueles tempos. E o melhor preservativo para isso é, como lhes diz, uma piedade progressiva (1.3 a 11). Além disso, eles encontrarão uma prova clara da verdade das Escrituras no cumprimento das profecias e no testemunho irrefragável dos santos de Deus (1.16 a 21). Em termos enérgicos, ele avisa os falsos mestres e os que principiaram a atendê-los, a respeito da sua culpa e perigosa propaganda (2.1 a 22) - e lhes assegura que a segunda vinda do Senhor, embora seja com grande demora, e através de longos sofrimentos, é tão certa como o dilúvio (3.1 a 3). Em seguida aconselha os cristãos a que sejam diligentes e santos (3.14 a 18). Apelando para os ensinamentos de Paulo, como confirmação das suas idéias, nota que eles tinham sido torcidos por certos homens com o fim de coonestarem as mais perniciosas práticas - mas esse mal devia ser remediado pelo racional conhecimento das Escrituras, devendo existir sempre nos crentes uma boa disposição para aprender e o espírito de humildade (3.15, 16). Nota-se em algumas passagens, uma certa relação entre esta epístola e a de Judas (por exemplo, 2.4 e Jd 6 - 2.6 e Jd 7 - 2.11 e Jd 9 - 2.1l e Jd 12). (*veja Judas (Epístola de.) ‘Conhecimento’ é a nota fundamental da epístola. Como pormenor interessante e importante, indicador de ter sido o mesmo o autor desta epístola e da primeira, é o emprego da palavra ‘santo’ e ‘conversação’ (maneira de viver), e o termo ‘poder’ aplicado a Deus (1 Pe 2.9, e 2 Pe 1.3). Há, ainda, outras admiráveis duplicações de termos nas duas epístolas Devemos notar que aquilo a que se tem dado o nome de ‘alusões retrospectivas’ está de perfeita harmonia com o caráter simples e manifesto de Pedro. Considere-se o uso que ele faz das expressões ‘engodando almas inconstantes’ e ‘engodam lançam a isca) com paixões carnais’ (2.18).