A moeda do Templo era Shekel ou Tíria?
A moeda Tíria era a moeda preferida do Templo (ela não desvalorizava), isto é, era o valor pago ao Templo devido à quantia que devia ser reservada, prescrita na Torá. Mas vamos por parte, visto que entender isso não é tão simples!
Esse imposto pago ao Templo em moeda tíria que seria o mesmo que tetradracma ou estatere (o mesmo que Jesus orientou a Pedro quando a pescou) era também utilizado para as transações comerciais sendo que, uma moeda estrangeira se torna moeda do santuário.
Por norma, a moeda do Templo era o “shekel”, esta, aceita pelos sacerdotes do Templo. O siclo era moeda dos judeus, cunhada em prata com um peso de seis gramas. Sendo assim o shekel, também chamado siclo, era uma moeda de prata pura (meio siclo) que cada judeu religiosamente pagava para os gastos de:
- “reparação do Templo
- "manutenção dos sacrifícios"
- "invocação a Deus pelo perdão do povo".
Este costume de manter o serviço do templo com um pagamento de uma taxa era feito do dia primeiro ao dia quinze do mês de Adar. Todavia, o templo adotara esta moeda (cunhada em Tiro, cidade pagã) como moeda oficial, pois ela não desvalorizava com a inflação que, na época de Jesus, era muito alta.
Por que o Shekel é substituído por Tiría no Templo?
O grande problema aqui é que a Lei proibia o ingresso, no templo, de moedas pagãs. No entanto, A tetradracma tíria, moeda emitida na cidade fenícia de Tiro era a única aceita nas transações feitas no Templo de Jerusalém, pois ninguem gostaria ver desvalorizados os valores adquiridos no ofertório. E bem aqui entram os cambistas.
Eles cobravam 8% de ágio para fazer a conversão das demais moedas para a moeda tirense. Nesse ambiente ocorreu a revolta de Jesus contra "os vendilhões do Templo". Logo, o sacerdócio vigente estava muito mais preocupado com a estabilidade financeira do mercado conquanto obedecer aos mandamentos da lei.
Gananciosos dirigentes burlavam a Lei em vista de seus privilégios. Os cambistas faziam a troca das moedas “impuras” (as moedas inflacionadas de quem morava na Palestina ou fora dela) pela moeda “pura” e, por seu trabalho, cobravam altas taxas.
É essencial fazer menção sobre a cobrança das taxas de impostos pagas para a atividade comercial na Palestina. O publicum era um imposto que incidia sobre à compra e a venda de qualquer produto, mesmo sendo de primeira necessidade.
Essa taxa havia sido imposta pelos romanos sendo cobrada na importação ou exportação, nas divisas territoriais. Os responsáveis para a arrecadação destes impostos eram os publicanos.
Lepton, Quadrante, Didracma e mais moedas no Templo
Lépton era a menor das moedas. Em grego lepton pode ser traduzida simplesmente por: "pequeno". É inferior que as demais, pois era uma pequena moeda de cobre do século I.
Foi ela, inclusive, citada pelo evangelista Lucas (Lc 21,2), que ao citar Mc 12,42 prefere a denominação grega lépton à moeda romana quadrante.A palavra grega para quadrans era κοδράντης (kodrantes).
Em Marcos 12, quando uma pobre viúva deu dois "tostões" (em grego: λεπτα; romaniz.: lepta) ao tesouro do Templo, Marcos afirma que este valor representava um quadrante (Marcos 12:42).
Seria certo afirmar que:
Seria certo dizer que a moeda de prata “shekel” era aceita pelos sacerdotes do Templo. O siclo era moeda dos judeus, e poderia ser também chamada de shekel. Como o pagamento tinha obrigatoriamente de ser feito em moeda hebraica ou shekel, as demais como a Tíria, Lepton, e/ou quadrante, além de outras de diversas partes, só teriam o seu acesso ao interior do templo por meio do câmbio.