O Egito e seus habitantes são mencionados mais de 700 vezes na Bíblia. Nas Escrituras Hebraicas, o Egito costuma ser designado pelo nome de Mizraim (Mits·rá·yim) (veja Gên 50:11), evidentemente indicando o destaque ou a predominância dos descendentes deste filho de Cã naquela região. (Gên 10:6) O nome Misr é aplicado ao Egito mesmo hoje pelos árabes. Em certos salmos, é chamado de “terra de Cã”. — Sal 105:23, 27; 106:21, 22. Nos tempos antigos e modernos, o Egito deve sua existência ao rio Nilo, com seu vale fértil que se estende como uma faixa verde, longa e estreita, através das regiões desérticas, secas, do NE da África. O “Baixo Egito” compreendia a ampla região do delta, onde as águas do Nilo se abrem em leque antes de desaguar no mar Mediterrâneo, outrora pelo menos por cinco diferentes ramificações, e hoje somente por duas. Do ponto em que as águas do Nilo se dividem (na região do moderno Cairo) até a costa marítima, são cerca de 160 km. O lugar da antiga Heliópolis (a Om bíblica) acha-se a curta distância ao N do Cairo, ao passo que a alguns quilômetros ao S do Cairo encontra-se Mênfis (usualmente chamada Nofe na Bíblia). (Gên 46:20; Je 46:19; Os 9:6) Ao S de Mênfis começava a região do “Alto Egito”, que se estendia vale acima até a primeira catarata do Nilo em Assuã (antiga Siene), numa distância de uns 960 km. Muitos peritos, porém, consideram mais lógico referir-se à parte setentrional desta região como “Médio Egito”. Nesta região inteira (do Médio e do Alto Egito), o vale plano do Nilo raramente ultrapassa 19 km de largura, e acha-se confinado em ambos os lados por penhascos de pedra calcária e de arenito, que formam a beira do deserto propriamente dito. Além da primeira catarata achava-se a Etiópia antiga, de modo que se diz que o Egito se estendia “desde Migdol [um lugar evidentemente no NE do Egito] até Siene, e até o termo da Etiópia”. (Ez 29:10) Ao passo que o termo hebraico Mits·rá·yim é usado regularmente para representar toda a terra do Egito, muitos peritos crêem que, em alguns casos, representa o Baixo Egito, e talvez o Médio Egito, sendo o Alto Egito designado por “Patros”. A referência ao ‘Egito [Mizraim], Patros, e Cus’, em Isaías 11:11, tem como paralelo um alinhamento geográfico similar numa inscrição do rei assírio Esar-Hadom, que alista dentro de seu império as regiões de ‘Musur, Paturisi e Kusu’. — Ancient Near Eastern Texts (Textos Antigos do Oriente Próximo), editado por J. Pritchard, 1974, p. 290. Limitado pelo mar Mediterrâneo ao N, e pela primeira catarata do Nilo, e pela Núbia-Etiópia ao S, o Egito estava cercado pelo deserto da Líbia (parte do Saara) ao O, e pelo deserto do mar Vermelho ao L. Assim, na maior parte, ficava bastante isolado da influência externa e protegido contra invasões. O istmo do Sinai, no NE, porém, formava uma ponte para o continente asiático (1Sa 15:7; 27:8); e por esta ponte terrestre vinham as caravanas comerciais (Gên 37:25), os migrantes, e, com o tempo, os exércitos invasores. O “vale da torrente do Egito”, geralmente identificado com o uádi el-ʽArish, na península do Sinai, evidentemente marcava o extremo NE do domínio estabelecido do Egito. (2Rs 24:7) Além deste ficava Canaã. (Gên 15:18; Jos 15:4) No deserto ao O do Nilo havia pelo menos cinco oásis que vieram a constituir parte do reino egípcio. O grande oásis de Faium, a uns 72 km ao SO da antiga Mênfis, recebia água do Nilo por meio dum canal.