Um dos elementos curiosos sobre essa parte do vestuário era o fato de se tirar na hora de fechar qualquer acordo. Isso foi feito na Bíblia no Livro de Rt 4.7
==== CALÇADOS Este verbete precisa ventilar duas palavras hebraicas e uma palavra grega, a saber: 1. Naal, “sapato”. Palavra hebraica que ocorre por 22 vezes (por exemplo: Éx 3.5; 12.11; Dt 25.9,10; Js 5.15; Rt 4.7,8; SI 60.8; Is 5.27; Ez 24.17,23; Am 2.6 e 8.6). 2. Minai, “sapato". Palavra hebraica que aparece por apenas uma vez, isto é, em Deuteronômio 33.25. 3. Upõdema, sandália (literalmente, “sob os pés”). Palavra grega que aparece por dez vezes: Mt 3.11; 10.10; Mc 1.7; Lc 3.16; 10.4; 15.22; 22.35; Jo 1.27; At 7.33; 13.25. Também precisamos considerar a expressão hebraica serok naal, “cordões da sandália”, que aparece em Gênesis 14.23 e Isa- ías 5.27. Dentre as trinta ocorrências das palavras hebraicas, quase todas são traduzidas por "sandálias” em nossa versão portuguesa, pois, à mente moderna, uma sandália dá mais per- feitamente a ideia do formato de um antigo sapato do Oriente Próximo e Médio. No mínimo, consistia em uma sola chata feita de couro, madeira ou outro material, com um cordão em cada lado, a fim de segurar a sola ao pé. Naturalmente, havia formatos diversos, dependendo do uso que se queria dar ao calçado. Os pastores precisavam de uma sandália forte, porquanto geralmente caminhavam por lugares pedregosos e difíceis. As mulheres de elevada posição social, por outro lado, geralmente usavam um tipo leve de sandália, e mais ornamentada. A significação simbólica dos calçados é um fenômeno bíblico bem confirmado. Podemos detectar pelo menos cinco usos figurados: 1. Os cordões das sandálias geralmente indicavam algo barato, de pouco valor. Isso se devia ao fato de que tais cordões eram praticamente insignificantes. Portanto, Abraão não queria ficar com a coisa mais insignificante do rei de Sodo-ma (Gn 14.23). Mas também há um uso similar do próprio calçado, em Amós 2.6:... e condenam o necessitado por causa de um par de sandálias (ver também Am 8.6), dando a entender que os necessitados eram vendidos por baixíssimo preço. 2. Com base no conceito de pouco valor, a ideia de calçados retrata a parte mais humilde do corpo de uma pessoa. De conformidade com isso, João Batista afirmou-se indigno de ao menos tocar nas sandálias de Cristo (Mt 3.11; Mc 1.7; Lc 3.16; Jo 1.27; At 13.25). Até mesmo a porção mais humilde da pessoa de Jesus Cristo era por demais exaltada para ser comparada com a pessoa do seu precursor. 3.0 uso de sapatos com frequência falava sobre alguma viagem ou a preparação para alguma viagem. Por esse motivo, os israelitas deveriam consumir o cordeiro pascal, calçados e preparados para partir em seguida (Êx 12.11). Entre eles também houve a preservação miraculosa de suas sandálias, enquanto vagueavam pelo deserto (Dt 29.5). Por igual modo, os discípulos do Senhor não deveriam levar consigo o costumeiro par extra de sandálias, em suas jornadas de evangelização (Mt 10.10; Lc 10.4; 22.35). 4. A contaminação adquirida pelos calçados, durante as jornadas pelas estradas poeirentas da época, terminou resultando em um outro símbolo. É por esse motivo que os calçados com frequência representam a contaminação espiritual. Foi precisamente por essa razão que Moisés precisou tirar as sandálias dos pés, porquanto estava em terreno santo (Êx 3.5; At 7.33). E outro tanto ocorreu com Josué (Js 5.15). 5. Um bem proeminente uso simbólico dos calçados era a transferência de alguma propriedade ou de alguma responsabilidade. No caso de algum hebreu que se recusasse a cumprir sua responsabilidade, no casamento levirato, sua recusa era assinalada pela remoção de seu calçado (Dt 25.9,10; cf. Rt 4.7,8).