Desde o primeiroséculo até aos nossos dias tem sido atribuída a Paulo a autoria destas epístolas. A DATA em que foi escrita a primeira epístola deve fixar-se em certo espaço de tempo depois da primeira prisão do Apóstolo em Roma, possivelmente no ano 66. o lugar pode ter sido Trôade, talvez em casa de Carpo (Cf 2 Tm 4.13). o propósito pode deduzir-se do seu conteúdo. São dois os objetivos principais desta epístola: i. Destruir as falsas doutrinas dos mestres judaicos que, sob pretexto de fidelidade à Lei, ensinavam mandamentos que estavam em desacordo com os santos preceitos mosaicos. ii. Guiar e animar Timóteo no desempenho da sua missão, dando-lhe esclarecimentos (1) sobre as devoções públicas, 2.1 a 8 - (2) sobre os deveres e comportamento das mulheres cristãs, 2.9,12 (cp com 1 Co 11.3 a 16 - e 14.34 a 40 - e 1 Pe 3.1 a 6) - (3) sobre os que tinham cargos eclesiásticos, 3.1 a 13 - (4) sobre o seu próprio ensino, 3.14 e 4 - (5) sobre a sua santidade pessoal, 4.11 a 16 - (6) e sobre a direção da sua igreja na maneira de tratar os transgressores, as viúvas, os bons e os maus anciãos, os escravos e os ricos, indicando os deveres destas diversas classes de pessoas, 5,6. (cp com Tt 1.10 a 3.11). Com os ensinamentos que o Apóstolo fornece ao seu discípulo acham-se também vivas e afetuosas recomendações, referências à própria conversão de Paulo, e solenes previsões sobre a vinda de Cristo. Quanto à segunda epístola, a última de S. Paulo, deve ter sido escrita por ocasião do seu segundo cativeiro em Roma, não muito antes do seu martírio, talvez nos primeiros meses do ano 67. o espaço de tempo que medeia entre as duas prisões de Paulo, parece tê-lo passado o Apóstolo na Ásia (Fm 1.22), depois na Macedônia (1 Tm 1.3), invernando em Nicópolis do Epiro (Tt 3.12). A razão por que o Apóstolo voltou a Roma não o diz ele - apenas sabemos que ele foi logo preso como malfeitor (2 Tm 2.9). Toda a carta acha-se revestida de particular interesse, compreendendo os últimos conselhos do Apóstolo. Depois de uma afetuosa saudação com ação de graças (1.1 a 5), aconselha Timóteo a que seja corajoso, zeloso, e firme no ministério (1.6 a 14) - fala-lhe de alguns que se tinham mostrado infiéis, e recorda as boas obras de onesíforo (1.15 a 18) - exorta-o a ter paciência, fazendo alusão aos seus próprios sofrimentos pelo Evangelho (2.1 a 13), e a ser fiel no ministério, manifestando pessoal retidão (2.14 a 26) - anuncia tempos perigosos com respeito aos ‘últimos dias’ (3.1 a 9) - e volta a fazer exortações (3.10 a 4.5), terminando por certas mensagens pessoais. Encontramos nas epístolas a Timóteo e a Tito - Epístolas pastorais - a mais clara revelação que a Escritura nos oferece a respeito do caráter, qualificações e deveres do niinistro cristão. Estas epístolas encerram, também, a mais completa previsão da corrupção do Cristianismo, em tempos próximos dos seus, e da extensiva infiuência da infidelidade, a que a Escritura chama os últimos tempos. É digno de nota que Policarpo, que escreveu pelo ano 117 d.C., tivesse citado a primeira epístola a Timóteo, cap. 6, vers. 7.