" No sentido mais lato da palavra ""baytith"" emprega-se para significar qualquer habitação, fixa, ou mutável. Pode ter-se derivado de uma raiz que significa passar a noite. Também o tabernáculo de Deus, embora tenha sido apenas uma tenda, é, algumas vezes, chamado a casa, a residência de Deus. Pouca mudança tem havido no sistema de edificar casas no oriente. As ruas das cidades são geralmente estreitas, tendo, por vezes de um e de outro lado uma carreira de lojas. Por detrás destas estão as habitações. Se entrarmos numa das principais casas, passaremos, primeiramente, por um corredor, onde se vêem bancos de cada lado, e é ali que o senhor da casa recebe qualquer indivíduo, quando quer tratar dos seus negócios, sendo a poucas pessoas permitido passar adiante. Para além desta entrada, o privilegiado visitante é recebido no pátio, ou quadrângulo, que geralmente é pavimentado de mármore ou outra substância dura, e não tem cobertura. Este pátio dá luz e ar a vários compartimentos que têm portas para aquele quadrângulo. Com o fim de receber hóspedes, é o pavimento coberto de esteiras ou tapetes - e visto como estão seguros contra qualquer interrupção de fora, é o lugar mais próprio para recepções e diversões. o pátio é, geralmente, rodeado de um claustro, sobre o qual, quando acontece ter a casa mais de um andar, é levantada uma galeria para cada andar nas mesmas dimensões que o claustro, tendo uma balaustrada para impedir o povo de cair. As janelas que deitam para a rua são pequenas e altamente colocadas, sendo fechadas por meio de um sistema de tábuas furadas e esculpidas em vez de vidro. Deste modo fica oculto o morador, podendo, contudo, obter uma vista do que se passa fora. Todavia, as janelas dos andares superiores são, freqüentemente, de considerável grandeza, e construídas numa saliência para fora da parede da casa. Foi esta a espécie da janela pela qual foi atirada Jezabel por mandado de Jeú. Nas casas dos ricos a parte mais baixa das paredes é adornada de tapeçarias de veludo ou damasco, suspensas em ganchos, podendo esses ornamentos subir ou descer segundo se quer (Et 1.6). A parte superior das paredes é adornada de um modo mais permanente, ao passo que os tetos são, algumas vezes, feitos de madeira preciosa e odorífera (Jr 22.14). os sobrados destes esplêndidos quartos são cobertos de lajes pintadas, ou de pedra mármore. Algumas vezes eram feitos de estuque, coberto de ricos tapetes. Em todos os casos, os quartos de mulheres estão separados, embora a separação não fossem outros tempos tão estrita como é hoje entre os hebreus. Nas casas de certa pretensão havia um quarto para hóspedes. o telhado das casas orientais é quase sempre plano. Compõe-se de vigas de madeira, cobertas de pedra ou argamassa, para proteger os moradores contra o sol e as chuvas, e também, para lhes proporcionar um sítio muito agradável ao ar livre quando está bom o tempo. Em volta deste telhado há um parapeito, não muito alto, para segurança das pessoas (Dt 22.8). Na Palestina o povo dorme nos terraços da casa, durante o tempo de mais calor, em caramanchões feitos de ramos ou de junco (Ne 8.16). o quarto dos hóspedes é, algumas vezes, construído sobre o telhado, e como para este se sobe por uma escada exterior, pode o hóspede entrar ou sair sem comunicar-se com a família. Várias ocupações domésticas são efetuadas nestes lugares altos da casa, como estender a roupa para secar, e espalhar figos, uvas, etc., para se fazer passas. E algumas vezes também foram usados estes lugares para o culto idolátrico (2 Rs 23.12 - Jr 32.29). As tendas, usadas durante a Festa do Tabernáculo, eram levantadas sobre telhados planos, que eram também escolhidos para os moradores se lamentarem em ocasião de grande aflição. os fogões não existem nas casas orientais, mas a família serve-se de braseiros, acontecendo, também, acenderem o lume no pátio aberto. Todavia, a cozinha tinha uma elevação feita de tijolo, com cavidades, em que se fazia a necessária fogueira. Havia os lugares para cozinhar, aos quais se refere Ez 46.23. Além dos caramanchões para uso no verão, havia, também, compartimentos especialmente protegidos, que se usavam no tempo frio. As casas dos pobres no oriente são construções muito fracas, sendo as paredes feitas de barro, canas e junco (*veja Jó 4.19). Pode o ladrão penetrar facilmente dentro destas habitações (Jó 24.16 - Mt 24.43). Algumas vezes estas moradas de barro, e mesmo de tijolo, constavam de uma sala somente, sendo ainda uma parte dela separada para o gado. o exterior de todas as casas, tanto dos ricos como dos pobres, apresenta uma fraca aparência. Nada mais se observa, geralmente, do que uma nua parede branca, com pequenas janelas, gelosias e uma simples porta. (*veja Tenda, Tabernáculo, Cabana.)"

==== CASA No hebraico, bayith. Palavra usada por quase 1.800 vezes no Antigo Testamento, desde Gênesis 7.1 até Malaquias 3.10. No grego, oikía e oikos. A primeira dessas palavras gregas aparece por 94 vezes, de Mateus 2.11 a 2Joào 10. E a segunda ocorre por 108 vezes, de Mateus 9.6 a lPedro 4.17.

Os antropólogos informam-nos que o homem tem vivido quase em qualquer tipo de abrigo que lhe ofereça proteção das intempéries, como cavernas, buracos por ele escavados, cabanas cruamente feitas com varas e barro, tendas de peles de animais etc. Precisamos lembrar que é provável que o período adâmico tenha sido uma renovação da civilizaçào, porquanto parece ter havido civilizações pré-adãmicas, em grande número, que foram sucessivamente destruídas por cataclismos provocados pelas mudanças dos polos magnéticos da terra. Essas mudanças provocam o deslocamento da crosta terrestre, diante do que porções inteiras de continentes desaparecem, outras terras emergem, e a configuração da porção seca é rearranjada. Os sobreviventes são destituídos de tudo quanto conseguiram juntar, tornando-se necessário recomeçar tudo, da melhor maneira possível. A tecnologia desaparece. Os homens retornam a viver como animais, fazendo uso das cavernas e caçando animais para alimentar-se e para fazer vestes. As descobertas arqueológicas que mostram que os homens habitaram em cavernas poderiam indicar nào que o homem começou desse modo, e então progrediu até atingir um elevado nível de civilizaçào, mas antes, que o homem foi forçado a retroceder a tais condições devido a algum cataclismo, pelo que teve de reunir todos os seus esforços. A história humana, desde Adão, apesar de cheia de hiatos sobre os quais pouco conhecemos, pelo menos tem sido bastante iluminada pela arqueologia. Vestígios de evidências de civilizações anteriores à época de Adão, fornecem-nos um espantoso discernimento sobre onde o homem pode ter estado, incluindo a possibilidade de que os homens já haviam possuído a energia atômica. Há algumas indicações sobre isso, em meu artigo sobre os Antediluvianos (vide). Ver também o artigo sobre a Astronomia. Isso posto, quando falamos sobre um assunto tào vasto quanto a casa, só podemos oferecer algumas indicações sobre as condições a respeito, nos últimos poucos milhares de anos. I. ANTES DE ISRAEL E NO COMEÇO DB ISRAEL. Abraão deixou de lado quaisquer luxos que pudesse ter conhecido, como casas confortáveis, em Ur, quando dali saiu para tornar- se um nômade que vivia em tendas. Isso assinala a natureza precária da maneira de viver dos primeiros patriarcas de Israel. Abraao havia abandonado a cidade, em busca da cidade celestial (Hb 11.9,10). Porém, ao que parece, mesmo durante a sua peregrinação, houve ocasiões em que ele dispôs de alguma casa para morar (Gn 17.27). Quando os filhos de Israel desceram ao Egito eles reiniciaram a vida de citadinos, morando novamente em casas. Na antiguidade, as casas variavam muito, de acordo com o chma, a área geográfica e as condições financeiras. Portanto, é impossível contarmos a história da casa com grande exatidão. Abaixo, porém, damos as características mais comuns das casas orientais. II. As Casas no Oriente

  1. O Pórtico só aparece no Antigo Testamento em conexão ao templo e ao palácio de Salomào (lRs 7.6,7; 2Cr 15.8). Porém, sabemos que, no Egito, isso era uma característica comum das casas. Com frequência consistia em uma dupla fileira de colunas. Ver o artigo separado sobre Câmara. Os cinco pórticos de Betesda (Jo 5.2) eram uma colunata onde eram deixados os enfermos.
  2. O átrio era uma das principais características das casas orientais. O átrio era uma espécie de área fechada, em torno da qual era construída a casa, não podendo ser visto do lado de fora. Toldos eram pendurados na casa, sombreando o átrio. Ver Salmo 104.2, que é uma alusão a esse costume.
  3. O quarto de hóspedes, nas casas mais afluentes (Lc 22.11,12; ISm 9.22), era um lugar reservado àqueles que estivessem de passagem, em viagem, ou para algum amigo que quisesse passar ali por alguns dias.
  4. As escadas subiam à porçào superior da casa ou ao telhado. Sempre eram feitas do lado de fora. Isso parece indicar que aqueles que levaram o paralítico foram capazes de subir ao eirado pela escada, fazendo o enfermo descer pela abertura, diante de Jesus (Mc 2.4).
  5. O teto era feito de varas e barro, ou de arbustos e pai- mas, nas casas mais pobres. Nas casas mais bem feitas, o teto era feito de pedras, de telhas feitas com barro endurecido e um tipo de cimento. O teto provia uma área aberta para recreação, reuniões, um lugar fresco à noitinha, para as reuniões em família, quando o interior da casa ainda estava quente (ISm 8.5). Alguns desses pátios, sobre os tetos, eram suficien- temente amplos e fortes para que ali houvesse cultos religiosos (At 10.9). Com frequência, as pessoas dormiam nesses terraços, para evitarem o calor que ficava retido no interior das casas (2Rs 4.10). Dali também era comum fazerem-se proclamações (2Sm 18.24,33; Mt 10.27). Pedro recebeu uma visão de grande significação estando em um terraço (At 10.9).
  6. A câmara (lRs 20.30; 22.25) era de vários tipos, sendo usada para diversos propósitos. O número e o estilo das câmaras, em cada casa, dependia dos meios financeiros de cada família. Algumas casas da Palestina contavam apenas com um aposento, onde vivia a família inteira conforme é sugerido pela história de Lucas 11.7. Ver o comentário no NT1, nesse versículo, quanto a maiores detalhes.
  7. As lareiras não apareciam em todas as casas. Na maioria delas havia apenas um fogão de carvão de pedra, para prover aquecimento (Jr 36.22). Também havia chaminés, mas eram raras (Os 13.3). Nas casas mais humildes, simples orifícios deixavam coar alguma luz para o seu interior, por onde também saía a fumaça.
  8. As cozinhas, ou aposentos construídos especialmente para cocçào de alimentos, são mencionadas pela primeira vez em Ezequiel 46.23,24. Na maioria das vezes fazia-se uma fogueira em algum pátio aberto (Lc 22.55,56,61), embora algumas casas contassem com verdadeiras cozinhas.
  9. Cisternas, onde a água era retida, eram uma necessidade imperiosa na Palestina. Ver o artigo separado sobre esse assunto. A água das chuvas era conservada em cisternas públicas ou privadas, algumas vezes com túneis por onde a água era transportada.
  10. Os alicerces eram feitos com grande cuidado. Algumas vezes, os alicerces repousavam diretamente sobre a rocha, após a remoção da camada de terra; ou então eram feitos alicerces com pedras (Lc 6.48). Em uma das parábolas de Jesus, um homem insensato não se mostrou cuidadoso quanto ao alicerce de sua casa, segundo se vê nesse texto. Cristo mencionou a principal pedra de esquina, que unia paredes, em uma esquina, e que Jesus usou metaforicamente para ressaltar um detalhe da edificação de sua igreja (Ef 2.20). Cristo é o alicerce da igreja, como também os apóstolos e profetas do Novo Testamento, embora só Jesus o seja soteriologicamente (ICo 3.11 e Ef 2.20). Pedro, em sentido especial, foi um desses alicerces da igreja (Mt 16.16-19).
  11. Janelas. Nas casas antigas não se faziam as grandes janelas que vemos nas residências modernas. Usualmente eram pequenas, protegidas por uma grade. Nas casas das pessoas pobres, as janelas eram meras perfurações em uma parede, diante das quais havia alguma pele de animal ou alguma espécie de pequena cortina.
  12. As paredes eram feitas do que no Brasil se chama pau-a- pique, ou então de ramos. As pessoas mais abastadas faziam casas com paredes de tijolos ou de pedras, que eram materiais muito mais duráveis. Devido à precariedade dos materiais de construção das casas mais pobres, não era difícil um ladrão escavar uma parede, a fim de roubar alguma coisa do interior de uma dessas casas (Jó 4.19). Isso explica as palavras de Jesus, quando disse que as coisas materiais estão sujeitas a essas dilapidações (Mt 6.19). Porém, também havia casas com paredes feitas de tijolos e argamnssi ■' então rebocadas. E também havia casas construídas com paredes de pedras, algumas delas decoradas com tapetes, pinturas e outros ornamentos.
  13. As portas. As choupanas dos pobres tinham uma abertura na parede, com algum tipo de cortina, como uma pele de animal a proteger a entrada. Todavia, havia casas com portas de madeira, algumas vezes madeiras tão caras quanto o cedro (Ct 8.9). Também havia portas feitas de simples lajes de pedras, que tinham eixos de pedra. Algumas dessas pedras eram ricamente decoradas, ao passo que outras eram sem artifícios, tudo dependendo das riquezas materiais dos proprietários. Em Israel, costumava-se pôr alguma tabuleta escrita nas portas, a fim de atrair bênçãos e afastar perigos.
  14. Colunas. Essa era uma das características comuns das casas antigas. As colunas eram usadas para fechar áreas, como pórticos, ou para sustentar tetos planos, toldos ou cortinas. Sansão derrubou um edifício inteiro derrubando as suas principais colunas (Jz 16.26).
  15. Móveis. No Oriente antigo, as casas podiam contar com móveis rústicos, feitos de pedras ou de madeira. Mas os ricos contavam com móveis luxuosos, que decoravam suas casas. Os itens comuns eram uma cama, mesa, assentos de vários tipos, a lamparina (2Rs 4.10), os vasos para cozinhar e para servir à mesa. Os mais abastados contavam com sofás, divãs, tapetes, travesseiros, mesas engastadas com marfim, vasos de metais caros (Pv 7.16; Ez 13.18,20; Am 6.4; 2Rs 4.10; Pv 9.14). Quase todos os alimentos eram cozidos sobre fornos abertos, pelo que as fagulhas e a cinza chegavam a constituir um grave problema. Porém, também havia fornos devidamen te ventilados, que minimizavam esse problema.
  16. Iluminação. Vários combustíveis eram usados para alimentar as lâmpadas; mas o melhor combustível era o azeite de oliveira. Todavia também havia outros óleos, de origem vegetal. Também eram usadas tochas para iluminar o interior das casas. Ver Mateus 25.1 e 5.15 quanto a outras indicações sobre os meios de iluminação. I. DBSENVOLVIMENTOS ARQUITETURAIS. Esse aspecto é ventilado no artigo sobre a Arquitetura (vide). II. Usos METAPÓRICOS. 1. Uma casa indica a linhagem de uma pessoa (Lc 1.27; 2.4). 2. Também aponta para a descendência de uma pessoa (2Sm 8.11; SI 113.9). 3. Pode indicar uma família ou clã (Gn 43.16). 4. O céu é a casa de Deus (Jo 14.2). 5. A sepultura é a casa dos mortos (Jó 30.23). 6. O corpo humano é a casa da alma, enquanto ela está neste mundo (2Co 5.1). Isso é comum nos sonhos e nas visões, quando as condições observáveis em uma casa são paralelas às condições do corpo físico. 7. Outros símbolos nos sonhos e nas visões. Uma casa pode indicar a pessoa, a sua personalidade, as suas qualidades etc. Algo encontrado inesperadamente em uma casa, pode apontar para uma qualidade ou um defeito in- suspeitados em uma pessoa. As aberturas existentes em uma casa podem corresponder aos orifícios do corpo. O andar de cima pode apontar para o cérebro. O andar de baixo ou o porão pode indicar os instintos mais básicos. A mudança de uma casa para outra pode significar mudança na vida, ou, então, a morte física. A construção pode apontar para a tentativa de realizar algum trabalho, de ocupar-se em algum projeto etc. A obra de construção pode representar a missão de uma pessoa. (CHE ND UN Z) CASA DAS ARMAS Originalmente, essa palavra, no hebraico, indicava uma arma, cognato da nsq. (ver Ne 3.19, quanto a esse uso). Porém, o uso comum indicava o lugar onde eram guardadas as armas, um arsenal. O desenvolvimento de carros de guerra mais sofisticados, e de armas mais letais, exigiu que fossem construídos armazéns especiais para guardá-los. (ver lRs 7.2- 12; 10.16,17; 2Rs 11.10; 20.13). Essas referências representam esses arsenais em diferentes lugares e ocasiões. (Z)