Hebraico: Terra de Mercador; Terra do Comerciante Canaã é a antiga denominação da região correspondente à área do atual Estado de Israel (inclusive as Colinas de Golã), da Faixa de Gaza, da Cisjordânia, de parte da Jordânia (uma faixa na margem oriental do Rio Jordão), do Líbano e de parte da Síria (uma faixa junto ao Mar Mediterrâneo, na parte sul do litoral da Síria) (Números 34:1-15 e Deuteronômio 3:8). Canaã é a antiga denominação da região correspondente à área do atual Estado de Israel (inclusive as Colinas de Golã), da Faixa de Gaza, da Cisjordânia, de parte da Jordânia (uma faixa na margem oriental do Rio Jordão), do Líbano e de parte da Síria (uma faixa junto ao Mar Mediterrâneo, na parte sul do litoral da Síria) (Números 34:1-15 e Deuteronômio 3:8).

====== CANAÂ, CAN AN EUS. Ver o artigo separado sobre Fenícjfi.

  1. O Nome. Canaâ refere-se ao indivíduo e seus descendentes, mencionados em Gênesis 10.15-18. Os cananeus eram os habitantes da terra de Canaâ, o nome mais antigo da Palestina. A palavra vem do hurriano, sendo uma evidente referência à cor vermelho-púrpura, que se refere a um bem conhecido item do comércio fenício. Ver abaixo. A partir do século XIV a.C., o nome Canaâ passou a ser empregado para indicar a região onde habitavam os cananeus. Eram negociantes fenícios. Um de seus principais produtos era um corante vermelho púrpura derivado do molusco Murex, que havia nas costas da Palestina. Nas cartas de Amarna, a expressão "terra de Canaâ” aplica- se às costas da Fenícia; os egípcios chamavam todos os sírios por esse nome. Pela época em que Israel deu início à sua conquista da Palestina, toda esta região era conhecida por terra de Canaã. Algumas referências bíblicas indicam o uso mais restrito da palavra, que significa “negociante". (Ver Jó 41.6; Is 17.4; Os 12.7; Sf 1.11 eZc 11.7,11).
  2. O Território. Conforme ficou claro acima, houve uma evolução no tocante àquilo que era designado pelo nome Canaã. Em Números 34.3-12, encontramos o nome em um sentido mais lato, referindo-se à Palestina inteira, a oeste do rio Jordão. Esse território ficava localizado entre os grandes impérios antigos dos rios Tigre-Eufrates e Halis, por um lado, e do rio Nilo, por outro lado. A região formava uma espécie de poyte geográfica entre os antigos centros da civilização pagã. Os descendentes de Canaã estavam divididos em seis ou sete nações distintas, quando Israel ali entrou: os heteus, os girga- seus, os amorreus, os cananeus, os perezeus, os heveus e os je- buseus. (Ver Êx 3.17 e Dt 7.1). O termo geral, “cananeus”, era usado para incluir todas essas nações. Além disso, havia diversas tribos cananeias que viviam nas fronteiras da Palestina, em seu lado norte, a saber, os arqueus, os sinitas, os arvaditas, os zemaritas e os hematitas (Gn 10.17,18). Israel não entrou em contato com essas tribos. As cartas de Amarna, do século XIV a.C., referem-se aos cananeus como um povo que ocupava todo o território sino-palestino do Egito. O papiro egípcio Anastasi HIA, linhas 5 e 6, e IV16, linha 4, pertencente ao século XIII a.C., menciona escravos cananeus de Huru, que é a mesma coisa que a Síria-Palestina.
  3. A Civilização Cananeia. As descobertas arqueológicas mostram que os cananeus eram bem desenvolvidos nas artes e nas ciências. Suas construções eram superiores às que Israel edificava na terra de Canaã, após tê-la conquistado. Eles destacavam-se na cerâmica, na música, em instrumentos musicais e na arquitetura, e seus artesãos e operários executaram grande parte do projeto e da construção do templo de Salomão, em Jerusalém (IRs 7.13-51). A arqueologia tem desenterrado as fortificações cananeias, bem como seus palácios e templos, ou seus tesouros de arte trabalhados em ouro, marfim e alabastro. As descobertas feitas em Ras Shamra-Ugarite, ilustram o ponto. Todavia, a história mostra-nos que Israel entrou em contato com os cananeus quando estes já estavam em um período de declínio. As escavações feitas na Palestina, no I.íbano e na Síria têm mostrado a extensão de suas realizações. As principais cidades cananeias eram Biblos, Ugarite. Kadatu, Hamate sobre o Orontes, certos cômoros perto de Antioquia, Mari sobre o Eufrates e Alalaque. O pano de fundo cananeu dos fenícios tem sido iluminado pelas descobertas feitas em Ugarite (Ras Shamra), onde milhares de tabletes de argila secos ao sol, escritos em caracteres acadianos regulares, ou na escrita cunei- forme alfabética, têm sido encontrados. Esses tabletes têm sido decifrados, o que nos tem outorgado considerável riqueza de informações. A começar pelo ano de 1890, uma série de escavações, envolvendo Bete-Seã, Jerico, Megido, Laquis, Tell el-’Ajjul, Tell Beit Mirsim, Bete-Semes, Betei, Ai, Bete-Yerah, Hazor e Si- quém, nos tem dado muito conhecimento sobre a civilização da antiga terra de Canaã. Outro tanto pode ser dito no que concerne às escavações efetuadas em Betei, Dotà, Gibeom, Hazor, Jerico, Qasileh, Siquém, Tirza e outros locais em Israel e ao longo do rio Jordão, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Isso tem possibilitado a reconstituição da história da área inteira da Palestina, retrocedendo por mais de mil anos antes da conquista da Terra Prometida por parte de Israel.
  4. O Idioma dos Cananeus. A língua cananeia pertencia ao grupo noroeste das línguas semitas, em distinção ao grupo nordeste, chamado acádico. Também havia o grupo sudoeste (árabe do norte) e o grupo sudeste (árabe do sul). Esse idioma, no começo, era escrito com um número indeterminado de caracteres relacionados ao sistema hieroglífico do Egito. Diversas inscrições com essa forma têm sido encontradas, gravadas sobre metal ou pedra, em Biblos. Em Ras Shamra (Ugarite), era usado o alfabeto cuneiforme. Finalmente, o típico alfabeto semítico do noroeste substituiu todos os demais, tornando-se a forma de escrita padrão. As antigas formas escritas hebraica e fenícia estão íntimamente relacionadas. O hebraico parece ser uma forma adaptada do dialeto cananeu. As origens do alfabeto proto-semítico continuam obscuras até agora. Ver sobre Alfabeto. Abraão encontrou o idioma hebraico já em uso na Palestina; ou ele o trouxe consigo para ali? Os patriarcas hebreus falavam um dialeto aramaico na Mesopotâmia, antes de entrarem na Palestina. Entretanto, quando entraram na Palestina, adotaram o dialeto cananeu local, que não era idêntico à fala padrão dos cananeus. O hebraico antigo, seja como for, é bem parecido com o fenício. Após cerca de 1000 a.C., o hebraico, o moabita, o fenício e o aramaico já aparecem em inscrições como línguas distintas.
  5. A História dos Cananeus. No terceiro milênio a.C., havia povos que falavam línguas semíticas na Síria-Palestina, conforme se vê nas evidências extraídas das inscrições encontradas pela arqueologia. Quanto a um período anterior a esse, nada se sabe. As descobertas arqueológicas têm demonstrado, com algum detalhe, a história desses povos, até cerca de mil anos antes da conquista da Palestina por Israel (cerca de 1400 a.C.). As mais antigas cidades da Palestina sobre as quais chegamos a saber algo tinham nomes cananeus, como Megido, Bete-Seã, Bete-Yerah, Jericó. Na Síria encontramos Ugarite, Gabala, Acre Çlrquatrum), Tiro (Sur), que são nomes cananeus. Os cananeus e seus parentes próximos, os amorreus, já estavam bem estabelecidos na terra por volta de 2000 a.C., e a região foi dominada por várias cidades-estado dos cananeus e amorreus. Após o fim das invasões dos amorreus, estabeleceu-se a Idade do Bronze Médio da Palestina, que sofria influências nortistas. Ver o artigo sobre a Arqueologia. As invasões dos hicsos, entretanto, perturbaram um tanto esse quadro. Após a expulsão dos hicsos, o Egito dominou a área da Síria-Palestina, em cerca de 1570-1310 a.C., e, novamente, mais tarde, em 1310-1200 a.C. Nesse período, continuaram predominando as cidades-estado. No século XIV a.C., alguns estados, como Ugarite, caíram sob o controle dos heteus, que a história secular chama de hititas. Também houve as invasões dos habiru, após o que o Egito reobteve o controle, para então perdê-lo novamente, por causa das incursões dos povos do mar, isto é, os filisteus, em cerca de 1200 a.C. A começar em cerca de 1400 a.C., Israel começou a tomar conta da regiào da Palestina. As terras altas foram conquistadas prontamente, mas o progresso foi lento, e nunca se completou em outras áreas. Mas na própria Palestina, os cananeus, que nunca foram extintos, foram sendo gradualmente absorvidos pela civilização israelita, ao passo que outros foram confinados às regiões costeiras, naquilo que veio a tornar-se conhecido como a Fenícia. Esses cananeus restritos (fenícios) foram se tornando, crescentemente, uma potência marítima. Ver o artigo sobre os Fenícios.
  6. A Religião dos Cananeus. O Antigo Testamento informa-nos muita coisa a respeito do Panteão dos cananeus. A divindade principal era El, a quem os outros deuses precisavam consultar sobre questões importantes. Porém, Baal, filho de El, tornou-se mais significativo. Ver o artigo sobre Baal. Essa palavra significa “senhor”. Havia muitas manifestações locais de Baal, como deus da fertilidade, deus da tempestade etc. Tanto Baal quanto Dagom tinham um templo em Ugarite. Atar era a divindade que substituía a Baal, quando este último supostamente excursionava pelo submundo dos espíritos. Atar era filho de Aterate, consorte de El. Havia muitas deusas, como Anate, Aserá e Astarte (ou Astarote), deusas do sexo, da fertilidade e da guerra. Anate era uma importante deusa para a agricultura. Os deuses Shahru (estrela matutina) e Yarbu (deus-lua), bem como Resebe, deus da pestilência e da morte, também eram adorados em Canaã. Não há certeáa se o deus Yahweh era conhecido ou não pelos cananeus. Milhares de tabletes de argila, guardados em uma biblioteca existente entre dois templos, datados de cerca dos séculos XV e XIV a.C., descobertos em Ras Shamra, nos fornecem abundantes informações sobre a religiào dos cananeus. Havia grosseira imoralidade de mistura com a adoração prestada a várias divindades da fertilidade, e os cananeus estavam maduros para o julgamento divino. É significativo que alguns dos nomes de Deus, no hebraico, têm paralelo nos nomes dos deuses cananeus, o que mostra que havia certo contato e troca de idéias ali, embora a religião cananeia e a religião hebreia tanto diferissem, mormente no tocante ao monoteísmo. Os deuses cananeus não se destacavam quanto à santidade. Templos cananeus têm sido escavados na Síria e na Palestina, e significativos modelos têm sido encontrados em Laquis (vide), Megido, Jerico, Bete-Seãe e Hazor, pertencentes a um tempo tão remoto quanto 3000 a.C., e daí até 1900 a.C. Muitos objetos relacionados à adoração pagã têm sido desenterrados, como objetos de culto, facas, tenazes, vasos de libação e ossos de animais, o que mostra que ali se praticava o sacrifício de animais. Em Ugarite, havia um sistema complexo de religiào, talvez típico também de outras localidades. Havia um sumo sacerdote e nada menos de doze famílias de sacerdotes. O rei exercia funções sacerdotais. Havia cantores, costureiros de vestimentas, escultores e outros especialistas. Novamente, vemos considerável correspondência entre isso e a religião de Israel. Pelo menos é verdade que, quanto às questões culturais, os cananeus eram superiores aos israelitas, que muito se aproveitaram da cultura cananeia. Já vimos como Salomão dependeu desse povo quanto aos planos e à construção do templo de Jerusalém. Era tarefa dos profetas impedir pesados empréstimos e corrupções provenientes dos pagãos, mas os profetas nem sempre mostraram-se bem sucedidos em seus esforços. A confusão entre Baal e Yahweh destruiu a distintiva fé dos hebreus. Lembremo-nos do desafio lançado por Elias: Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal segui-o (IRs 18.21). (ALB ALBR AM LAM).

CANAÃ, A PESSOA O termo hebraico parece significar “pertencente à terra da púrpura-vermelha” Canaã era filho de Cão e neto de Noé. A transgressão de seu pai, Cão, relatada cm Gênesis 9.22-27, na qual, segundo alguns pensam, Canaã esteve envolvido de alguma maneira, deu a Noé ocasião para proferir a condenação que sobreviria aos descendentes de Canaã. Porém, não há base nenhuma para a suposição de que os descendentes de Canaã foram amaldiçoados como uma conseqüência imediata da transgressão de Cão. De qualquer modo, ele foi o progenitor dos fenícios e do povo que vivia a oeste do rio Jordão, antes da conquista da região pelo povo de Israel (Gn 10.15; lCr 1.13).